16 de abril de 2012

Corrida desigual


A desincompatibilização de uma dúzia e meia de participantes do primeiro escalão da administração municipal serviu para dar o tiro inicial de uma corrida de obstáculos que concluirá em outubro com a eleição municipal.

É esta uma corrida injusta e desigual, porque em quanto uns correm a peito aberto, sem muitos recursos e dependendo das contribuições voluntarias, outros partem com vantagem, protegidos por uma legislação injusta e que facilita a recondução dos atuais vereadores. Arroupados por quase uma vintena de assessores, que mantém contato permanente com os eleitores, com veiculo e combustível sem limite para visitar as bases, com uma infinita conta de telefone, com computador a disposição e tudo custeado com recursos públicos, a campanha pela reeleição de um vereador é uma tarefa mais fácil que a que tem que enfrentar aqueles que para poder contar com uma estrutura semelhante devem contar com recursos próprios significativos ou com recursos contabilizados pela campanha depois de iniciado oficialmente o período eleitoral.

Não será raro que mesmo tendo aumentado o seu salário acima da inflação e contra a vontade da maioria da população, boa parte dos atuais legisladores sejam reconduzidos ao cargo. Tampouco será nenhuma surpresa se alguns dos vereadores contam com recursos significativos para enfrentar a corrida eleitoral, recursos vitaminados pela aprovação de leis que o ministério público considera que não atendiam ao principio da impessoalidade. A pessoalidade neste caso poderia ser identificada facilmente se o financiamento da campanha cumprisse todos os requisitos de transparência que a lei exige e que permitiriam identificar quais os financiadores de cada campanha.

Uma alternativa para que esta corrida tão desigual permita o emparelhamento de todos os concorrentes com as mesmas chances, só poderia acontecer se houvesse uma mobilização a favor da não renovação de nenhum dos atuais vereadores. Uma iniciativa que estimulasse a chegada ao legislativo de uma nova geração de cidadãos, que sem experiência política previa, chegaria ao poder desprovida das mazelas e vícios que enquistam a política local.

A utópica alternativa, pode não garantir um legislativo melhor, mas sem duvida nos proporcionara a oportunidade de um novo legislativo. Uma oportunidade única para não renovar as praticas que em alguns casos afrontam o eleitor que se sente traído, envergonham o joinvilense e provocam o repudio da sociedade. 


Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC

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