Recentemente tive oportunidade de assistir a uma apresentação da Orquestra Filarmônica de Nova Iorque. O programa incluía Mozart e Bruckner, mas principalmente serviu como uma aula de musica e cultura.
A Filarmônica de Nova Iorque realizou em 2012 um total de 150 apresentações, quase uma a cada dois dias e tem sua sede no Lincoln Center, o conjunto formado por mais de 29 salas e espaços é também sede permanente do New York City Ballet, da Metropolitan Opera, da Juilliard School, entre uma dezena de outras não menos importantes.O mais interessante é que desde a sua fundação na década de 50 é uma instituição privada, mantida por doadores, pela venda de ingressos, pelo aluguel de espaços e por aportes públicos, exatamente nessa ordem de importância.
O Lincoln Center e cada um dos seus espaços foram construídos e são mantidos com recursos privados. Sua construção foi liderada pelo próprio J.D. Rockfeller que conseguiu arrecadar pessoalmente mais da metade dos 185 milhões de dólares necessários para a obra, inclusive recursos significativos da sua família.
Aqui quando se fala em cultura ficamos todos a esperar que o estado, o mesmo estado que não consegue garantir um mínimo para a saúde ou a educação, faça os investimentos necessários. Seria bom deixar de esperar que o faça. Eu até diria, melhor que não o faça. Vai custar mais, não terá a mesma qualidade e dificilmente terá o nível e a intensidade desejável para esse tipo de atividade.
Desnecessário constatar que o espirito que permitiu no passado a construção da Harmonia Lyra ou que levou a sonhar com um teatro municipal digno desse nome deixou de existir. A falta de lideres que assumam este tipo de desafios e viabilizem estes projetos é a maior evidencia que não é esta a mesma Joinville do nosso passado recente. Tampouco são os lideres atuais feitos da mesma estirpe que os que os antecederam e por isso a cultura deixou de ser uma prioridade nesta cidade.
Acompanho de longe, o trabalho da maestrina Fabricia Piva e sou testemunho do seu entusiasmo pela musica. Sou dos que não acredito que uma orquestra municipal composta por músicos concursados o comissionados seja o melhor Modelo. Sem uma participação ativa e a liderança forte da sociedade o projeto tem poucas chances de êxito. Se nem conseguimos manter funcionando a Casa da Cultura e as diversas escolas que nela funcionam, imaginemos o futuro que espera a uma iniciativa que não tenha o suporte forte dos joinvilenses.
Em tempo, o projeto do Lincoln Center foi objeto de um concurso internacional e dos projetos de ampliação tem participado arquitetos do nível de Norman Foster, Frank Gehry, Skidmore, Owens & Merril , entre outros.
Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC