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29 de janeiro de 2009

Novo texto de Polan Lacki

A educação e o subdesenvolvimento rural:

Jardins Suspensos da Babilônia ou hortas caseiras?

Ensinar o exótico ou o ÚTIL e APLICÁVEL?

Nos países da América Latina, as escolas fundamentais rurais (do primeiro ao oitavo ou nono ano) continuam ensinando aos seus alunos a história dos faraós e das pirâmides do Egito, a altura do Everest, os impérios Romano e Bizantino, o Renascimento, a história de Luis XIV, XV e XVI e de Napoleão Bonaparte, o sistema nervoso dos anfíbios, a reprodução das briófitas e pteridófitas e, algumas delas, até o "esquema de funcionamento dos pés ambulacrários dos equinodermos".

Enquanto entediam as crianças rurais com esses conhecimentos, absolutamente irrelevantes para as suas necessidades de vida e de trabalho no campo, perdem uma extraordinária e irrecuperável oportunidade: a oportunidade de ampliar e aprofundar o ensino de con-teúdos muito mais úteis e de aplicação mais imediata na correção das ineficiências causadoras do subdesenvolvimento rural, como por exemplo: o que as famílias rurais poderiam fazer para obter uma produção agropecuária mais abundante, mais diversificada, mais eficiente e mais rentável; quais medidas de higiene, profilaxia e alimentação elas deveriam adotar para evitar as enfermidades que ocorrem com maior freqüência no meio rural; o que deveriam fazer para prevenir as intoxicações com pesticidas e os acidentes rurais e como aplicar os primeiros socorros, quando eles não puderem ser evitados; como produzir e utilizar hortaliças, frutas e plantas medicinais; como organizar a comunidade para solucionar, em conjunto, aqueles problemas que não podem ou não devem ser resolvidos individualmente, como, por exemplo, a comercialização e os investimentos de alto custo e baixa freqüência de uso, etc.

Educar para o acúmulo de conhecimentos ou para a auto-realização?

Também perdem a oportunidade de outorgar-lhes uma melhor formação "valórica", pois deveriam ensinar-lhes os princípios, as atitudes e os comportamentos necessários para melhorar o seu desempenho na vida familiar e comunitária, como, por exemplo: formá-los para que tenham mais iniciativa e espírito empreendedor a fim de tornarem-se menos dependentes de ajudas paternalistas; educá-los para que pratiquem a honestidade, a solidariedade, a responsabilidade e a disciplina; para que tenham consciência dos seus direitos, mas especialmente dos seus deveres; para que possuam uma ambição sadia e um forte desejo de superação, porém conscientes de que deverão concretizar estas aspirações através da perseverança e da eficiência na execução do trabalho. Essas escolas não estão cumprindo a sua função de desenvolver as potencialidades latentes das crianças rurais, de abrir-lhes novas oportunidades de auto-realização nem de formar cidadãos que, graças à sua própria vontade e competência, sejam capazes de protagonizar o autodesenvolvimento pessoal, familiar e comunitário.

Rio Nilo ou o rio da comunidade rural?

As escolas fundamentais rurais seriam muito mais úteis se, antes de ensinarem a história da Europa ou a geografia da Ásia, ensinassem aos seus alunos a história e a geografia das suas comunidades. Se, em vez de distrair as atenções dos educandos com as girafas e elefantes da África, lhes ensinassem como criar, com maior eficiência, os animais existentes nas suas propriedades, com a finalidade de melhorar o auto-abastecimento e a renda familiar; tais escolas seriam mais úteis se lhes ensinassem como evitar as pragas da agricultura e da pecuária, como identificar e eliminar as plantas que intoxicam os seus animais e os insetos que transmitem as enfermidades. Ao invés de fazê-las memorizar a extensão do Rio Nilo, seria mais útil ensinar-lhes como e por que deveriam evitar a poluição de um outro rio: o rio da sua comunidade.

Jardins Suspensos da Babilônia ou hortas caseiras?

Antes de abordar os Jardins Suspensos da Babilônia, seria conveniente ensinar-lhes como e por que deveriam implantar hortas e pomares diversificados nas suas propriedades e como adotar medidas de conservação do solo para que continue produzindo com altos rendimentos. Em vez de ensinar sobre os heróis das guerras dos outros continentes, deveriam ensinar-lhes sobre os "heróis" das suas próprias comunidades; sobre aqueles "heróis" que outorgaram uma educação exemplar aos seus filhos, que tiveram uma destacada participação na solução dos problemas da comunidade e que progrediram graças à sua dedicação ao trabalho bem executado e à eficiência no uso adequado dos escassos recursos disponí veis. Essas escolas deveriam mostrar aos seus alunos os bons exemplos daqueles "heróis" da comunidade ou do município que não roubaram, que não enganaram os seus vizinhos, que não possuem vícios, que não praticam violências, que não são egoístas, etc.

Se a escola é rural deverá "agriculturalizar-se" e "ruralizar-se"

Em outras palavras, é necessário "agriculturalizar", "ruralizar" e tornar mais realistas, mais instrumentais e mais pragmáticos os conteúdos educativos dessas escolas; também é necessário eliminar dos seus sobrecarregados currículos os conteúdos excessivamente teóricos, abstratos e com baixa probabilidade de serem utilizados na vida e no trabalho rural. Em seu lugar, deveriam ser incluídos ou ampliados conteúdos mais práticos, utilitários e aplicáveis pelos educandos na solução dos problemas mais freqüentes que eles enfrentam e continuarão enfrentando na vida cotidiana das suas propriedades,&nbs p;e também dos seus lares, das suas comunidades e dos mercados rurais.

Na Página Web http://www.polanlacki.com.br está demonstrada a viabilidade e facilidade de promover esta adequação curricular, através das secretarias municipais de Educação, sem necessidade de submetê-la previamente às antigas e complexas burocracias do ministério nacional ou das secretarias estaduais de Educação. Nesta página web os interessados encontrarão, entre outros, os seguintes textos que abordam esse tema:

i) A escola rural deve formar solucionadores de problemas;

ii) Os agricultores necessitam de um sistema educacional que ajude a solucionar os seus problemas;

iii) Buscando soluções para a crise da agricultura: no guichê do banco ou no banco da escola? Estes documentos também poderão ser obtidos gratuitamente solicitando-os através do e-mail:

Polan.Lacki@uol.com.br

28 de novembro de 2008

Educação, o unico caminho


O fracasso de uma educação, rural e urbana, que oferece "o circo antes do pão"

Polan Lacki



Nos países latino-americanos, uma crescente porcentagem de jovens, rurais e urbanos, já está conseguindo concluir a escola fundamental e até a média ou secundária. Lamentavelmente, este êxito é mais aparente que real, pois em termos práticos está produzindo resultados decepcionantes. Os jovens, agora mais escolarizados e com um horizonte de aspirações e ambições ampliado, sentem-se frustrados, para não dizer enganados.

Depois de estudar longos 11 anos, durante os quais alimentaram a ilusão de que este esforço lhes ofereceria um futuro de oportunidades e de prosperidade, eles descobrem que não estão aptos sequer a obter um modestíssimo emprego; pois egressam do sistema escolar sem possuir as "qualidades" que os empregadores esperam e necessitam encontrar em um bom funcionário. Isto acontece porque o sistema de educação, rural e urbano, não lhes proporciona os conhecimentos úteis, as aptidões necessárias e nem sequer as atitudes e os valores que necessitam para ser bons empregados; tampouco os prepara para que sejam bons cidadãos e pais de família que saibam educar, orientar, alimentar e c uidar da saúde dos seus filhos, etc.

Falemos sem eufemismos, com exceção do que lhes foi ensinado nos três primeiros anos (ler, escrever, efetuar as 4 operações aritméticas, aplicar a regra de três e conhecer o sistema métrico), praticamente todos os demais conhecimentos são irrelevantes para que eles possam ter um melhor desempenho no trabalho e na vida pessoal, familiar e comunitária. Nesses oito anos subseqüentes, os poucos conteúdos que poderiam ser úteis geralmente são ensinados de maneira excessivamente teórica, abstrata, fragmentada e desvinculada da vida e do trabalho, com o que se transformam em virtualmente inúteis. Então, se impõe a seguinte pergunta: para que estudaram esses oito anos adicionais?



Sejamos objetivos e realistas: qual é a utilidade ou aplicabilidade na vida cotidiana que tem o ensino teórico sobre os logaritmos, os determinantes, a geometria analítica, a raiz quadrada e cúbica? Ou o ensino "memorístico" sobre a história da Cleópatra ou da Imperatriz de Bizâncio, os faraós e as pirâmides do Egito, a história da Mesopotâmia e as altitudes das Montanhas Rochosas?

Alguns defensores deste conservadorismo educativo afirmam que tais conteúdos são necessários para desenvolver a criatividade, a engenhosidade, o senso crítico e problematizador, o espírito de iniciativa dos educandos e para oferecer-lhes uma suposta "formação integral". Pessoalmente, opino que existem formas mais inteligentes e produtivas para atingir tais objetivos. Conteúdos mais próximos - no tempo e no espaço - às realidades cotidianas dos educandos seriam muito mais eficazes para desenvolver as suas potencialidades latentes, para estabelecer relações entre causas e efeitos, para evitar que repitam os erros que foram cometidos no passado, etc.

Outros teóricos afirmam que é necessário manter esses conteúdos para "democratizar" as oportunidades de acesso à universidade, ignorando que, na maioria dos países da América Latina, apenas 5 ou 10% dos jovens têm esse privilégio. Em tais condições, não é lógico nem justo castigar e entediar os outros 95 ou 90% que não chegarão à universidade, fazendo-os estudar durante oito anos temas excessivamente teóricos, abstratos, longinquos, não utilizáveis e prescindíveis, para não dizer inúteis.



Na dinâmica do mundo contemporâneo, os educandos têm motivações e interesses muito mais imediatos e concretos. A sua principal aspiração é conseguir um trabalho bem remunerado para adquirir os bens e serviços da vida moderna e para poder constituir uma família próspera e feliz. Portanto, uma educação realista deverá ser orientada ao atingimento desses anseios e necessidades concretas e prioritárias da maioria da população; e não a proporcionar-lhe uma crescente quantidade de informações descontextualizadas e desconexas, que são irrelevantes e não utilizáveis na solução dos seus problema s cotidianos.

A realidade concreta nos indica que, depois de concluir ou abandonar a escola fundamental e média, a grande maioria dos educandos rurais:



A - em uma primeira etapa, vão dedicar-se a atividades agropecuárias, como produtores ou como empregados rurais, nas quais fracassam, principalmente, porque a escola rural preferiu ensinar-lhes a história do Império Romano ou o Renascimento Francês, em vez de ensinar-lhes a produzir, administrar as propriedades rurais e comercializar as suas colheitas com maior eficiência; ignorando que este é o primeiro requisito para que possam incrementar a sua renda e, graças a ela, sobreviver com dignidade no meio rural.



B - em uma segunda etapa, depois de fracassar nas atividades rurais, esses ex-agricultores e os seus filhos migram para as cidades onde serão serventes da construção civil, pedreiros, pintores ou marceneiros, motoristas, manobristas e guardadores de automóveis, policiais e vigilantes, cozinheiros e garçons, balconistas e vendedores ambulantes, empregadas domésticas ou faxineiras de escritórios e de edifícios residenciais, garis, burocratas e operários das empresas públicas e privadas, etc, pois, no mundo moderno, são essas atividades urbanas, as grandes ocupadoras de mão-de-obra.



Isto significa que os conteúdos curriculares das escolas rurais não responderam às necessidades dos pais e agora os conteúdos das escolas urbanas não respondem às necessidades concretas dos seus filhos. Para que essas maiorias possam realizar-se como pessoas e sejam mais eficientes e produtivas, necessitam de conhecimentos que sejam úteis e aplicáveis para melhorar o desempenho nas ocupações majoritárias recém-mencionadas e, especialmente para que possam desempenhar, com eficiência, outras atividades que são mais valorizadas pela sociedade e pelo mercado de trabalho.

O verniz pseudo-cultural e intelectual, tão freqüente nos nossos obsoletos currículos, não contribui ao atingimento de nenhum desses dois objetivos; pois os potenciais empregadores não estão muito interessados em saber se os jovens candidatos a um emprego conhecem a biografia de Montesquieu, Robespierre ou Richelieu.



O abismo existente entre aquilo que o sistema de educação ensina e o que os educandos realmente necessitam aprender é simplesmente inaceitável. Ele é tão prejudicial à nossa juventude, ao setor produtivo e ao futuro das nossas nações, que não podemos continuar aceitando inconsistentes teorizações, justificativas e elucubrações dos "especialistas" que insistem em manter nos currículos o supérfluo, em vez de substituí-lo pelo essencial. A sociedade como um todo, deverá exigir que o sistema de educação adote transformações radicais, corajosas e imediatas; porque as medidas cosméticas adotadas pelo refe rido sistema nas últimas décadas demonstraram ser mal priorizadas/direcionadas, insuficientes e ineficazes.

Os cidadãos, que através dos seus impostos estão financiando esse anacrônico sistema de educação e pagando as conseqüências dessa má qualidade educativa, têm todo o direito de exigi-lo; e o sistema de educação tem o dever de acatar essa justíssima reivindicação. Os conteúdos que a maioria dos educandos, provavelmente, nunca utilizará deverão ser sumariamente extirpados dos currículos e substituídos por outros que tenham uma maior probabilidade de ser utilizados pela maioria dos educandos, durante o resto das suas vidas.

É necessário oferecer-lhes uma educação que os ajude a que, eles mesmos, possam transformar as suas realidades adversas, corrigir as suas ineficiências e solucionar os seus problemas cotidianos.



As crescentes multidões de desempregados/subempregados, pobres e miseráveis que não têm dinheiro para pagar um teto digno, comprar os alimentos e os remédios ou mandar os seus filhos para a escola, para o médico e para o dentista, necessitam, em primeiríssimo lugar, de uma educação útil, no sentido de que as habilite a conseguir um trabalho/emprego gerador de um salário razoável, com o qual possam satisfazer as necessidades primárias de sobrevivência das suas famílias. Estas multidões de "mal-educados" pelas nossas escolas não estão muito interessadas em saber qual é a altitude do Everest ou a extensão do Rio Nilo; tampouco em conhecer a história das competições e batalhas que ocorreram no Circo Máximo ou no Coliseu de Roma.

Depois que adquiram os conhecimentos necessários para serem empregados mais produtivos, melhores cidadãos e bons pais de famílias eles poderão buscar as oportunidades e as fontes para adquirir os outros conhecimentos que satisfaçam as suas curiosidades e os seus interesses intelectuais e culturais. Estas oportunidades e fontes não necessariamente deverão ser proporcionadas através do sistema de educação formal (escolarizado).

É compreensível que os privilegiados da sociedade que já têm acesso ao pão desejem ir ao circo. Entretanto, a prioridade da grande maioria constituída pelos não privilegiados, pelos pobres, pelos sofridos e pelos abandonados é diferente, eles querem primeiro o pão, depois o circo.



Documentos que ampliam e fundamentam as propostas deste artigo poderão ser solicitados através dos e-mails:

Polan.Lacki@uol.com.br e Polan.Lacki@onda.com.br ou encontrados na seção "Artigos" da Página web:

http://www.polanlacki.com.br e no novo site http://www.polanlacki.com.br/agrobr
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