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9 de dezembro de 2008

E a calçada que estava aqui?

Numa sociedade que cada vez mais confunde o colectivo com o privado, governada por indivíduos, que faz tempo que tem dificuldade em discernir a diferença entre o publico e o privado, nos encontramos cada dia com novas situações de conflito na gestão e no uso dos espaços públicos.

Se a rua é de todos, e por tanto deve ser preservada e privilegiada como espaço publico, algo curioso esta acontecendo com as nossas calçadas e especialmente como resultado do rebaixamento ilegal dos meio fios. Recentemente o jornal A Noticia divulgou a situação que os comerciantes da rua Santos Dumont viviam, por conta do meio fio que a prefeitura tinha construído na frente do seu comercio, que chegava a impedir o acesso dos clientes.


O mais curioso é que a mesma prefeitura que usa de um expediente tão drástico, e que neste caso até tem razão para fazê-lo porque a lei estabelece as diretrizes que os imóveis devem seguir nos seus acessos a rua, para privilegiar os pedestres e melhorar a segurança. A mesma prefeitura que ruge como um tigre de papel, com os comerciantes da rua Santos Dumont é totalmente omissa com a maioria dos imóveis das principais ruas da cidade, faz de conta que não vê. Ou será mesmo que não vê?


O meio fio rebaixado ilegalmente, é hoje uma constante nas ruas mais importantes da cidade, nos grandes eixos, as calçadas faz tempo que tem desaparecido, para ser convertidas num pátio de manobras de veículos. Uma flagrante ilegalidade que não tem sido combatida pela prefeitura.


A ideia de privilegiar os pedestres deve ser aplaudida, porem as ações que punem uns e privilegiam outros devem ser denunciadas, porque é por esta causa que a prefeitura perde a credibilidade, ao utilizar dois pesos e duas medidas, para tratar os contribuintes. Se todos são iguais perante a lei, o poder publico tem a obrigação de tratar a todos por igual os princípios da impersonalidade, da imparcialidade e da igualdade, devem nortear as ações dos órgãos públicos.


As ações e a forma como o poder publico trata o tema do meio fio e dos acessos dos veículos aos imóveis, induz a presunção que não todos são iguais perante a lei, e inclusive deixa transparecer que quanto maior a largura da fachada ou o tamanho da vitrine, maior a possibilidade de a fiscalização ser omissa ou relapsa. E são estas atitudes as que despertam a ira dos cidadãos que se sentem injustamente tratados e penalizados.


A prefeitura só tem a ganhar se aplica a lei a todos por igual, não só na periferia que a fiscalização deve mostrar a sua presença e fazer sentir a sua voz, também no centro e nas áreas comerciais recem inauguradas que a lei precisa ser cumprida, para servir de exemplo e despejar de vez as duvidas que possam existir, sobre a isenção necessária.

5 de agosto de 2008

Viva o verde


A importante reforma que esta sendo feita nas praças da área central, merece ser comentada, a importância das reformas pode ser medida pelo orçamento divulgado pela própria prefeitura, que o coloca num valor superior ao milhào de reais. Um valor considerável, para uma intervenção que é muito mais resultado do abandono a que a prefeitura tem submetido estes espaços que por uma real necessidade. Olhando com atenção a unica obra que esta sendo feita é a troca do piso e a reduçào da area das praças, para aumentar o espaço para os veiculos. Parece muito custo, para pouco resultado.
Também pode ser avaliada pela sua inutilidade e pelo pouco que agrega de verde e de qualidade de vida aos espaços verdes existentes no centro da cidade.
A construção de praças secas, com o uso de paver, tem se convertido na imagem desta administração, os espaços públicos ficam com esta solução mais duros, menos permeáveis e menos verdes. O que esta bem alinhado com a concepção de espaço publico deste governo.
A troca do petit pave pelo paver era desnecessária, para bons exemplos de uso de petit pave, vale a pena dar uma passada por Copacabana ou Ipanema, para citar dois cartões postais que dispensam apresentação, que a pesar de um uso muito mais intenso que o das nossas praças mantém uma surpreendente saúde e manutenção. fatos inexistentes por aqui.
A redução das áreas destinadas a pedestres e também uma constante desta gestão, priorizando o veiculo e transito, frente ao cidadão de a pé.
Alias que destino levou o petit pave existente? É um material que pode ser reaproveitado e reutilizado em outros espaços públicos. Ou será que virou aterro?
Ninguém pode recriminar que o prefeito Marco Tebaldi, não seja coerente, depois da atrapalhada e cara intervenção no Boulevard Cachoeira, o sua visão dos espaços verdes continua a mesma, mais voltada para o cinza que para o verde.
Não deixa de ser sintomático, o aumento desproporcional de obras publicas de orçamento elevado e necessidade questionável nas datas previas as eleições municipais.

7 de julho de 2008

A rua de todos

Ficou atrás na historia, o tempo em que a rua era espaço de ninguém, quando com um grito, se avisava que o conteúdo noturno do urinol, seria despejado. A rua era um espaço sem dono, que servia para depositar o lixo que não queríamos em casa.

Aos poucos este espaço não urbanizado, deixou de ser um buraco delimitado pelas edificações privadas, e foi ganhando importância e sendo valorizado. Hoje é o espaço de acesso as residências, o caminho de chegada e saída de mercadorias. É a partir das ruas que a cidade cresce e se estrutura. Recebe no seu subsolo as redes de água, gás e esgoto.

O espaço que não era de ninguém passou a ser um espaço de todos. Deixou de ser o espaço vazio entre os lotes, para ser a artéria através da qual a cidade pulsa e ganha vida.

A cidade precisa cuidar deste espaço, com uma atenção especial, porque do seu uso e desenvolvimento dependera a própria vida, a força da cidade que se estrutura a partir dela e delineara o seu futuro.

A rua é o espaço de transito, de passagem, de conflito, de alegria. É um espaço complexo que precisa ser compartilhado por todos. Ambiente de convívio obrigatório, que precisa de regras claras e bem definidas, que preservem os direitos e estabeleçam os deveres de cada um para a utilização deste espaço urbano.

A rua não acaba no espaço delimitado pelas fachadas dos comércios e residências, a rua esta formada pelas calçadas, pelas arvores que nos dão sombra, pelos sinaleiros que estabelecem o ritmo do nosso caminhar e que garantem a segurança do nosso passo e por todo o conjunto do mobiliário urbano.

A cidade esta composta pelas historias que transitam nas suas ruas, pelas vidas que ocupam as suas praças e parques, num tecido em que convergem as pessoas e os espaços. O passado e o futuro.

As ruas devem ser vistas por cada um de nós como o mais sagrado dos espaços, porque é o lugar de todos, e ninguém pode usurpar o espaço e o direito dos demais.

A forma como tratamos as nossas ruas, o respeito, ou a falta dele, com que são geridos os espaços públicos, são o melhor reflexo de como os nossos governos vem e tratam o cidadão. As pessoas não são tratadas de uma forma diferente, as ruas somos nos, as nossas ruas são e representam o espelho das nossas vidas.

Da mesma forma que não podemos conviver com aquela vizinha que mantem limpa a sua casa empurrando com a força da sua vassoura a sujeira para fora. Devemos nos preocupar com os buracos, devemos exigir que cada rua ostente em local de destaque e visível para todos a placa indicativa da sua denominação, porque é através das ruas que se escreve a historia da nossa cidade. Não podemos conviver com o abandono, com o descaso, com as valas a céu aberto, com o estado das nossas ruas, porque nós não somos assim, ou será que somos?

12 de junho de 2008

Espaços para o lazer

É normal encontrar nos nossos centros comerciais, famílias completas, que a falta de espaços públicos adequados, tem feito destes templos do consumo o seu espaço de lazer.

Se por um lado é elogiável o empenho em oferecer espaços que possam suprir a carência de espaços públicos adequados e com qualidade, devemos lembrar, que não é possível imaginar que estes espaços destinados ao comercio, possam suprir as necessidades de uma população que cresce órfã de lazer.

Ao ver estas famílias, que transitam pelos corredores dos Shoppings, olhando as vitrines e os produtos em exposição, com valores, muitas vezes acima da sua capacidade consumo. Não posso deixar de fazer algumas reflexões. Sobre como as nossas cidades e Joinville, em especial, tem sido abandonadas pelas suas administrações municipais.

A discussão não é mas a falta de espaços públicos para o lazer e o descanso, na forma de praças e parques. A verdadeira discussão deve ser a falta de espaços públicos dignos e de qualidade, as nossas calçadas esburacadas oferecem mais perigo que segurança para os pedestres que nelas se aventuram. A arborização urbana, quando existente, esta em mau estado, sem manutenção e ainda ameaçada pelo próprio poder publico que dela é responsável e por ela deveria zelar. As poucas praças que existem, estão abandonadas, sucatadas a espera de faustuosas reformas.

Esta situação, me lembra uma historia que escute recentemente numa viagem. Quando abriram os primeiros grandes supermercados na Tunísia, no norte da África, as famílias se voltaram a freqüentá-las, famílias completas, pais, avós, filhos e netos, entravam em turbilhão nos novos templos do consumo, cada um da família escolhia um carrinho e se dedicava a percorrer com paciência de beduíno, cada um dos corredores, selecionando e escolhendo os melhores produtos, comparando preços, avaliando qualidade. Depois de horas de conscienciosa labor, a família em bloco se dirigia aos caixas, para um vez na frente deles, abandonar, tranquilamente os seus carrinhos abarrotados de produtos. Para desespero de gerentes. Sem comprar nada. Satisfeita a sua vontade, preenchido o seu tempo de lazer, numa deliciosa brincadeira, num ambiente seguro, climatizado e sofisticado, num agradável programa familiar.

Aos supermercados resta a tarefa de recolocar cada produto no seu correspondente lugar. As famílias resta a volta pra casa, cansados depois de uma longa caminhada, comentando com barulhenta algazarra a variedade dos produtos e a riqueza da oferta.

Fiquei com a impressão que as famílias tunisinas tinham encontrado o espaço de lazer que lês era negado.

7 de abril de 2008

E o pedestre como fica?












Agencia do BESC na rua João Colin

O Espaço Publico

Este blog esta sempre aberto a aceitar colaborações e as publica na integra ou editadas desde que alinhadas com a linha editorial deste espaço.
O texto de hoje é do arquiteto Sérgio Gollnick, habitual colaborador deste blog.

ESPAÇO PÚBLICO

São poucas cidades com as características semelhantes à Joinville onde imperam praticas e demandas particulares sobre as da coletividade. Aqui exercitamos, com muita capacidade, a cultura do legislar em benefício de poucos resultando em desqualificação das regras nas relações sociais.

De tantas deficiências que a cidade apresenta, a falta de espaços públicos destinados à população é uma das mais críticas, praticamente inexiste ou pior, paulatinamente os espaço públicos deixam de existir quando se avalia a relação da taxa de urbanização com a disponibilidade destes espaços. Isto é o resultado da inexistência de boas políticas urbanas e de práticas democráticas.

Não somos modernos e atuais, por isto propiciamos uma construção social individualista. Isto não se revela nem se configura a partir do nada, é sim uma construção histórica, que vem sido alinhavada ao longo do tempo pela configuração de uma estrutura econômica e social de exploração do outro. Como agravante, vivemos um período de invenções intelectuais e técnicas, desenvolvidas, principalmente, para se tirar proveitos, criando um domínio muito perigoso focado unicamente no poder político.

O aliciamento oficial da consciência coletiva tem gerado grande apatia e falta de criatividade fazendo crer num falso bem estar, resumido na concentração do poder político em poucas mãos. Expomos diariamente conflitos e aumento de demandas sociais refletidas em diferentes âmbitos da sociedade, principalmente no que diz respeito ao contexto da cidade legal. As formas de domínio de uma cidade são muito abrangente, que se iniciam nas práticas políticas, passando pelas econômicas, sociais e que terminam, em Joinville, com a violação contínua do espaço público da cidade.

Este espaço público é o espaço pertencente à coletividade onde se deveria praticar o encontro, o livre acesso, as trocas sociais, a construção da memória coletiva expressas, de forma bem simplista, pelos parques, pelas praças, pelos passeios, por calçadões, pelas ruas, por lugares de convívio onde se permitam o lazer o ócio, onde se postam os conflitos geradores de expressão e que proporcionam a troca cultural e comercial. Estamos cada dia mais distantes desta oportunidade e acabamos nos conformando com lugares “produzidos”, com nomes pomposos como “vias temáticas” que tem como único propósito garantir o retorno econômico à iniciativa privada, focados num entretenimento de duvidosa qualidade e padrão.

Precisamos entender que o lugar público no espaço da cidade é aquele a que todos têm acesso sem custo financeiro direto. Utilizar o dinheiro público e o planejamento oficial para transformar áreas da cidade apenas como espaços e meio de trocas econômicas é um dos equívocos “estratégicos” em Joinville. Fomentar a construção de “barzinhos bombados” não proporciona espaços públicos nem qualidade de vida. A resultante econômica privada é ótima, já o ganho coletivo é muito baixo. Isso, altera o sentido de espaço público que se conceitua conforme a funcionalidade que apresenta, perdendo assim a sua referência simbólica.

Nossos espaços públicos, que deveriam ser planejados e administrados pelo poder municipal, têm sido alvos de intervenções por agentes externos, como por exemplo, especuladores imobiliários ou grupos ligados à especulação comercial, que se locupletam com o poder estabelecido passando por cima de leis, códigos de ética, do espírito de coletividade, impondo seus interesses sobre alterações ou usos dos espaços públicos visando somente o maior crescimento econômico individual. Isto é, para mim, uma forma de corrupção do espaço urbano público que é incabível e inaceitável.

O mundo moderno de acesso a tudo e de tantas facilidades deve nos permitir um novo olhar, fazendo voltar a pensar e a querer novos conceitos de espaço, espaços ambientalmente saudáveis e seguros, com explícito privilégio ao pedestre e ao deslocamento coletivo, cada qual com seu lugar especifico sem uma concorrência espacial e desleal.

Precisamos urgentemente de uma qualidade ambiental da vida urbana e de uma lógica mais humanista e ambientalmente saudável criando, conquistando e qualificando os espaços destinados à circulação de pedestres como as nossas calçadas, parques, praças, calçadões e todo tipo de ambiente que proporcione a interação social. Este será um dos desafios para que em nossa cidade se possa exercer a cidadania plenamente e que ela seja realmente boa para se viver.

Sérgio Gollnick
Arquiteto e urbanista

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