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25 de fevereiro de 2013

Anotações de viagem



Um dos meus restaurantes preferidos em Kigali é o New Cactus, com uma proposta de qualidade e um cardápio variado é também um dos lugares frequentados por muitos estrangeiros.

Ontem no meio de uma animada conversa em português, com um amigo ruandês que morou muitos anos no Brasil, um dos comensais da mesa que estava ao lado se levantou e perguntou se estávamos falando em português. E comentei que era brasileiro e que o meu companheiro de mesa tinha morado por anos no Brasil. Acrescentei ainda que morava em Joinville.

Ele contou que era brasileiro de Porto Alegre, que tinha trabalhado na Varig durante muitos anos e que tinha pernoitado em Joinville muitas vezes na sua condição de piloto. Agora estava trabalhando em Ruanda com a Rwanda Airways e na sua mesa tinha outro brasileiro que como ele tinha trabalhado na Varig e dois espanhóis de Barcelona, também pilotos.

No meio da conversa um comentário sobre o inicio do fim da Varig que tanta saudade deixou, foi a saída de Fernando Pinto o fato que acelerou o processo. Hoje Fernando Pinto é o presidente da TAP portuguesa e um dos seus últimos atos no Brasil foi uma visita que realizou a Joinville a convite da ACIJ. Conclusão o mundo é cada vez menor e é fácil encontrar brasileiros nos mais recônditos lugares. 

9 de dezembro de 2012

Genocídio



Genocídio foi incorporado ao vocabulário mundial na metade do século XX, a raiz dos julgamentos de Nuremberg, quando foram julgados os crimes cometidos pelos nazistas. Sua origem esta em duas palavras gregas “Gene”, por raça ou tribo e “Cidio”, por crime ou assassinato, Genocídio é o assassinato de todo um povo.

Em viagem a Ruanda, pais encravado na África equatorial, com uma população de pouco mais de 11 milhões de habitantes e uma densidade de mais de 450 habitantes por km2, é obrigatório visitar o Memorial Kigali, para tentar entender que foi e como se preparou o genocídio que em 100 dias assassino brutalmente mais de 1,4 milhão de integrantes da minoria Tutsi, violou mais de 500 mil mulheres, muitas delas contaminadas por AIDS de forma intencional, num pais em que a AIDS representa uma condena a morte certa pela falta de acesso aos medicamentos de ultima geração.

A brutalidade, a aleivosia e a premeditação com que o genocídio foi preparado e executado impressionam e deixam sem palavras. Não como não se sentir emocionalmente abalado ao sair de novo à luz depois de percorrer todas as salas do memorial. A exposição permite que conheçamos com detalhe o que aconteceu a partir de abril de 1994. O Assassinato simultâneo dos presidentes de Ruanda e Burundi criou o vazio de poder que permitiu que em poucas horas se desencadeasse a perseguição e assassinato sistemático de todos os Tutsis.

Bloqueios nas ruas e estradas, listas cuidadosamente elaboradas e perseguição em todos os recantos do pais, foram parte do plano traçado pelos lideres Hutus que dominavam 100% do exercito e que criaram e equiparam as milícias Interahamwe. A emissora de Radio das Mil Colinas se dedicou durante anos a promover o racismo, a perseguição e o ódio contra os Tutsis e emitia as consignas que desencadearam o ataque.

Frente a inoperância das forças da ONU, os famosos capacetes azuis, que receberam ordens de não se envolver no conflito interno do país e que se dedicaram a proteger os interesses ocidentais em lugar de evitar a massacre. Os Tutsis buscaram refugio nas igrejas e isso acabou facilitando o trabalho dos seus assassinos que em alguns casos demoliram as igrejas com eles dentro, em outros casos as incendiaram depois de trancar as suas portas ou simplesmente as dinamitaram.

Ruanda tenta entender porque aconteceu e busca evitar que uma loucura como esta volte a se repetir. O Memorial Kigali é um elemento deste processo de reconstrução de um pais em que assassinos e sobreviventes compartilham as mesmas ruas e continuam sendo vizinhos, como foram no passado recente. O que leva a assassinar com crueldade vizinhos com quem havia uma amizade e um convívio de décadas continua sendo um mistério.

Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC

8 de dezembro de 2012

Memorial Kigali


O Kigali Memorial Centre em Gizeni é uma visita obrigada para quem querer conhecer a historia recente de Ruanda


Numa das salas as imagens de mais de 6.000 ruandeses brutalmente assassinados durante os pouco mais de 100 dias do genocídio. As fotografias permitem que os cadáveres dos mais de 1,4 milhões de ruandeses que foram massacrados durante o genocídio tenham um rosto.



A unica das seis fossas comuns que permite que seja observado o seu interior, diariamente recebe flores em homenagen aos mais de 250.000 mortos enterrados só no Memorial. 



A simplicidade das fossas comuns contrasta com a brutalidade do crime que aconteceu no pais



Diariamente as fossas comuns recebem homenagens anonimas


Ruanda tenta reconstruir o pais, a partir da preservação da sua historia. No Memorial há também referencias a outros genocídios como o dos Herero pela Alemanha na Namíbia, o  dos mais de 2 milhões de Armênios assassinados ou deixados morrer de fome e frio pelos Turcos, o perpetrado pelo Khmer vermelho em Cambodja, o dos Nazis contra os judeus e os sofridos recentemente pela minoria muçulmana na antiga Iugoslávia.

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