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19 de janeiro de 2014

Ipreville e as aplicações nos fundos do BVA

IPREVILLE pode ter perdido R$ 25 milhões em aplicação em fundos do BVA

Folha de São Paulo

Operação de BVA afeta mais de 70 fundos

Entidades investiram R$ 2,7 bilhões em papéis lastreados por operações de crédito realizadas pelo banco

Instituição cresceu 17 vezes em seis anos; ativos saltaram de R$ 430 milhões para R$ 8 bilhões
Mais de 70 fundos de pensão de empresas estatais e de prefeituras de todo o país correm o risco de perder a maior parte dos R$ 2,7 bilhões que investiram na compra de papéis lastreados por empréstimos originados no Banco BVA, em processo de liquidação desde agosto.

O investimento dessas entidades nesse tipo de papel é o dobro do que era conhecido até agora, segundo levantamentos feitos depois que a instituição passou à tutela do Banco Central e aos quais a Folha teve acesso.

Entre os bancos pequenos e médios, o BVA foi um dos que mais atraiu os fundos de pensão. As entidades o ajudaram a ter um crescimento relâmpago. Em seis anos, seus ativos aumentaram 17 vezes: de R$ 430 milhões, em junho de 2006, para R$ 8 bilhões, em junho de 2012.

Para captar os recursos dos fundos de pensão, o banco vendia títulos lastreados nos empréstimos que concedia, conhecidos no mercado como direitos creditórios.

Funcionava assim: o banco financiava empresas e depois transformava a operação num título, que era vendido a investidores.

Quase metade desses papéis, R$ 1,3 bilhão, foi vendida diretamente aos fundos de pensão. Os maiores compradores foram a Petros (dos funcionários da Petrobras), o Postalis (Correios) e a Refer (Rede Ferroviária Federal).

O outro R$ 1,4 bilhão foi negociado com fundos de investimento ligados ao BVA e que tinham os fundos de pensão como cotistas.

Nesse grupo estavam não só as entidades ligadas às estatais, mas também os institutos de previdência de 59 municípios e dos governos estaduais de Tocantins e Roraima.

Nessa ciranda, aparecem cidades do porte de Campinas (SP), Manaus (AM) e Joinville (SC), e entidades de pequenos municípios como Serra (ES), Palhoça (SC) e Bom Jesus dos Perdões (SP).

PERDAS

Nas avaliações de técnicos que destrincharam as operações do BVA, uma parte significativa dos empréstimos que lastrearam os papéis vendidos no mercado foi concedida a empresas com pouca condição de honrar os pagamentos.

Várias não tinham crédito com os grandes bancos. Por isso, aceitavam pagar juros mais elevados no BVA.

Nesse tipo de investimento, quando o devedor não paga, a conta estoura na mão de quem comprou o título. Para se prevenir, os investidores costumam exigir que o banco honre o compromisso, uma "trava de segurança" conhecida como coobrigação.

Nas operações do BVA, só 15% tinham esse tipo de garantia, segundo especialistas que avaliaram o banco.

"Estamos enfrentando um grande prejuízo, apesar de todas as regras que criamos após a quebra do banco Pan-Americano [2010] para proteger esses fundos", diz Leonardo Rolim, secretário de Políticas de Previdência Social do Ministério da Previdência.

No fim de 2013, o BC obrigou os fundos de investimento a lançar em balanço as perdas decorrentes dos atrasos de pagamento desses títulos. Rolim, da Previdência, espera que os fundos de investimento em que prefeituras e Estados aplicaram consigam recuperar pelo menos parte das aplicações.
Mas as chances não parecem grandes. No ano passado, o liquidante do BVA, Valder Carvalho, fez um leilão para tentar vender trinta operações de crédito do banco.

Seria um teste para avaliar as chances de recuperação da carteira. Como os interessados pediram descontos que passaram de 70%, o liquidante desistiu. Procurado, Carvalho não quis se pronunciar.
Profissionais que tiveram acesso aos empréstimos da instituição calculam que mais da metade da carteira esteja na categoria de "difícil recebimento".

OUTRO LADO

Ivo Lodo, ex-presidente do BVA, não quis se manifestar. A reportagem também procurou as dez entidades de previdência com maior exposição aos papéis do banco (veja quadro)

Cinco delas (Postalis, Geap e os fundos de Tocantins, Manaus e Macaé) não responderam até a conclusão desta edição. Os representantes do Refer e do fundo de Roraima não foram localizados.
Por meio de sua assessoria, a Petros informou que não investiu diretamente no BVA. Seus recursos foram para fundos que tinham direitos creditórios "emitidos por empresas de médio porte".
A Faceb, dos funcionários da Companhia Energética de Brasília, confirmou ter aplicado em "títulos estruturados pelo BVA, oferecidos pelo próprio banco", e que uma parte está inadimplente.


Sergio Miers, gerente do Ipreville, da Prefeitura de Joinville (SC), disse acompanhar a situação com cautela.

25 de dezembro de 2013

"Vem pra rua você também".


Em 2014, 'vem pra rua você também'

Elio Gaspari - Folha de São Paulo

Renan usou um jato da FAB para um implante de cabelos; o Brasil precisa de votos na mão e pés na rua

A repórter Andréia Sadi revelou que o presidente do Senado, doutor Renan Calheiros, preocupado com sua cabeça, requisitou um jato da FAB para voar de Brasília a Recife, onde fez um implante de 10 mil fios de cabelo. Quem nestas festas viajou com seu dinheiro deve perceber que esse tipo de coisa só acabará pela associação dos direitos de voto e de manifestação em torno de políticas públicas. Só com o voto isso não muda. Pelo voto, Renan começou sua carreira política em 1978, elegendo-se deputado estadual pelo MDB de Alagoas.

Renan Calheiros é um grão-mestre da costura política. Foi líder do governo de Fernando Collor de Mello e ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso. Desde 2003 é um pilar da coligação petista no Congresso. Pertence a uma categoria imune à vontade popular. Ela pode ir para onde quiser, mas ele continuará no poder, à sua maneira. Como ministro da Justiça do tucanato, tendo seu nome exposto na Pasta Rosa dos amigos do falecido banco Econômico, defendeu o uso do Exército para reprimir saques de famintos durante a seca de 1998. Politico da Zona da Mata alagoana, estava careca de saber que tropa não é remédio para esse tipo de situação. Nessa época, dois de seus irmãos foram acusados de terem mandado chicotear um lavrador acusado de roubar um aparelho de TV numa fazenda. Um desses irmãos elegeu-se deputado federal. Entre 1998 e 2006 teve uma variação patrimonial de 4.260%, amealhando R$ 4 milhões.

Renan teve uma filha fora do matrimônio quando ganhava R$ 12.720. A mãe da criança era ajudada por uma empreiteira amiga que lhe dava uma mesada de R$ 16,5 mil. Por causa desse escândalo por pouco não foi cassado, mas renunciou à presidência do Senado. Reelegeu-se e voltou à cadeira que já foi de Rui Barbosa prometendo uma agenda ética, de "transparência absoluta". Contudo, como diz o senador Edison Lobão Filho, filho e suplente do senador Edison Lobão, ministro de Minas e Energia, "a ética é uma coisa muito subjetiva, muito abstrata". Nesse mundo de abstrações, Renan, vendo a despensa de sua casa concretamente desabastecida, mandou abrir um pregão de R$ 98 mil para a compra de salmão, queijos, filé-mignon, bacalhau e frutas. Apanhado, cancelou a compra.

Renan não é um ponto fora da curva. Ele é a própria curva. Em 2005, como presidente da Casa, deu sete cargos de R$ 10 mil a cada colega. Seu mordomo ganha R$ 18 mil. Em julho, quando ainda havia povo na rua, usou um jatinho da FAB para ir a um casamento em Trancoso. Apanhado, devolveu o dinheiro. Passados cinco meses fez o voo do implante.

Estabeleceu-se uma saudável relação de causa e efeito entre esse tipo de comensal da Viúva e a opinião pública. Eles não se corrigem, mas, uma vez denunciados, recuam. São muitos os maganos que não toleram saguão de aeroporto, despensa vazia e parente desempregado. Nessas práticas, é fácil colocá-los debaixo da luz do sol. Quando se trata de convênios, contratos de empreiteiras e grandes negócios, a conversa é outra.


Em 2014 a turma que paga as contas irá as urnas. Elas poderão ser um bom corretivo, mas a experiência deste ano que está acabando mostra que surgiu outra forma de expressão, mais direta: "Vem pra rua você também".

7 de julho de 2013

+ plebiscito

Na Folha de São Paulo o jornalista Elio Gaspari

PLEBISCITO
Para os sábios que pretendem fazer uma reforma política plebiscitária, o repórter Mauricio Puls fez a seguinte conta:
Em 1993 realizou-se um plebiscito para que o eleitorado escolhesse entre Monarquia e República, com a alternativa parlamentarista. Só isso, coisa simples.
Votaram na República 43,9 milhões de eleitores. Deles, 36,7 milhões preferiram o regime presidencialista.
Sobraram 7,2 milhões de votos. Pela lógica, esses votos teriam ido para o parlamentarismo.
Não fecha. O parlamentarismo teve 16,4 milhões de votos. Admita-se que uma parte deles sufragava a sua modalidade monárquica. Não fecha, de novo, porque a Monarquia teve 6,8 milhões de votos.
Sobraram 2,4 milhões de votos que não fazem sentido. Talvez fossem pessoas que quisessem um parlamentarismo sem República nem Monarquia, ou Monarquia sem parlamentarismo.
A doutora Dilma sugere um plebiscito bem mais complexo. Talvez ela saiba como fazê-lo.

1 de julho de 2013

Inflação na pratica

AULA DE ECONOMIA

Os repórteres Fernanda Odilla e Filipe Coutinho cavucaram uma cifra que poderia ajudar a doutora Dilma e o ministro Guido Mantega a entender os fenômenos da inflação de serviços e da prodigalidade com que se torra o dinheiro da Viúva.

Em nove pronunciamentos em cadeia nacional feitos até dezembro passado, cada maquiagem da doutora custou R$ 400. Nos três ocorridos entre dezembro de 2012 e março deste ano, cada serviço custou R$ 3.125, uma alta de 681%. Nem quando Yara Iavelberg a levou para um corte no famoso Jambert o realce custou tanto. Dinheiro público tem um zero a mais.


No seu salão paulista, Celso Kamura, que cuida do visual da companheira em Brasília, cobra R$ 680 por um trato no cabelo e na estampa. Em 1993 o presidente Bill Clinton pagou US$ 200 por um corte em Los Angeles, enquanto o Congresso tesourava o Orçamento. Deu um bolo danado.

Por Elio Gaspari na Folha de São Paulo

30 de junho de 2013

Na Folha de São Paulo de hoje - Elio Gaspari

ELIO GASPARI

A passeata de 1968 foi o fim de um ciclo

É bom lembrar: naquele dia o fato relevante foi o atentado ao QG do 2º Exército, que matou um soldado

Na semana passada, enquanto as multidões continuavam nas ruas, ecoou a memória da Passeata dos Cem Mil, de 26 de junho de 1968. A geração daqueles dias, com sua magnífica experiência, atribuiu-se uma capacidade de explicar o presente fazendo paralelos com o que viveu. Assim, além de não se explicar o presente, frequentemente se muda o passado.

No dia 26 de junho de 1968 aconteceram duas coisas. Às 4h30, de madrugada, o soldado Mario Kozel Filho, de 18 anos, estava na guarita de sentinela do QG do 2º Exército, no parque do Ibirapuera, e viu uma caminhonete C-14 vindo em direção ao portão do quartel. Desgovernada, ela parou num muro. O soldado foi ver o que era, e a C-14, com 50 quilos de dinamite, explodiu e matou-o. Horas depois, numa bela tarde do Rio, a passeata saiu pela avenida.

Contavam-se nos dedos as pessoas que gritavam "o povo unido jamais será vencido" dando importância à Vanguarda Popular Revolucionária, que explodira a bomba no Ibirapuera.
Seis meses depois o governo baixou o AI-5, ninguém foi para a rua, e o Brasil entrou no seu pior período ditatorial. Não foi a passeata que levou a isso. Ela era o fim de um ciclo. A bomba e o interesse do governo em subverter a precária ordem constitucional da época foram o início de outro.

Festejando-se a memória da passeata, varreu-se para baixo do tapete a lembrança de um erro catastrófico. Passaram-se 45 anos e centenas de pessoas que participaram de atos terroristas se maquiaram como combatentes da causa democrática. Lutavam contra uma ditadura, em busca de outra, delas.


É o caso de perguntar o que é que isso tem a ver com o que está acontecendo no Brasil de hoje. Nada. O professor Pedro Malan já disse que no Brasil não só o futuro é imprevisível, mas também o passado. O sumiço da bomba do Ibirapuera na memória do 26 de junho de 1968 mostra que ele tem razão. Quem queria golpear a democracia? Cada um tem direito a responder como bem entender. O que não se pode é achar que há 45 anos tanto o marechal Costa e Silva como os tripulantes do comboio que levou a bomba ao QG do Ibirapuera quisessem defendê-la.

16 de junho de 2013

Passe Livre

Na Folha de São Paulo.

O Movimento Passe Livre sustenta que o transporte público deve ser gratuito. É maluquice, mas o MPL do andar de cima, sustentado pela Viúva, existe e vai bem obrigado.

Num cálculo paternal há hoje pelo menos 15 mil maganos que não pagam transporte e têm motorista. Os governos simplesmente não sabem o tamanho de suas frotas.

Cada hierarca justifica a necessidade de ter carro e motorista. O que nenhum deles explica é porque na Corte Suprema dos Estados Unidos só o presidente do tribunal usufrui esse mimo.

Quando Lawrence Summers era o principal assessor econômico do companheiro Obama, queixou-se de que não tinha carro oficial. Continuou queixando-se, até ir embora.

Elio Gaspari


12 de maio de 2013

Será que contaria?


Alckmin, a guilhotina e os ratos

"O povo não sabe de um décimo do que se passa contra ele. (...) Senão, ia faltar guilhotina para a Bastilha, para cortar a cabeça de tanta gente que explora esse sofrido povo brasileiro."

Quem disse isso foi o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Noves fora o fato de a prisão da Bastilha ter sido derrubada em 1789, antes da instalação da guilhotina numa praça de Paris (1792), sua afirmação engrandece-o, até porque tem dez anos de sabedoria acumulada no cargo. Ele sabe. Deveria contar mais, mas pelo menos estimulou o debate.

Alckmin levantou o fantasma da guilhotina três dias depois de o professor João Sayad, ex-ministro do Planejamento, ex-diretor do Banco Interamericano do Desenvolvimento e atual presidente da TV Cultura, uma emissora do governo paulista, ter publicado o artigo intitulado "Taxonomia dos ratos". Nele, Sayad propõe uma classificação dos larápios. 

Num grupo ficariam os roedores do "rouba mas faz" No outro, aqueles que mordem aos poucos, o tempo todo. É a turma da "corrupção pequena". Ela "contrata parentes, compra papel higiênico superfaturado, orienta a criação de empresas de fachada para prestarem serviços, cria cooperativas para pagar funcionários terceirizados, faz acordo de 'kick back' com os fornecedores e, principalmente, avacalha, paralisa, lasseia e termina por matar a organização que administra."

Alckmin poderia perguntar se ele falou em tese ou se, como presidente da TV Cultura, sabe de algo que o governador de São Paulo deveria saber. Como disse Sayad, para os ratos, "o segredo e a confidencialidade passam a ser as regras da organização".

Joinville ganharia muito se o prefeito Udo Dohler contasse menos da metade do que sabe sobre como se constrói o futuro da cidade, de quem são e que defendem os principais protagonistas da nossa politica local, não só os que tem filiação partidária  também os que tem acesso ao seu gabinete desde o elevador privativo do gabinete.


17 de abril de 2013

A corrupção va de trem


ELIO GASPARI
Doutora Dilma, chame Xi Jinping
A China não é um modelo de moralidade, mas lá transportecas que mordem ferrovias vão para a cadeia

Em setembro de 2012 houve um acidente de trem na cidade chinesa de Xian e o chefe do serviço de segurança do trabalho da região foi fotografado rindo. Em seguida, um blogueiro mostrou que o companheiro Yang Dacai tinha uma coleção de relógios, inclusive um patacão Constantin de 30 mil dólares. Dacai foi demitido e mandado ao ostracismo. 

Construir ferrovias pode ser um bom negócio, mas cuidar dos seus contratos é um ofício mais lucrativo e menos trabalhoso. Na China, o mandarim que cuidava disso acabou na cadeia. Seu irmão, que faturara US$ 50 milhões em mimos, cumpre uma pena de 16 anos.

E em Pindorama? Salvo algumas boas experiências com a privatização da malha, o transporte ferroviário brasileiro é uma ruina pública e privada. Mesmo sabendo que a fama da burocracia chinesa está entre as piores do mundo, a doutora Dilma bem que poderia assinar um contrato de prestação de serviços com o presidente Xi Jinping, entregando-lhe a administração da moralidade dos trilhos nacionais. O comissariado petista não inventou essas bocarras, apenas preservou-as. Em 1976 a Viúva comprou 68 locomotivas elétricas francesas por US$ 500 milhões. Nunca rodaram, viraram sucata e ninguém foi preso.


O repórter André Borges acaba de expor o descalabro da ferrovia Norte-Sul. É a sétima obra de transporte mais cara do planeta. Lançada em 1987, em tese, ligaria o Pará ao Rio Grande do Sul. Só no governo de Lula essa linha comeu R$ 4,2 bilhões no trecho de Palmas (TO) a Anápolis (GO). Ela deveria ter sido entregue em 2008. A empreitada teve 17 aditivos, liga o nada a coisa nenhuma. Há nela túneis prontos sem malha e pastos no leito. O Tribunal de Contas achou 280 quilômetros inacabados, porém considerados entregues. Isso e mais R$ 27 milhões superfaturados. Em 2011, o Ministério Público acusou o doutor José Francisco das Neves (pode me chamar de Juquinha), presidente da estatal encarregada da ferrovia, de ter desviado R$ 71 milhões em 105 quilômetros da Norte-Sul. (Rodava a R$ 676 mil por km.)

Juquinha foi demitido em 2011 e, no ano seguinte, posto na cadeia por poucos dias. De 2003 a 2007 o doutor tomou conta do projeto do trem-bala. Felizmente, o Padre Eterno ainda não deixou que se tirasse esse trem do papel. Custaria R$ 19 bilhões, sem dinheiro da Viúva. Estima-se que venha a custar R$ 50 bilhões, com a boa senhora bancando a iniciativa. O trem-bala não existe, mas já criou uma estatal. A única coisa que seus transportecas conseguiram foi anunciar leilões fracassados, gastando pelo menos R$ 63,5 milhões. A folha de pagamento da empresa tem 151 pessoas. Há pouco a doutora Dilma devolveu o Ministério dos Transportes ao Partido da República, de cuja cota de poder saiu Juquinha.

Há uma diferença entre o modelo chinês e a administração de Lula e da gerentona Dilma. No Império do Meio furta-se, mas as obras ficam prontas e a taxa de risco dos burocratas é maior. A malha ferroviária chinesa tornou-se a terceira do mundo. O Brasil tem hoje 30 mil quilômetros de ferrovias que começaram a ser construídas no Império. Pois a China, que começou suas obras na mesma época, durante a dinastia Qing, tem uma malha de 91 mil quilômetros e está construindo mais 24 mil.

3 de fevereiro de 2013

Quem se habilita aqui em Joinville?

Uma boa proposta de Elio Gaspari na Folha de São Paulo de hoje, quem se habilita por aqui?


A REDE PODERÁ PROTEGER A GALERA

Depois de uma tragédia como a de Santa Maria é garantido que começou outra: o constrangedor jogo de empurra de prefeitos, bombeiros e autoridades policiais dizendo a coisa e seu contrário ou fazendo promessas inúteis. Felizmente, as redes sociais da galera poderão evitar que casas de espetáculo funcionem como armadilhas para seus frequentadores.

A freguesia poderia adotar um sistema de proteção mútua. Sempre que houver festa, evento ou balada, alguém pode entrar na rede alertando a moçada.

Um pode dizer que já foi lá e as saídas de emergência são precárias, outro pode contar um incidente que testemunhou.

Pode-se até imaginar que em alguma cidade uma pessoa resolva fazer um guia de segurança das casas. Tem alvará? Está vencido? A casa exibe a licença do Corpo de Bombeiros? Quais dificuldades o freguês tem de enfrentar para chegar à rua?
Assim como não se vai a restaurante de comida ruim, não se deve pôr os pés onde a segurança é precária. Se uma casa fica mal falada na rede, recebe o mais grave sinal de perigo, aquele que lhe afeta o bolso.

Santa Maria mostrou que deixar essas coisas na mão dos governos acaba em tragédias e empulhações. Se o dono de uma casa perceber que perde freguesia porque a galera desconfia de sua segurança, fará tudo o que precisa para limpar seu nome.


27 de janeiro de 2013

Um brinde a São Paulo


JAIME LERNER
Um brinde a São Paulo
O Brasil sofre de paralisia aguda no avanço de obras de infraestrutura. A burocracia aprisionante faz da execução uma corrida de obstáculos
Toda vez que São Paulo faz aniversário, o Brasil inteiro deveria comemorar. Dínamo econômico e cultural, maior metrópole da América do Sul, encontro de muitas etnias, essa cidade é superlativa nas muitas contribuição que dá ao país.

Contudo o que se vê é uma apologia da tragédia. Em vez da celebração, veste-se um manto de masoquismo: São Paulo não tem jeito; é grande demais; suja demais, violenta demais; caótica demais. Parece que o paulistano se compraz em dizer que lá nada dá certo. E se uma voz dissonante se aventura a afirmar que há solução, é tratada com desconfiança ou até repúdio.

Não se trata de minimizar os problemas ou ignorar a realidade e, sim, de mudar de perspectiva, pois quem projeta a tragédia acaba por encontrá-la.

O que São Paulo demonstra é a potencialização dos dilemas das cidades brasileiras nas questões fundamentais à sua qualidade de vida -mobilidade, sustentabilidade, identidade, diversidade, coexistência-, em sintomas exacerbados de poluição, congestionamentos, insegurança, isolamento.

A vida de uma cidade não pode se dar dentro de carros, shoppings e condomínios fechados, convivendo com rios que tornam patentes deficits em saneamento ambiental, ou com a segregação de guetos de ricos e de pobres. A separação de funções e os muros dos condomínios retiraram de São Paulo a sua maior riqueza: sua diversidade.

A cidade tem que ser o cenário do encontro que se celebra em seus espaços públicos. Tem que ser uma estrutura integrada de vida, trabalho e mobilidade, onde uma estrutura de crescimento, guiada pelo transporte coletivo, molda o seu desenho.

Tem que cultivar sua identidade, a partir da preservação de sua história e memória, da valorização da diversidade e do cultivo da coexistência. Tem que proteger seus recursos ambientais, patrimônio desta e das futuras gerações.

E São Paulo pode tudo isso. Ambiciosa que é, com esforços bem canalizados, será capaz de promover transformações positivas ao deixar de pensar a cidade para o automóvel e investir com sabedoria no transporte público; ao trazer o jovem para habitar o centro; ao melhor equilibrar a oferta de emprego no território; ao cuidar para que as leis de uso do solo não contribuam para construir uma paisagem urbana ruim.

O preço de não agir é alto. A condição de vanguarda a qual São Paulo ambiciona pode ser dilapidada pelas perdas em qualidade de vida, ativo fundamental de uma cidade hoje.
É preciso fazer, e o país todo hoje sofre de uma paralisia aguda em avançar obras de infraestrutura. Com o intuito de evitar a corrupção ou danos ao patrimônio socioambiental, criou-se uma burocracia tão aprisionante que, além de não coibi-los, transformou a execução de qualquer projeto em uma corrida de obstáculos, na qual a viabilização de uma solução é travada até o limite da desistência. Pior, em um cenário onde os recursos existem. É uma perniciosa estrutura de desconfiança que inibe a ação.

Essa estrutura de desconfiança cria o medo de decidir: ora o Ministério Público, ora as organizações sociais, ora as inúmeras instâncias colocam aos que decidem e querem fazer o pavor de um processo no qual se é antecipadamente culpado; e aos que querem procrastinar ou vender facilidades, as desculpas e motivações para nada fazer.

Simplificar esse procedimento é fundamental, e o fato repousa na responsabilidade. Mas tem que ser possível assumi-la. É uma metáfora comum no futebol dizer que um jogador de talento "chamou pra si" a responsabilidade em um momento decisivo. Por que não podemos fazer isso pelas nossas cidades?

Está na hora de celebrar o aniversário de São Paulo com um brinde de autoestima. Ao metaforicamente apagar suas 459 velas, pedir pela graça de acreditar que as soluções são possíveis.

10 de dezembro de 2012

Copa das confederações

Na Folha de São Paulo de ontem o jornalista Elio Gaspari mostra como é possível desperdiçar R$ 14 milhões para oferecer um beneficio 10 vezes menor. Por estas e por outras como estas que é difícil entender este pais e mais difícil ainda entender o que passa pelas cabeças coroadas que governam


Gracinha

Nas negociações com a Fifa combinou-se que seriam oferecidos 50 mil ingressos para os jogos da Copa das Confederações, a R$ 28 cada um, para torcedores jovens e pobres.

Como a Fifa exige que os beneficiados sejam sorteados a partir de um cadastro eletrônico, o comissariado decidiu que em janeiro os laboratórios de informática das escolas públicas serão abertos para atender aos interessados. Isso porque eles pensam que jovens pobres não conseguem achar um computador. Tudo bem. Afinal, por R$ 1,4 milhão, 50 mil torcedores poderão ver os jogos.

Em cima disso, o Ministério do Esporte cogita lançar uma campanha publicitária para incentivar os jovens a se cadastrar.

Custo da campanha: R$ 14 milhões. Querem tomar da Viúva uma quantia dez vezes superior ao benefício, com o único propósito de fazer propaganda do comissariado às custas dos pobres que, em última análise, pagam a conta com seus impostos.

1 de dezembro de 2012

Anvisa, a praga dos sete anos


Anvisa, a praga dos sete anos

Por Katia Abreu – Senadora e Presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura)

As recentes denúncias de irregularidades praticadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no registro de produtos fitossanitários, vulgarmente conhecidos por agrotóxicos ou defensivos agrícolas, são apenas a ponta mais visível do iceberg de ineficiência dessa agência que tem empacado o agronegócio.
O uso desses produtos não é uma opção. É uma imposição para proteger a nossa agricultura tropical das pragas e das ervas daninhas, assim como é fundamental para melhorar a produtividade das lavouras, em qualquer parte do planeta.

Mas, no Brasil, a agência reguladora trabalha sem transparência e a passos de cágado, fingindo desconhecer os prejuízos impostos ao produtor, a ponta mais frágil desse mercado gigantesco que movimenta US$ 50 bilhões por ano ao redor do mundo.

Defendo a rigidez da regulação e da fiscalização desses produtos e que o seu uso siga as recomendações aprovadas pelo órgão oficial, com prescrições feitas por profissional habilitado. A análise, a aprovação e a regulamentação dos fitossanitários devem proteger os agricultores e os consumidores de qualquer risco à saúde, em primeiro lugar.

Mas o que temos observado, nas últimas décadas, são centenas de processos abarrotando as gavetas da Anvisa. A duras penas, obtivemos uma vitória importante, quando a presidente Dilma Rousseff chefiava a Casa Civil e escalou sua assessora e hoje ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, para trabalharmos juntas.

Enfrentamos o cartel e mudamos um decreto da Anvisa, separando os pedidos de registro de fitossanitários em duas filas: a de produtos novos e a dos genéricos, em geral 50% mais baratos.

Antes da mudança, os genéricos não saíam do fim da fila. Os produtos novos tinham preferência para impedir a concorrência e garantir a sobrevivência do cartel do setor. Mas esse avanço acabou sendo consumido pela burocracia dessa sofisticada organização que atravessa governos.

Uma resistente "praga dos sete anos" assola a Anvisa.

Hoje, tanto a liberação de uma nova fórmula de defensivo, que exige rigorosa série de estudos e testes de campo, quanto a mera análise de um genérico, que já passou por todo o processo de avaliação toxicológica, demandam o mesmo tempo para receber o parecer técnico.

É inadmissível que sejam necessários os mesmos sete anos para liberar um produto novo ou um genérico, com prejuízos irreparáveis para toda a cadeia produtiva.

Não há justificativa técnica para que 600 pedidos de registros de genéricos idênticos à fórmula original estejam parados, punindo os nossos produtores, que gastam, anualmente, R$ 15 bilhões em defensivos agrícolas.
Os números ganham ainda mais relevância diante do peso expressivo dos defensivos no custo de manutenção das mais diversas culturas, das hortaliças aos grãos. No acumulado deste ano, as exportações de soja geraram R$ 50 bilhões em vendas.

Como defensivos representam 16% no custo de produção da soja e os genéricos que aguardam liberação teriam impacto de pelo menos cinco pontos percentuais nesse custo, os nossos produtores já poderiam ter economizado ao menos R$ 2,5 bilhões em 2012.

Não é de hoje que alerto sobre irregularidades na Anvisa. Em 2007, adverti que havia corrupção, proteção, lobby, reserva de mercado ou qualquer outro nome que se quisesse dar ao favorecimento de empresas, por parte de servidores da Gerência-Geral de Toxicologia.

O fiz de público, na CAS (Comissão de Assuntos Sociais). Denunciei a existência de um esquema para proteger empresas e impedir o registro de genéricos. Dirigentes indignados tentaram até me processar por calúnia.

A anunciada devassa em todos os processos que ingressaram no setor de agrotóxicos da Anvisa, de 2008 para cá, traduzem o porquê da recusa do Ministério Público em acatar a denúncia contra mim, entendendo que estava no livre exercício do mandato parlamentar.

Ainda não inventaram melhor defensivo contra essa praga chamada corrupção do que a democracia.

29 de julho de 2012

Tunga por Elio Gaspari no Folha


TUNGA

O comissariado promete um reordenamento tributário. Poderia dar atenção a um capítulo irracional e retrógrado da barafunda de tungas que impõem aos contribuintes.

Um cidadão quer ver um filme que ainda não chegou ao Brasil e resolve importar um DVD pela Amazon. Ele custa US$ 24, mais US$ 17 pelo frete da caixinha. Em cima do total de US$ 42 a empresa cobra, adiantado, US$ 40 de impostos brasileiros. O pobre-diabo toma uma tunga equivalente ao valor da compra.

O problema é que outro cidadão pode comprar por R$ 400 um aparelho Apple TV, ou trazê-lo na mala, comprado nos Estados Unidos, por US$ 99. Com essa máquina aluga o filme no iTunes e paga US$ 5. Se quisesse comprá-lo, baixaria a peça por US$ 20, a quarta parte do que pagou a primeira vítima.

Proteger a indústria nacional de distribuição de DVDs é uma coisa. Punir os contribuintes com tamanha tributação é outra. Os impostecas nacionais ainda não descobriram o alcance democratizador do comércio eletrônico. Como diziam que os iPads não eram computadores porque não tinham teclado, são capazes de tudo.

9 de julho de 2012

Aqui a frase encaixa como uma luva


O PAC é exemplo disso: para o grande público (o eleitor), o governo está "acelerando" o crescimento do país, mas, na realidade, dos R$ 80 bilhões aprovados no Orçamento deste ano, só gastou até agora menos de ¼ dele. Sabem por quê?

Porque lhe falta competência técnica para realizar os projetos. E, se lhe falta, é porque o preenchimento dos cargos executivos não é determinado por critério técnico, mas político. Não por acaso, o governo espantosamente admite que cada ministério pertence a determinado partido, que o usa politicamente.

Ferreira Gullar – Folha de São Paulo 8 Julho 2012

1 de abril de 2012

Cidades mais compactas e aumento do perímetro urbano


Da Folha de São Paulo

Urbanistas defendem 'compactar' metrópole
Ideia de adensamento é rejeitada por moradores


A chegada de prédios em um bairro de casinhas é percebida como invasão pela maioria dos moradores.

Por outro lado, a corrente mais forte do urbanismo contemporâneo defende o ideal chamado de "cidade compacta". Uma grande concentração de prédios e pessoas em uma mesma área, além de opções de comércio, serviços e lazer, tudo ali por perto.

Acreditam que isso tornaria as cidades mais interessantes, porque quem vive nelas tem tudo à mão. Com tanta gente morando junto, as ruas se tornam, de quebra, mais vivas e seguras. Mas, para funcionar, é fundamental que exista uma excelente rede de transporte público e ótimo planejamento -não é o caso de uma metrópole como São Paulo, dizem urbanistas.

"Estamos verticalizando sem qualidade urbana", critica o urbanista Carlos Leite, professor do Mackenzie e consultor para cidades sustentáveis. "Não se vê gente na rua, e sim os mesmos condomínios murados e fechados", continua ele.

A ideia da cidade compacta é a base de projetos urbanos como o Nova Luz e o adensamento da Barra Funda. Aparece também num plano para a cidade em 2040, em fase de finalização.
Para Lucila Lacreta, urbanista e diretora do Movimento Defenda São Paulo (espécie de federação dos movimentos de bairro), a cidade compacta pode ser boa, mas em São Paulo é uma "falácia" usada pelo poder público para promover a verticalização. "Ainda não há infraestrutura de transporte para isso."

O arquiteto Fernando Serapião, editor da revista "Monolito", diz que a resistência à verticalização tem a ver com uma ideia romântica da vida no campo. E aponta uma contradição. Na verdade, é a cidade compacta que tem qualidade de vida mais parecida com a do interior, já que comércio, serviço e trabalho estão muito próximos.

Mesmo assim, reconhece, os movimentos de bairro são legítimos e contam muito da história do urbanismo dos últimos 40 anos. Cita o exemplo de Jane Jacobs, moradora do Village, em Nova York.

Ela organizou um movimento contra as grandes obras de renovação urbana que aconteciam na cidade nos anos 1950. Nos 1960, Jane escreveu um livro que é referência para urbanistas até os dias de hoje: "Morte e Vida de Grandes Cidades".

Nele, já aparecem algumas das bases do conceito de cidades compactas de hoje.

15 de abril de 2011

Para pensar acordado


De Ricardo Young, "Valores e futuro."

"Nossos valores e nossa determinação de agir estão em xeque. Não haverá paz sem mudança, não haverá mudança sem protagonismo individual em favor de ganhos coletivos duradouros."



2 de abril de 2011

Taxar os carros


FERNANDO DE BARROS E SILVA - Folha de São Paulo


Taxar os carros

SÃO PAULO - Pego o carro em casa e em 10, no máximo 15 minutos estaciono na garagem da Folha. Eventualmente faço o percurso a pé -uma caminhada de menos de 40 minutos. Ônibus? Metrô? Jamais.


Sou mais um paulistano acomodado a esbravejar contra o trânsito infernal da cidade. "Mas o transporte público não nos dá alternativa, é precário, de péssima qualidade" -é muito comum ouvir isso na classe média motorizada. Uma meia verdade que serve como álibi.


Público, para nós, não designa aquilo que é comum, a que todos têm direito, mas aquilo a que estão condenados os que não podem pagar pelo serviço privado. Vale para a escola particular, vale para o plano de saúde, vale para o carro...


É óbvio que os 70 km de metrô existentes na cidade são insuficientes (o dobro disso seria razoável). É sabido que o transporte público é deficiente. Mas isso vale sobretudo para a periferia. É o ônibus do morador do Grajaú que passa sempre atrasado e vive superlotado.
Em termos de conforto, é claro que nada substitui o carrinho -horários flexíveis, som à la carte, privacidade. Mais do que um meio de transporte, ele é um modo de vida. Encapsulados ali, travamos nas ruas uma espécie de guerra hobbesiana, de todos contra todos.


Mas veja que coisa: na liberal Inglaterra, 93% dos londrinos fazem uso do transporte público. Os estacionamentos foram proibidos nas regiões centrais da cidade e quem circula por ali paga um pedágio. Foi o arquiteto Richard Rogers, criador do Beaubourg, de Paris, quem lembrou isso à Folha nesta semana.


Por que não taxar a circulação de carros nas regiões mais saturadas da cidade? Que prefeito bancaria isso? Logo desconfiamos que o dinheiro não seria usado para financiar a melhoria do transporte coletivo e ainda lembramos que muitos políticos são só larápios de gravata.


Essa talvez seja uma verdade e meia. Mas é também um álibi para que tudo fique como está. Ou piore.

29 de março de 2011

Previsões futuristicas


Previsões de Pai José Simão (Colunista Folha de São Paulo),para as Olímpíadas no Rio - 2016.

De 2010 a 2015

1. ONGs vão pipocar dizendo que apóiam o esporte, tiram crianças das ruas e as afastam das drogas. Após as olimpíadas estas ONGs desaparecerão e serão investigadas por desvio de dinheiro público. Ninguém será preso ou indiciado.

2. Um grupo de funk vai fazer sucesso com uma música que diz: vou pegar na tua tocha e você põe na minha pira.

3. Uma escola de samba vai homenagear os jogos, rimando “barão de coubertin” com “sol da manhã”. Gilberto Gil virá no último carro alegórico vestido de lamê dourado representando o “espírito olímpico do carioca visitando a corte do Olimpo num dia de sol ao raiar do fogo da vitoria”.

4. Haverá um concurso para nomear a mascote dos jogos que será um desenho misturando um índio, o sol do Rio, o Pão de Açúcar e o carnaval, criado por Hans Donner. Os finalistas terão nomes como: “Zé do Olimpo”, “Chico Tochinha” e “Kaíque Maratoninha”.

5. Luciano Huck vai eleger a Musa dos jogos, concurso que durará um ano e elegerá uma modelo chamada Kathy Mileine Suellen da Silva.


Abertura dos jogos


1. A tocha olímpica será roubada ao passar pela baixada fluminense. O COB vai encomendar outra com urgência para um carnavalesco da Beija flor.

2. Zeca Pagodinho, Dudu Nobre e a bateria da Mangueira farão um show na praia de Copacabana para comemorar a chegada do fogo olímpico ao Rio. Por motivo de segurança, Zeca Pagodinho será impedido de ficar a menos de 500 metros da tocha.

3. Durante o percurso da tocha, os brasileiros vão invadir a rua e correr ao lado dela carregando cartolinas cor de rosa onde se lê "GALVÃO FILMA NÓIS", "100% FAVELA DO RATO MOLHADO".

4. Pelé vai errar o nome do presidente do COI, discursar em um inglês de merda elogiando o povo carioca e, ao final, vai tropeçar no carpete que foi colado 15 minutos antes do início da cerimônia.

5. Claudia Leite e Ivete Sangalo vão cantar o “Hino das Olimpíadas” composto por Latino e MC Medalha. As duas vão duelar durante a música para aparecer mais na TV.

6. O Hino Nacional Brasileiro será entoado a capella por uma arrependida Vanuza, que jura que "não bota uma gota de álcool na boca desde a última copa". A platéia vai errar a letra, em homenagem a ela, chorar como se entendesse o que está cantando, e aplaudir no final como se fosse um gol.

7. Uma brasileira vai ser filmada varias vezes com um top amarelo, um shortinho verde e a bandeira dos jogos pintada na cara. Ela posará para a Playboy sem o top e sem o shortinho e com a bandeira pintada na bunda.

8. Por falta de gás na última hora, já que a cerimônia só foi ensaiada durante a madrugada, a pira não vai funcionar. Zeca Pagodinho será o substituto temporário já que a Brahma é um dos patrocinadores. Em entrevista ao Fantástico ele dirá que não se lembra direito do fato.

9. Setenta e quatro passistas de fio-dental vão iniciar a cerimônia mostrando o legado cultural do Rio ao mundo: a bala perdida, o trafico, o funk, o sequestro-relâmpago e a favela.

10. Durante os jogos de tênis a platéia brasileira vai vaiar os jogadores argentinos obrigando o árbitro a pedir silencio 774 vezes. Como ele pedirá em inglês ninguém vai entender e vão continuar vaiando. Galvão Bueno vai dizer que vaiar é bom, mas vaiar os argentinos é melhor ainda. Oscar concordará e depois pedirá desculpas chorando no programa do Gugu.

11. Um simpático cachorro vira-lata furará o esquema de segurança invadindo o desfile da delegação jamaicana. Será carregado por um dos atletas e permanecerá no gramado do Maracanã durante toda a cerimônia. Será motivo de 200 reportagens, apelidado de Marley, e será adotado por uma modelo emergente que ficará com dó do pobre animalzinho e dirá que ele é gente como a gente.

12. Adriane Galisteu posará para a capa de CARAS ao lado do grande amor da sua vida, um executivo do COB.

13. Os pombos soltos durante a cerimônia serão alvejados por tiros disparados por uma favela próxima e vendidos assados na saída do maracanã por “dois real”.


Durante os jogos

1. Caetano Veloso dará entrevista dizendo que o Rio é lindo, a cerimônia de abertura foi linda e que aquele negão da camiseta 74 da seleção americana de basquete é mais lindo ainda.

2. Uma modelo-manequim-piranha-atriz-exBBB vai engravidar de um jogador de hóquei americano. Sua mãe vai dar entrevista na Luciana Gimenez dizendo que sua filha era virgem até ontem, apesar de ter namorado 74 homens nos últimos seis meses, e que o atleta americano a seduziu com falsas promessas de vida nos EUA. Após o nascimento do bebê ela posará nua e terá um programa de fofocas numa rede de TV.

3. No primeiro dia os EUA, a China e o Canadá já somarão 74 medalhas de ouro, 82 de prata e 4 de bronze. Os jornalistas brasileiros vão dizer a cada segundo que o Brasil é esperança de medalha em 200 modalidades e certeza de medalha em outras 64.

4. Faltando 3 dias para o fim dos jogos, o Brasil terá 3 medalhas de bronze e 1 de ouro, esta ganha por atletas desconhecidos no esporte “caiaque em dupla”. Eles vão ser idolatrados por 15 minutos (somando todas as emissoras abertas e a cabo) como exemplos de força e determinação. A Hebe vai dizer que eles são “uma gracinha” ao posarem mordendo a medalha, e nunca mais se ouvirá deles.

5. A seleção brasileira de futebol comandada por Ronaldo Fenômeno vai chegar como favorita. Passará fácil pela primeira fase e entrará de salto alto na fase final, perdendo para a seleção de Sumatra.

6. A seleção americana de vôlei visitará uma escola patrocinada pelo Criança Esperança. Três meninos vão ganhar uma bola e um uniforme completo dos jogadores, sendo roubados e deixados pelados no dia seguinte.

7. Os traficantes da Rocinha vão roubar aquele pó branco que os ginastas passam na mão. Um atleta cubano será encontrado morto numa boate do Baixo Leblon depois de cheirá-lo. O COB, a fim de não atrasar as competições de ginástica, vai substituir o tal pó pelo cimento estocado nos fundos do ginásio inacabado.

8. Um atleta brasileiro nunca visto antes terminará em 57º lugar na sua modalidade e roubará a cena ao levantar a camiseta mostrando outra onde se lê: JARDIM MATILDE NA VEIA.

9. Vários atletas brasileiros apontados como promessa de medalha serão eliminados logo no inicio da competição. Suas provas serão reprisadas em 'slow motion' e 400 horas de programas de debate esportivo vão analisar os motivos das suas falhas.

Após os jogos

1. Um boxeador brasileiro negro de 1,85m estrelará um filme pornô para pagar as despesas que teve para estar nos jogos e por não obter patrocínio.

2. Faustão entrevistará os atletas brasileiros que não ganharam medalhas. Não os deixará pronunciar uma palavra sequer, mas dirá que esses caras são exemplos no profissional tanto quanto no pessoal, amigos dos amigos, e outras besteiras.

3. No início do ano seguinte, vários bebês de olhos azuis virão ao mundo e as filas para embarque nos voos para a Itália, Portugal e Alemanha serão intermináveis, com mães "ofendidas", segurando seus rebentos...

26 de janeiro de 2011

Predios altos reduzem a insolação


Prédios altos "roubam" até 6 horas de sol em SC

Sombra começa às 14h em praias de Balneário Camboriú


Secretário diz que não adiantaria colocar um limite agora, já que restam poucos terrenos disponíveis na orla

LUIZA BANDEIRA
ENVIADA ESPECIAL A BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC)

São 15h e o comerciante Vanderlei Knerek, 41, recolhe barracas e cadeiras que aluga na praia Central, em Balneário Camboriú.


Instalado em frente ao recém-construído edifício Metropolis, de 44 andares, ele vê uma grande sombra se formar no seu ponto, fazendo com que os banhistas deixem a praia ou procurem trechos ainda ensolarados.


Os prédios altos da orla se tornaram os vilões do verão em um dos destinos turísticos mais procurados do litoral de Santa Catarina.


Os edifícios fazem sombra na praia a partir das 14h. "Roubam" até seis horas de sol dos turistas -no horário de verão, as praias costumam ficar cheias até as 20h.


Segundo Carlos Haacke, presidente do sindicato da construção civil do município, os espigões começaram a surgir na década de 80.
A preocupação foi não construir um prédio "colado" ao outro, acabando com a ventilação na orla.


Para compensar perdas com trechos vazios, investiu-se em prédios altos, com mais apartamentos.


Nos últimos anos, disse Haacke, houve uma explosão de prédios altos. O preço dos apartamentos pode chegar a até R$ 7 milhões.

INCÔMODO
Na quinta-feira, a única barraca que ainda restava na sombra do Metropolis era a do motorista Jorge Moreira, 39. Ele havia aproveitado pouco mais de uma hora de sol. "Todos os dias a gente dá o azar de ficar em um lugar com sombra", reclamava.


A argentina Julieta Carradori, 25, disse que tem procurado outras praias.
Já o professor Paulo Fraga, 45, aproveitou a sombra para levar a mãe, que não pode pegar sol forte, à praia.


Não há limite de altura para os prédios na orla, segundo a prefeitura. O secretário de Planejamento do município, Auri Pavoni, disse que não adiantaria colocar um limite agora, já que restam poucos terrenos disponíveis.
Apesar de não ter sido motivado pelo problema da sombra, um projeto para ampliar a faixa de areia na praia -que diminuiu devido ao avanço do mar- é apontado como a única solução.


"Derrubar os prédios é impossível", disse Pavoni.
O problema também atinge outras praias brasileiras, como a de Guarujá, em SP.

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