20 de janeiro de 2011

Oclocracia


A Oclocracia

Este é um pais curioso, a nossa é uma sociedade interessante, sempre em constante mudança, não necessariamente para frente, mas sempre mudando.

A monarquia cedeu o passo à República. O modelo republicano original foi substituído por uma democracia, que deu lugar recentemente a uma cleptocracia conjugada com uma democracia popular, avançamos perigosamente para uma democracia populista e, se continuarmos no mesmo ritmo, poderemos vir a ser uma das maiores oclocracias do mundo.

A oclocracia é o governo em que prepondera a plebe, a multidão, ou em que o poder é por ela exercido. O resultado deste sistema de governo é a ingovernabilidade como resultado da implementação de políticas demagógicas.

A implantação desta forma de governo nos três níveis, federal, estadual e municipal, pode ser facilmente identificada pela forma como os políticos defendem, em discursos e na prática das suas ações, princípios sabidamente imorais ou aéticos. Os bens públicos são usados como se fossem bens particulares. O gozo de vantagens ilegais passa a ser aceito pela sociedade que perdeu o discernimento do que está certo e do que está errado.

Apesar do elevado grau de desenvolvimento que a oclocracia alcançou em países vizinhos, este não é um invento local. Polibio, historiador grego, na sua obra “Historiae”, escrita dois séculos antes de Cristo, considerou a oclocracia o fruto da ação demagógica e a definiu como sendo “... a tirania das maiorias incultas e o uso indevido da força para obrigar os governantes a adotar políticas, decisões ou leis desafortunadas...” e concluiu “... quando a democracia se macula pela ilegalidade e a violência, com o passar do tempo, se converte em oclocracia...”.

O risco que a democracia corre é que os oclocratas que exercem o poder o levem a degenerar numa oclocracia com o objetivo de manter o poder de forma corrupta, buscando uma falsa legitimidade, amparada no apoio e nos votos dos setores mais ignorantes da sociedade, em direção aos quais se dirige a publicidade governamental e todas as ações propagandísticas e manipuladoras.

A linha que separa uma democracia popular de uma populista é tênue e o passo de um populismo a uma oclocracia é tão pequeno que as vezes é imperceptível.

Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC

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