1 de abril de 2012

Cidades mais compactas e aumento do perímetro urbano


Da Folha de São Paulo

Urbanistas defendem 'compactar' metrópole
Ideia de adensamento é rejeitada por moradores


A chegada de prédios em um bairro de casinhas é percebida como invasão pela maioria dos moradores.

Por outro lado, a corrente mais forte do urbanismo contemporâneo defende o ideal chamado de "cidade compacta". Uma grande concentração de prédios e pessoas em uma mesma área, além de opções de comércio, serviços e lazer, tudo ali por perto.

Acreditam que isso tornaria as cidades mais interessantes, porque quem vive nelas tem tudo à mão. Com tanta gente morando junto, as ruas se tornam, de quebra, mais vivas e seguras. Mas, para funcionar, é fundamental que exista uma excelente rede de transporte público e ótimo planejamento -não é o caso de uma metrópole como São Paulo, dizem urbanistas.

"Estamos verticalizando sem qualidade urbana", critica o urbanista Carlos Leite, professor do Mackenzie e consultor para cidades sustentáveis. "Não se vê gente na rua, e sim os mesmos condomínios murados e fechados", continua ele.

A ideia da cidade compacta é a base de projetos urbanos como o Nova Luz e o adensamento da Barra Funda. Aparece também num plano para a cidade em 2040, em fase de finalização.
Para Lucila Lacreta, urbanista e diretora do Movimento Defenda São Paulo (espécie de federação dos movimentos de bairro), a cidade compacta pode ser boa, mas em São Paulo é uma "falácia" usada pelo poder público para promover a verticalização. "Ainda não há infraestrutura de transporte para isso."

O arquiteto Fernando Serapião, editor da revista "Monolito", diz que a resistência à verticalização tem a ver com uma ideia romântica da vida no campo. E aponta uma contradição. Na verdade, é a cidade compacta que tem qualidade de vida mais parecida com a do interior, já que comércio, serviço e trabalho estão muito próximos.

Mesmo assim, reconhece, os movimentos de bairro são legítimos e contam muito da história do urbanismo dos últimos 40 anos. Cita o exemplo de Jane Jacobs, moradora do Village, em Nova York.

Ela organizou um movimento contra as grandes obras de renovação urbana que aconteciam na cidade nos anos 1950. Nos 1960, Jane escreveu um livro que é referência para urbanistas até os dias de hoje: "Morte e Vida de Grandes Cidades".

Nele, já aparecem algumas das bases do conceito de cidades compactas de hoje.

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