Da Folha de São Paulo
Urbanistas defendem 'compactar'
metrópole
Ideia de adensamento é rejeitada por
moradores
A
chegada de prédios em um bairro de casinhas é percebida como invasão pela
maioria dos moradores.
Por
outro lado, a corrente mais forte do urbanismo contemporâneo defende o ideal
chamado de "cidade compacta". Uma grande concentração de prédios e
pessoas em uma mesma área, além de opções de comércio, serviços e lazer, tudo
ali por perto.
Acreditam
que isso tornaria as cidades mais interessantes, porque quem vive nelas tem
tudo à mão. Com tanta gente morando junto, as ruas se tornam, de quebra, mais
vivas e seguras. Mas, para funcionar, é fundamental que exista uma excelente
rede de transporte público e ótimo planejamento -não é o caso de uma metrópole
como São Paulo, dizem urbanistas.
"Estamos verticalizando sem
qualidade urbana",
critica o urbanista Carlos Leite, professor do Mackenzie e consultor para
cidades sustentáveis. "Não se vê
gente na rua, e sim os mesmos condomínios murados e fechados",
continua ele.
A
ideia da cidade compacta é a base de projetos urbanos como o Nova Luz e o
adensamento da Barra Funda. Aparece também num plano para a cidade em 2040, em
fase de finalização.
Para Lucila Lacreta, urbanista e
diretora do Movimento Defenda São Paulo (espécie de federação dos movimentos de
bairro), a cidade compacta pode ser boa, mas em São Paulo é uma
"falácia" usada pelo poder público para promover a verticalização.
"Ainda não há infraestrutura de transporte para isso."
O
arquiteto Fernando Serapião, editor da revista "Monolito", diz que a
resistência à verticalização tem a ver com uma ideia romântica da vida no
campo. E aponta uma contradição. Na verdade, é a cidade compacta que tem
qualidade de vida mais parecida com a do interior, já que comércio, serviço e
trabalho estão muito próximos.
Mesmo
assim, reconhece, os movimentos de bairro são legítimos e contam muito da
história do urbanismo dos últimos 40 anos. Cita o exemplo de Jane Jacobs,
moradora do Village, em Nova York.
Ela
organizou um movimento contra as grandes obras de renovação urbana que
aconteciam na cidade nos anos 1950. Nos 1960, Jane escreveu um livro que é
referência para urbanistas até os dias de hoje: "Morte e Vida de Grandes
Cidades".
Nele,
já aparecem algumas das bases do conceito de cidades compactas de hoje.
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