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24 de setembro de 2013

A idiotia no seu estado mais puro

"Quem quer praticar sustentabilidade, que vá para outra cidade, aqui nós queremos, mais empresas, mais gente e mais progresso, o lema aqui na MANCHESTER é trabalho !"

Comentário postado há pouco no Facebook, por um dos defensores do desenvolvimento a qualquer preço. Nem é preciso agregar nada, a ignorância viceja e prospera em nome do desenvolvimento. O discurso oficial tem os seus seguidores fanáticos. 

12 de junho de 2013

Desenvolvimento


8000 AC - Chamamos isso de "cerca" para evitar a entrada de girafas, leões, elefantes, ...
2000 DC - Chamamos "Reserva de Vida Selvagem" e evita que saiam as girafas, leões, elefantes, ...

12 de novembro de 2012

Abrindo o debate

Entre o bucolismo rural e a degradação urbana, qual é o ponto ideal de desenvolvimento urbano que desejamos? Este deve ser o debate que Joinville deve abordar com isenção e sinceridade.

O papel do poder público é fornecer todos os dados e informações para que o cidadão possa responder com conhecimento. Até hoje o poder público não tem feito a sua parte.


17 de agosto de 2011

Milton Friedman vs um idiota (e tem tantos)



Uma bela aula de como funciona a nossa sociedade. Frente a estultice dos que acreditam na capacidade dos burocratas para gerar riqueza e prosperidade.

O objetivo dos que se opõem a livre iniciativa e a riqueza gerada com o trabalho e o esforço é que todos sejam iguais, iguais de miseráveis.

29 de outubro de 2010

Texto inteligente, tem tão poucos...

Quatro glórias nacionais

Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 28 de outubro de 2010

Leio nas mensagens do Investor's Daily Edge, sempre interessantíssimas, que os investidores internacionais têm quatro razões sólidas para apostar seu dinheiro no Brasil e acreditar que o país pode superar a badalada China nas próximas décadas. São elas:

1. O Brasil já passou pelo pior e fez, de uma vez para sempre, as escolhas decisivas em matéria de estabilidade econômica.

2. O Brasil é uma economia quase auto-suficiente. As exportações fazem apenas 14 por cento do nosso Produto Interno Bruto, o que significa que, na hipótese de um colapso econômico global, sairemos praticamente ilesos, enquanto a China, a Índia, a Rússia e outros autonomeados donos do futuro irão mui provavelmente para o brejo.

3. Ao contrário dos EUA, da Grécia, da Espanha, de Portugal e de tantos outros países, temos dinheiro no banco. Precisamente em razão do fator número 1, nossas reservas financeiras nos põem bem a salvo de qualquer tranco vindo de fora.

4. O Brasil tem imenso potencial agrícola não aproveitado. Enquanto aí pelo mundo as terras produtivas vão escasseando e os limites legais para a sua aquisição vão aumentando, neste país pelo menos uns duzentos e sessenta e sete milhões de acres estão prontos para ser adquiridos a baixo preço e começar a produzir imediatamente. As perspectivas são ótimas: nossa agricultura, essencialmente de livre mercado, é mais rentável que a agricultura subsidiada dos EUA e da maior parte dos países da Europa.

São glórias nada desprezíveis, não é verdade? Mas, ao contrário do que poderiam desejar os adeptos mais afoitos do triunfalismo lulista, o Investor's Daily Edge deixa claro que as de número 1, 2 e 3 não vêm do mês passado, nem do ano passado, nem, para dizer a verdade, dos últimos oito anos: são o resultado do bom trabalho feito desde a primeira metade da década de 90 pelo presidente Itamar Franco e seu ministro Cardoso, depois presidente e continuador da obra. Se o sucessor deles, Lula, não mexeu no time que herdou nem nos planos de jogo, é apenas sinal de que não é louco ou, se o é, não rasga dinheiro. Lênin ou Mussolini, no lugar dele, não agiriam diferente. Por mais que a memória falhe a quem não deseja recordar, diverso é o mérito de quem faz e o de quem simplesmente não desfaz. Toda a ação econômica do governo Lula foi a de um pato no rio: deixar-se levar pela corrente e grasnar de auto-satisfação.

Quanto ao fator número 4, ele diz respeito precisamente ao tal "agronegócio", aquela coisa que petistas, emessetistas e malucos em geral odeiam como à peste e culpam por todos os males da nacionalidade. Bendita peste, no entanto, que alimenta o Brasil com comida barata, espalha o demônio da obesidade entre os esfaimados e ainda faz do país a menina-dos-olhos dos futuros investidores e um forte concorrente da China na disputa por um lugar privilegiado entre as nações.

O Brasil, em suma, só tem uma economia pujante e um belo futuro graças a três coisas que a esquerda dominante não fez e a uma quarta coisa que ela detesta.

Pensem nisso quando forem votar no próximo domingo.

9 de março de 2010

Elevados e desenvolvimento (*)


Elevados e desenvolvimento

Alguém colocou na cabeça que os elevados são um símbolo do desenvolvimento, da modernidade e do avanço tecnológico, que projetam a prosperidade de uma sociedade. Eu cada vez tenho mais duvidas que a construção de elevados vá fazer de Joinville uma cidade melhor.

A modernidade não deve ser confundida com o fato de ter ou não ter elevados, do mesmo modo que a construção de grandes edifícios não pode ser associada diretamente a desenvolvimento e a qualidade de vida. A fascinação que a gente do interior tem por edifícios altos, por elevados e inclusive por engarrafamentos, só pode ser explicada pela ausência deles, nas suas cidades de origem. Queremos sempre o que não temos. Existe uma fascinação quase mórbida pelo que não temos. Que se agrava se o vizinho tem. Se Curitiba tem um parque nós queremos sete, se tem elevados, nós não dormimos direito até ter os nossos, se os prédios la têm 30 andares, nós não podemos aceitar menos e deveremos alterar a legislação para poder ter 32 pavimentos.


Um bom psicólogo pode explicar o quanto de complexo de inferioridade e insegurança existe nesta falta de imaginação e na fixação obsessiva com o vizinho. A ausência de uma identidade própria e a baixa autoconfiança faz que os adolescentes se vistam todos iguais, que comprem os mesmos tênis, as mesmas roupas e tenham os mesmos gostos. As cidades, e Joinville não é uma exceção, buscam ser iguais, repetir os modelos de outras, sem perceber que o bonito esta na diferença, na individualidade.

Os nossos elevados são agora promessas de campanha. Conta à lenda que um político em campanha prometeu construir uma ponte, numa pequena cidade do interior catarinense, alertado por assessores, que não tinha nenhum rio na cidade para receber a ponte, respondeu sem se alterar:

- E ainda vou fazer mais por esta prospera cidade, colocarei um rio em baixo desta ponte. Sendo freneticamente aplaudido em pé.

10 de junho de 2009

Liderança



Com a conclusão da gestão de Udo Dohler como presidente da ACIJ. Finaliza uma etapa mais de um dos mais interessantes lideres empresariais desta cidade.


Se por um lado, seu nome não é o mais lembrado como exemplo e referencia de gestão. Pelo outro lado sua participação constante à frente de temas empresariais, comunitários e políticos, fazem dele um dos personagens mais representativos de uma forma de ser e de agir que parecia em extinção. Algumas vezes incompreendida, provavelmente por transitar melhor no claro-escuro, na discrição das sombras, avesso que é a aparecer na luz mais intensa.


Sobre sua capacidade de serviço a classe empresarial, nenhuma prova parece mais evidente, que os quatro mandatos, como presidente da ACIJ, nenhum outro dos seus pares ocupou o cargo tantas vezes, e poucos o fizeram com tanto entusiasmo e dedicação, desatendendo inclusive a sua família e sua empresa, em prol dos interesses maiores da classe empresarial. Sacrifício e ânsia de servir, que pode ter sido mal interpretado, por uns e outros.


Do mesmo modo, as comendas, medalhas e homenagens, não conseguem plasmar o seu esforço denodado para que a celebração dos 150 anos da fundação de Joinville, fosse um sucesso. Ou a instalação em tempo recorde e superando todos os obstáculos, de uma subestação de energia, para garantir o fornecimento as maiores indústrias da cidade. Inclusive o seu empenho para que a UFSC se instalasse na curva do arroz, as margens da BR- 101, foram ações que capitaneou com firmeza e sem titubeio. Sem buscar colher mais méritos ou buscar outras recompensas, que a satisfação do dever cumprido de forma desinteressada e altruísta.


O modelo de gestão que o caracteriza e tem se convertido na sua marca pessoal, inspirado na época em que as empresas eram dirigidas, com pulso firme e de forma unipessoal, próprios de uma época e de um momento histórico. Que nele e no seu modelo de liderança parecem perdurar e se converter em eternos.


Inclusive o fato que ele mesmo tenha reconhecido em entrevista recente, o seu desejo, longamente cultivado, de concorrer a um cargo publico, o que entre os empresários, que o conhecem, sempre tem sido um segredo a vozes. Agora parece cada vez mais próximo e factível, depois da visibilidade adicional que a Associação empresarial de Joinville tem lhe proporcionado. Mostra o quanto de sacrifício pessoal ainda esta disposto a oferecer em prol da cidade que tanto ama e a que tanto deve.


A nova gestão da ACIJ terá virtudes e características muito diferentes, os associados e a comunidade perceberão a mudança desde o primeiro momento. Do mesmo modo que cada um de nós é singular é único, em quanto ser humano. O modelo que Udo Dohler representa não é repetível.


Publicado no Jornal A Noticia

Foto do Arquivo do AN

15 de dezembro de 2008

Para pensar acordado








Quando o homen não tenha deixado mais espaço para a natureza, pode ser que a natureza tampouco terá mais espaço para o homem

Stefan Edberg

7 de dezembro de 2008

Mais contribuições dos nossos leitores


O texto publicado pelo Cacau Menezes no dia 3 de Dezembro de 2008. | N° 8275, que transcrevemos a seguir em azul, despertou uma interessante troca de comentários e opiniões.

É impressionante, como dia a dia, este blog ganha consistência com a contribuição dos seus leitores, copio em azul, como sempre, a troca de textos e de opiniões.



Como tudo começa

Você quer saber como começa uma tragédia? É simples: autoridades, às vezes dos três poderes, permitem que se avance sobre a natureza, destruindo áreas que deveriam ser preservadas e que, no futuro, podem causar sérios problemas aos moradores que se instalarem no local. Muita gente ganha dinheiro e deixa o problema para quem se instala. Problema que só vai eclodir 10, 15 anos depois, quando ninguém mais vai lembrar quem começou tudo isso.

Neste exato momento, quando ainda se computam mortos e perdas do desastre ambiental em solo catarinense, o governo do Estado apresentou à Assembléia Legislativa o Projeto de Lei 347/08 para desanexar áreas do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, uma área da Mata Atlântica. O projeto tramita em caráter de urgência. Basicamente, propõe desanexar áreas da região costeira criando "Áreas de Preservação Ambiental" sob gestão das prefeituras, altamente manipuláveis pelo setor imobiliário. O Parque da Serra do Tabuleiro é fundamental, também, para o abastecimento de água da Grande Florianópolis.

Cabe à sociedade catarinense conversar com os seus deputados sobre o que deseja para o futuro do nosso Estado. Mais área verde ou mais tragédias.


O Arquiteto Arno Kumlehn escreveu esta resposta


COMO TUDO COMEÇA mal, termina...

Infelizmente grande parte das responsabilidades pela tragédia ocorrida em terras catarinenses (hoje e com certeza as do futuro) pode ser creditada como mencionado aos três poderes, porém não podemos esquecer de creditar ou estabelecer um percentual de culpa também à sociedade civil.

O solo urbano ou rural fica a mercê de interesses, onde normalmente os encastelados são gerentes de um grande balcão de negócios, como você mencionou.

Hoje tramitam na maioria das cidades brasileiras processos de “apagar das luzes”, propostos pelos executivos e legislativos municipais onde na maioria das vezes atendem interesses de apadrinhados ou financiadores da vida pessoal do homem publico ou de campanhas.

A sociedade civil deveria estar mais bem informada sobre os instrumentos de política urbana e o judiciário mais atento às movimentações que ocorrem sobre o tema.

A lei federal 10.257(Estatuto das Cidades) no seu artigo segundo diz: “a política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade... garantindo a cidade sustentável... de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente”.

A mesma lei obrigou todas as cidades a estabelecerem seus novos PLANOS DIRETORES, e estabeleceu dois novos itens importantes para a política urbana: gestão de democrática da cidade e estudo de impacto de vizinhança.

A lei é de 2001, portanto eu pergunto:

1. Qual das grandes cidades do estado já aprovou na integra o plano diretor e todas as suas leis complementares?

2. Qual grande cidade do estado já realizou a Conferencia da Cidade para eleger e, portanto formar o seu Conselho da Cidade?

3. Em que cidade catarinense foi discutido e aprovado um ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA quando da alteração de legislação ou implantação de um projeto que altere representativamente (um shopping, um loteamento, um corredor de ônibus) a paisagem urbana? Quando digo aprovado é por ser necessário a apresentação de medidas mitigadoras.

Enquanto a palavra DESENVOVER basear o planejamento urbano, continuaremos no futuro a pagar contas cada vez mais caras. Acredito que devemos mudar o verbo para PROSPERAR.


Hoje depois do brilhante texto do Apolinário ganhou ainda este PS, e acrescenta ainda referencias a entrevista do prefeito Marco Tebaldi, ou por sofrer um momentâneo ataque de amnésia ou por não querer se vangloriar da sua participação, esquece a forte contribuição que ao longo dos últimos anos, e foram muitos, teve como secretario da habitação, como vereador e como prefeito, na aprovação e consolidação da maioria de absurdos que foram feitos nestes mais de 20 anos.

O que o prefeito pode querer dizer, é que hoje, pela ação forte da sociedade organizada, do Ministério Publico e principalmente pelo maior acesso que a sociedade tem para defender suas opiniões...estes absurdos não seriam aprovados, pode ser que o prefeito tenha razão e tenha esquecido de destacar o porque não seriam aprovados.

O que é verdade e que não tem sido o aumento da honestidade, nem da seriedade e muito menos da competência nas nossas prefeituras, nem nas nossas câmaras de vereadores e muito menos nas nossas estruturas publicas de planejamento urbano as que Apolinario faz referencia no seu texto.


PS: Para complementar, boa leitura é AN geral/15 onde o Arq. Gilberto Lessa leia-se IPPUJ diz “que ainda não esta nada definido”, ou que a “construção de prédios pode ocorrer”. Ai o texto do Apolinário é cirúrgico: “em estruturas sofríveis de planejamento urbano... abarrotados de servidores. Necessitam de sopro de competência...” (eu diria de competências). Como também o nosso atual Burgomestre afirma: “Hoje, eles não seriam aprovados”. Bela afirmação para quem participou ou patrocinou nos últimos 12 anos das alterações da lei 27/96 a bem do dito do desenvolvimento. Para finalizar, o nosso governador em Rio Violento conta estórias e finaliza dizendo que a terra produz coisas da melhor qualidade. Esquece o governador que a melhor qualidade de sua terra é sua gente, que no momento não precisa de histórias e sim de ações. Por sinal essa gente tem muitas histórias tristes para escrever, escrita com tinta e papel em parte fornecidos pelos seus governantes.

Como diz meu amigo Mandelli, sobre o desenvolvimento :não precisamos desenvolver, precisamos PROSPERAR (do livro: Gestão da Mudança) e sobre as COISAS, existem dois tipos de pessoas: as pessoas que gostam de coisas, e as pessoas que gostam de pessoas (do livro: Muito Além da Hierarquia). Acho que não temos mais duvidas sobre as escolhas de nossos governantes...


Arno Kumlehn

Arquiteto e Urbanista

25 de novembro de 2008

Uma longa reflexão


Ao leitor mais desavisado pode parecer que as enchentes que vivemos, são resultado exclusivamente das fortes chuvas que de uma forma pertinaz, visitam Joinville, ou "Rainville" ou “Chuville” como uns e outros a chamam de maneira mais carinhosa, que critica.

As enchentes que Joinville viveu nos últimos dias, levam forçosamente a duas reflexões, a primeira é que a maré alta acontece diariamente, duas vezes ao dia, Não é por tanto uma novidade para os joinvilenses, acontecia inclusive muito antes que estas terras fossem ocupadas por caiçaras e tupis-guaranis. A maré de lua acontece com a regularidade de um relógio lunar a cada 28 dias, também desde tempo imemorial.

As fortes chuvas são também uma constante da região, desde o el Niño e la Nina, por tanto mesmo que estes acontecimentos sejam intensos, não podemos nos deixar surpreender, por algo que a natureza, teimosamente nos oferece como os amanheceres e os entardeceres.

Nada mais injusto que culpar a Natureza, e as inclemências do tempo pelos estragos e prejuízos que ocasiona, como dizia Moscatelli “A natureza não se defende... ela se vinga!!!

A segunda nos leva a procurar entender melhor, porque os estragos são cada vez maiores, porque o prejuízo para os cidadãos é maior e mais freqüente. Inclusive não tem sido poucos os depoimentos de joinvilenses, que a cada chuva, mesmo as menos fortes, tem sofrido enchentes e perdido os seus bens duramente conquistados, quando não a vida.

Dizer que ninguém pode ser responsabilizado pelas fortes chuvas e pelos estragos que ocasionam, parece um contra-senso, e mesmo assim permaneço forte na minha convicção que as enchentes, ou melhor, dito os estragos, as perdas de bens e o elevado custo social, econômico e ambiental não são causadas pelas fortes chuvas e sim ela imprevidência, a irresponsabilidade e a ganância.

Não é de hoje que temos enchentes no Morro do Meio, em Pirabeiraba, Quiriri, no Jardim Paraí­so, na Vila Nova (Annaburg e Neudorf), no Panaguamirim, no América, e no Centro, por citar alguns dos nossos bairros.

Sempre teve, porque a proximidade com a Serra do Mar e a topografia da planície onde foram construí­das as primeiras moradias na Colônia Dona Francisca definiram as condições e fazem de Joinville uma região sujeita a enchentes. O que mudou? O que mudou foi alem da impermeabilização (asfalto), o desmatamento, as terraplanagens (cortes e aterros dos morros), a construção de moradias junto às margens dos rios e canais que drenam as bacias hidrográficas da cidade, a autorização criminosa para a ocupação com loteamentos e ocupações regulares de Áreas que sempre foram sujeitas a enchente, Não é de hoje que o Rio Águas Vermelhas (Há registros oficiais de inundação do Ribeirão das Águas Vermelhas em 1852) inunda grandes Áreas da Vilanova ou do Morro do Meio, só que antes estas Áreas não estavam ocupadas e funcionavam como bacia de detenção para amortecimento das ondas de cheias, ninguém corria o risco de perder bens, os impactos na vida das pessoas eram menores), porque a área urbanizada da cidade era menor do que atualmente, bem como sua população. No caso da região da Estrada de Ilha sempre alagou, se perdiam a safra da agricultura, gado e inclusive vidas humanas.

Mesmo construindo em cota topográfica um pouco mais elevada que a topografia natural do terreno, a comunidade luterana da Estrada da Ilha sofreu muito com as inundações.

Quem autorizou a ocupação das áreas alagadiças? Se já desde o Plano Diretor de 1.973 Joinville conhecia, mesmo que superficialmente, o mapa das suas enchentes. A Comissão de Loteamentos e os demais órgãos da Prefeitura Municipal envolvidos na questão, precisam usar as ferramentas técnicas adequadas, por exemplo na Lei de Loteamentos, e de planejamento urbano antes de emitir licenças a respeito da implantação de loteamentos. Porque alguém autorizou loteamentos e residenciais em áreas que enchem a cada chuva? Terraplanar um imóvel antes de construir não garante que ele ficará protegido de eventuais inundações, pois a cota poderá ser superada na próxima enchente.

Deve ser responsabilizado quem autorizou a construção de casas e inclusive edifícios sobre os rios Morro Alto, Jaguarão e Mathias, inclusive muitas destas construções não tem Alvará de construção, estão irregulares portanto, comprometendo a manutenção e limpeza de rios e corregos e condenando grandes áreas da cidade a enchentes regulares a cada chuva, mesmo as menores e menos intensas.

Seguir o rastro do lodo, que trazem as enchentes, não é um trabalho difícil, os nomes de cada vereador que aprovou, em nome do desenvolvimento e da especulação imobiliária, as leis, que permitiram esta ocupação, de cada secretario que elaborou os estudos técnicos, se é que foram feitos, e de cada prefeito, que encaminhou projetos de lei reduzindo a permeabilidade da cidade para atender aos interesses da uns e outros e condenando outros cidadãos, população de baixa renda principalmente a viver sob a ameaça constante de enchentes a cada pingo d’água. Os nomes e sobrenomes estão ao alcance de quem quiser chafurdar na historia da Colônia Dona Francisca já desde a época de Hermann Guenther em 1850.

Para quem tiver interesse em conhecer melhor o tema das enchentes em Joinville, nada melhor que conhecer o trabalho de Wivian Nereida Silveira. Um material que deveria servir de base e referencia em todas as discussões sobre desenvolvimento de Joinville. Nele se encontram identificadas todas as áreas alagáveis de Joinville, localizadas por bairro. Ainda o estudo prova que a pesar das chuvas ter reduzido nos últimos 100 anos, seguindo uma tendência mundial, nacional e estadual, as enchentes em Joinville tem sido mais freqüentes e mais graves. Ainda denuncia a ausência de dados técnicos, mapas e material cartográfico que poderia servir de ajuda as autoridades locais, na elaboração de projetos, estudos e propostas e que hoje se encontram em Florianópolis no acervo do Deinfra.

E ainda acrescentar, a constante impermeabilização da cidade, que perde a cada dia os seus jardins e quintais, não constrói novas áreas verdes, não as exige por lei e não toma medidas para proteger as poucas que ainda permanecem.

A cada dia a água da chuva, sem espaço permeável para se infiltrar no solo, percorre com maior velocidade as ruas, calçadas e praças pavimentadas, em direção aos pontos mais baixos e em menor tempo se produzem enchentes mais graves, que não dão tempo a se proteger e defender. Um cenário que faz que a cada nova nuvem os joinvilenses olhem o céu com apreensão e temor.

Publicado no Jornal A Noticia

1 de setembro de 2008

Do blog do Laerte Silvino


Crescimento urbano x Arborização



A arborização urbana proporciona um embelezamento do local e, quando bem planejada e adequada, traz benefícios e qualidade de vida aos habitantes dos centros urbanos. As árvores atenuam as temperaturas, diminuem e amortecem os ruídos provocados pela poluição sonora, protegem ao reduzir a velocidade dos ventos e purificam o ar, atuando como filtros de poeiras e gases. Conservam, também, a umidade do solo, entre muitos outros benefícios. http://www.copel.com/manual_arborizacao/

Enquanto as grandes metrópoles se desenvolvem, menos arvores encontramos. É o monstro da urbanização “comendo” nosso verde.

30 de agosto de 2008

Pobreza e Riqueza








"Somos pobres porque acreditamos na distribuição e não na produção de renda"


Gerhard Enrich Boheme

21 de agosto de 2008

Pensando no futuro de Joinville


Quando em Joinville os candidatos apresentam projetos cada vez mais ousados e menos criveis, para o desenvolvimento da cidade e a definição do seu futuro. Este blog publica um texto de Gerhard Erich Boehme, que nos coloca uma visão diferente, a partir de olhar as pessoas, os cidadãos e entender as suas necessidades, as suas aspirações e especialmente a busca de uma vida com mais qualidade e a construção de uma cidade melhor. A reflexão que é muito interessante, poderia servir de referencia, não só para nossos candidatos a prefeito e vereador, também e muito especialmente para os representantes da sociedade organizada. Mesmo utilizando Curitiba como referencia, as suas considerações são perfeitamente validas para quaisquer outra cidade brasileira, inclusive Joinville.



A Costa Rica vem sendo apontada como um sucesso no que se refere à defesa da liberdade e suas conquistas sociais, todos os indicadores sociais, os quais, mesmo comparados com Cuba, são os melhores. Vale lembrar que em Cuba estes muitas vezes, ou melhor, na maioria das vezes são propositada e ideologicamente alterados ou de difícil comprovação. A começar pelos indicadores relativos à corrupção e ao exercício da liberdade, uma vez que os demais comprovadamente decorrem destes dois, da liberdade de empreender em especial.

Curitiba, uma das principais capitais do Sul do Brasil foi durante décadas apontada como tendo a melhor qualidade de vida dentre as grandes cidades brasileiras.


O que Curitiba e a Costa Rica tinham em comum?

- Em ambas a discriminação espacial era praticamente inexistente, mas por conta da forma como ocorre o direcionamento de seu desenvolvimento, tanto aquele país como hoje a Região Metropolitana de Curitiba, estão se tornando locais onde a qualidade de vida se deteriora rapidamente e já se encontra entre as piores do mundo, se igualando as demais regiões brasileiras, sem que o poder público possa, de forma eficaz, se fazer presente, em especial em termos de proteção contra à violência.

Não vou entrar no mérito de como a Costa Rica, através do profundo respeito à Filosofia¹) da Liberdade, conquistou a posição que hoje ocupa. Mas em Curitiba, onde em uma mesma rua se podia, e ainda hoje se pode ver, ao lado de verdadeiras mansões, casas simples de madeira, com seus cidadãos convivendo muitas vezes os mesmos problemas. Da padaria à farmácia, da escola ao transporte público são comuns. Assim como o convívio e dele decorrente, a solidariedade.

Mas com o crescimento desordenado que Curitiba sofreu nos últimos anos, retirando dela toda a característica de ter sido a maior cidade brasileira de colonização alemã, a qual foi responsável pela ocupação espaçada, com excelentes escolas e que se mobilizou de forma fantástica, isso a quase cem anos atrás, para ter a sua primeira Universidade no Brasil, a qual foi posteriormente federalizada. Hoje é conhecida como a UFPR e ela guarda consigo boa parte do patrimônio da antiga escola alemã, terrenos onde hoje se encontra o Hospital de Clínicas.

Pertencente à UFPR temos a sua Escola Técnica, a qual divide com o Colégio Martinus, Divina Providência e Colégio Bom Jesus a mesma história, durante décadas, desde a fundação. Formada por bairros bucólicos, hoje Curitiba sofre e promove indiscriminadamente também a discriminação espacial.

Por desconhecer ou desconsiderar o Princípio da Subsidiariedade, decisões foram sendo tomadas nas três últimas décadas, todas afastando de um crescimento sustentado e humano, seguiram a lógica da cultura da lombada – a de atuar no efeito e não na causa do problema - e da discriminação espacial. Vieram os condomínios fechados, a urbanização seletiva e as invasões promovidas pelo, hoje Governador, Roberto Requião, o qual pôs por terra todo um planejamento urbano, liderado pelo arquiteto Jaime Lerner, que conferia a Curitiba ser uma, senão a única cidade brasileira com um plano diretor efetivo, isto é, colocado em prática. Foi dele também o Plano Diretor original da cidade do Guarujá em São Paulo, abandonado por políticos demagogos.

Políticas públicas são fundamentais, e estas devem prever e rejeitar a descriminação espacial, pois é da discriminação espacial que nasce ou a partir dela concorre ao principal fator para o crescimento da violência e perda da qualidade de vida.

As soluções existem, sendo fundamental que os municípios tenham a Agenda 21 Local e o Plano Diretor.

Mas observem os candidatos a vereadores e prefeitos, poucos estão preparados para conduzir estes temas em consenso e com respeito ao Princípio da Subsidiariedade com a sociedade. Nada é discutido. Optam por defender e criar projetos demagógicos de “favelização” com seus conjuntos populares ou urbanização demagógica, seguem a “cultura da lombada”.

A discriminação espacial nestes casos é mais grave, pois geram a violência por uma série de razões, dentre as quais destaco:

1. não permitem que as crianças tenham espaço para brincar sob os olhos dos pais ou responsáveis, já que em tenra idade são “expulsadas” para as ruas, com todo tipo de influência negativa; fazendo com que a educação não venha de pessoas responsáveis;

2. as famílias não possuem condições, em seu espaço físico, de exercer uma atividade econômica, como uma oficina, um atelier, etc., nem hoje e muito menos no futuro;

3. as famílias, impossibilitadas pela área disponibilizada, não podem ampliar as suas construções de forma que tenham uma vida mais digna e que acompanhe o seu crescimento natural, com a chegada dos filhos ou mesmo a vinda de pais ou parentes em idade mais avançada;

4. as famílias ficam impossibilitadas de terem uma complementação da alimentação, através de árvores frutíferas, hortas ou criação de pequenos animais (galinhas, codornas, etc.);

5. as famílias, devido a irracional ocupação dos espaços, ficam privadas de sua intimidade;

6. as famílias ficam impossibilitadas de ampliarem as suas residências, conferindo a elas mais conforto, qualidade de vida e praticidade;

7. as famílias ficam impossibilitadas de investirem suas poupanças, tempo e recursos em suas residências, possibilitando o aumento natural do valor de seu patrimônio;

8. as famílias passam a ocupar o espaço sem preocupações com o ambiente que as cercam, criando e agravando os impactos ambientais e deteriorando o espaço urbano.

Eu poderia apontar mais de uma centena de justificativas, mas a questão é que esta irracionalidade não é combatida, o crescimento das cidades brasileiras é feito de forma violenta, e isso desde a quartelada que muitos chamam de “Proclamação da República”, com suas invasões, de forma irracional através do “enclausuramentovirificadas nos projetos com condomínios fechados ou ainda promovendo de forma mais vergonhosa a discriminação espacial, com seus conjuntos e moradias populares. E isso em um país com vastas áreas para seu crescimento.

Voltando à Costa Rica, inicialmente recomendo o excelente artigo que nos foi disponibilizado pelo Instituto Liberal, o qual reproduzo abaixo. Mostra o lado bom de uma economia livre. Por outro lado, e, como bem nos lembra o jornalista Luiz Carlos Azenha, a principal denúncia que se faz é que ela, a Costa Rica, está à venda.

Escreve ele que oitenta por cento das áreas nas praias mais populares do país, especialmente na costa do Pacífico, foram adquiridas por estrangeiros - principalmente americanos. Depois de comprar o Alasca, os Estados Unidos estão comprando seu próprio paraíso tropical. Quem encomenda as placas anunciando projetos imobiliários nem se preocupa em anunciar em espanhol. É tudo em inglês.

Existe uma infinidade de fatores positivos nisso, e Cuba também se envereda pelo mesmo caminho, com seus condomínios e hotéis internacionais, só que neste caso são completamente inacessíveis aos cubanos. A discriminação espacial é total, é uma imposição do Estado, exceto aos que nesta atividade encontram seus empregos.

A América Central é conhecida como um lugar que se promove dizendo o que não tem. No Panamá, anúncios no aeroporto dizem que o país é um bom destino para investimentos, entre outras coisas porque não enfrenta risco de terremotos, nem de furacões. Na Costa Rica o motorista de táxi repete o bordão segundo o qual está tudo bem. "Não somos El Salvador, nem Honduras", disse ele sobre a criminalidade. Nas cidades da Costa Rica, que é um país de classe média, a população se esconde atrás de cercas e de arame farpado.

Lá, como aqui em Curitiba, se diz que a criminalidade é atribuída “a estrangeiros”, especialmente imigrantes da vizinha Nicarágua, aqui às pessoas que vieram de São Paulo, Nordeste e alguns casos do interior, o que de fato não deixa de ser verdade.

Os indicadores sociais da Costa Rica são mesmo muito melhores que os de toda a região, com exceção de Cuba, ao menos os oficiais, e isso sem a necessidade de ter sua diáspora ou criar suas prisões políticas. O país não tem exército e montou um sistema público de atendimento médico e hospitalar de alcance universal. A geografia é linda: mar, montanhas e florestas tropicais. O terreno acidentado impede o agronegócio em grandes extensões de terra. É a geografia a serviço da estabilidade política. A Costa Rica tem um grande número de pequenos proprietários, o que garante uma distribuição de renda bem melhor que a média regional.

Assim como Curitiba, a Costa Rica tem no turismo uma das principais atividades econômicas. Curitiba conquistou a fama de ser a cidade ecológica, uma grande farsa, aqui se constroem os binários, o transporte público se deteriora dia-a-dia – com superlotação constante, se derruba árvores de forma indiscriminada, sendo uma das cidades que mais perdeu área verde nas duas últimas duas décadas. Cidades no seu entorno lembram a Araucária, a qual está praticamente extinta, Pinhais, São José dos Pinhais, Araucária e por que não Core-atuba – muito pinhão, como chamavam a nossa cidade. A Costa Rica já não depende tanto da exportação de café, banana e plantas exóticas. A contradição está em que a própria expansão do chamado "turismo ecológico" se dá às custas da destruição de florestas, do surgimento de novos condomínios onde a discriminação espacial é gritante, da falta de infra-estrutura para atender aos novos projetos. Os americanos adotaram a Costa Rica como refúgio depois da aposentadoria. O refúgio se dá por conta do aumento da discriminação espacial.

Citar cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, como as que possuem pior qualidade de vida, em especial para as populações mais pobres, não é novidade, mas a questão é que por conta da discriminação espacial posta em prática é que se chegou a este resultado. São formadas por favelas.


Qual é a vantagem que a Costa Rica leva com tal liberdade?

Como bem nos lembra também o Luiz Carlo Azenha, na Costa Rica, agora os condomínios para estrangeiros vão se espalhar de vez. O país fica a duas horas de vôo de Miami e a três de Atlanta. As praias americanas são feias. O país não tem floresta tropical. A Costa Rica tem praias lindas, muito verde, calor tropical e mão-de-obra barata. Além disso, por causa das estradas precárias e das montanhas, lá os americanos podem brincar com os jipes com tração nas quatro rodas, que nos Estados Unidos só usam para ir de casa ao supermercado.


Qual foi a vantagem para os curitibanos terem conquistado a fama de terem uma boa qualidade de vida?

Aqui somente se ampliou a discriminação espacial. Exceto com Lerner, os demais alcaides foram incompetentes em considerar esta questão, e muito menos realizam um trabalho conjunto com os municípios da região, os quais por conta da discriminação espacial se tornaram cidades dormitórios ou palcos de extrema violência. Cito esta palavra, alcaide, pois estes últimos prefeitos foram verdadeiros alcaides, nos dois sentidos da palavra, substantivo e adjetivo. Promoveram a discriminação espacial, sendo o então Prefeito Roberto Requião o pior deles, com suas invasões promovidas visando à conquista de massa de manobra e sua fábrica de votos.

Requião é o que promoveu em Curitiba a maior discriminação espacial de sua história. Incentivou, através de seu aparelhamento ideológico, pequenos agricultores ou cidadãos de pequenas cidades de interior a virem morar em Curitiba. É um dos que usa e abusa do conceito da “distribuição”, mas é incompetente na geração de riqueza, renda e qualidade de vida.


"Somos pobres porque acreditamos na distribuição e não na produção de renda, este resultado do empenho de todos quando se observa o esforço em poder competir com liberdade e dignidade, observando a Filosofia da Liberdade¹, o Estado de Direito, o Princípio da Subsidiariedade e se combate o clientelismo² e a demagogia política". (Gerhard Erich Boehme).

Sim, mas como sair desta situação e efetivamente combatermos a discriminação espacial.

Alguns pontos de ação são fundamentais. Devemos começar por exigir de nossos políticos que efetivamente sejam competentes no que se refere a Agenda 21 Local e o Plano Diretor, mas não só deles, mas de nós mesmos.

Para entender a importância desta questão recomendo que acessem: http://www.boehme.com.br/agenda21.htm ou entrem em contato comigo através do e-mail: agenda21@boehme.com.br ou iso14000@web.de e venham a saber como a Agenda 21 Local pode reverter muitos problemas que hoje estão fora de controle.

Outra questão fundamental é não aceitarmos, em qualquer lugar do Brasil, novos projetos que visam a discriminação espacial e para tal é fundamental cobrar das autoridades que:

1. Conjuntos populares a serem criados tenham terrenos com área superior a 800m², sendo o recomendado áreas de 1.000 a 1.500m²;

2. Novos condomínios devem reservar parte de sua área a casas populares e a pessoas cadastradas junto a órgãos públicos;

3. Nos casos em que forem criados conjuntos populares com a construção de pequenos prédios, estes deverão contemplar uma área verde e área destinada ao convívio social, como churrasqueira, quadras e parques infantis, a exemplo do que estava programado para Curitiba por parte do ex-prefeito Jaime Lerner e sua equipe e que, de fato, se tornou realidade em alguns bairros.

Se não tirarmos as nossas crianças da rua, dificilmente seremos competentes em construir um Brasil melhor e seremos também responsáveis por promover a discriminação espacial, a qual é muito mais grave que todo e qualquer tipo de discriminação, mesmo a racial, pois parte significativa de nossa sociedade não sofre os efeitos da discriminação racial, mas sim da discriminação espacial e ela atinge a todos, direta ou indiretamente através de seus efeitos.

Quando me formei em engenharia na UFRJ, constava no nosso convite de formatura o compromisso de combater as causas que levavam a criação das favelas, em especial a que tínhamos como vizinhos, a Favela da Maré, hoje uma das maiores e mais violentas do Rio de Janeiro. Nunca me afastei deste compromisso.

Hoje, por conta da violência, não posso mais ministrar minhas aulas lá no período noturno.

Mas confesso, com o tipo de político que temos e o que é pior, que escolhemos, é difícil colocar em prática este compromisso. Entendo que o combate a discriminação espacial é a melhor alternativa. Ou uma das poucas alternativas que temos, o que obriga também termos políticas públicas consistentes que promovam a interiorização de nosso Brasil, em especial observando o princípio da subsidiariedade, o qual é desconhecido ou ignorado pelos brasileiros. O investimento a novos negócios deve ser direcionado às cidades com menos de 300mil habitantes e a estados menos populosos. A liberdade de escolha deve ser do cidadão ou empresário, mas o incentivo deve ser público, consensado pela sociedade.

Recomendo a leitura do artigo “A produção do espaço diferenciado dentro da favela: uma visão dos moradores da Maré”, nele encontramos uma importante referência que o morador de uma favela possui da cidade e da hierarquia urbana.

http://www.tamandare.g12.br/IsimposioCD/extra/mare.pdf

“Devido a forma com que vem se apresentando, o processo de globalização conduz a cidade a um (re)ordenamento, na tentativa de atender as novas exigências do capital global, tornando o espaço cada vez mais fruto de uma lógica mercadológica, onde as classes menos favorecidas ficam à margem dos projetos públicos e privados.” (Fabricio R. Migon)

E para concluir, se não combatermos a discriminação espacial, seguramente estamos contribuindo para a segregação social, e dela decorrente, estaremos concorrendo para todo tipo injustiça que se produz dentro da sociedade, a começar pela violência que se inicia quando uma criança é colocada na rua, sem atenção daqueles que a amam ou a deveriam amar.

Se observarmos a Costa Rica, Cuba ou o Brasil, independentemente da linha ideológica posta em prática em cada país, os três possuem em comum a falta de políticas públicas que inibam a discriminação espacial.


¹ Filosofia da Liberdade: http://isil.org/resources/introduction-portuguese.swf

² Clientelismo:http://www.puggina.org/outrosautores/news.php?detail=n1207225935.news

Uma realização política...

Peça que seu político responda às seguintes perguntas quando este for apresentar um projeto para moradias populares:

a) Onde as crianças poderão ou irão brincar?

b) Como e onde os atuais moradores poderão fazer as reformas necessárias para conferir à residência condições para uma melhor qualidade de vida de seus moradores?

c) Como e onde os moradores poderão adequar a construção para conferir a ela espaço para o aumento da família?

d) Como e onde os atuais moradores poderão desenvolver uma atividade econômica que lhes permitam aumentar a receita familiar?

e) Como e onde os atuais e futuros moradores poderão auxiliar o orçamento doméstico com pequenas hortas, criações ou a produção de frutas?

f) Como a intimidade familiar pode ser preservada?

g) Como e quando os atuais moradores poderão ter contato com pessoas com renda superior ou inferior a delas?

h) Como os moradores poderão preservar o patrimônio que vai sendo conquistado com o tempo, tornando-as menos vulneráveis a furtos e roubos?

i) Como evitar a segregação das pessoas que residem neste tipo de habitação?

j) Onde poderão ser plantadas árvores e plantas? Onde ficarão as flores que encantam e tornam a vida mais humana?

Gerhard Erich Boehme
gerhard@boehme.com.br


Modernização joinvilense

No jornal A Noticia de hoje dia 21 de Agosto, o texto de Douglas Neander Sambati consegue com clareza e concisão chamar atenção sobre o processo modernoso que Joinville atravessa, excelente a comparação tanto com o Brasil imperial, como com a atitude bestializada dos cidadãos, eu prefiro termos menos fortes, como omissa, alienada ou negligente. O importante é destacar que esta atitude da população permite e ainda estimula que Joinville, como cidade e os joinvilenses como comunidade, estejam atravessando uma fase de falsa modernidade, mas voltada a criar uma cidade cenográfica, que uma cidade real, em que as pessoas sejam o foco e o objetivo principal das ações de governo.

Modernização joinvilense.

Por motivos acadêmicos, acabei conhecendo a obra de José Murilo de Carvalho "Os Bestializados". No primeiro capítulo, o autor destaca como a recém-instalada república brasileira resolveu modernizar a cidade do Rio de Janeiro para mostrá-la ao mundo capitalista que se afirmava, inserindo o Brasil nesse mundo comercial e trazendo vantagens, é claro, para uma pequena elite economicamente mais forte daquela cidade.

É dentro desse contexto, de uma república criada não para trazer a população ao governo, mas para tirar o poder do monarca e colocar nas mãos dos mais ricos, que José Murilo afirma que os brasileiros assistiram ao processo "bestializados". Enfim, há coisas neste mundo que permanecem ao longo da história.

As atitudes dos governantes no Rio foram autoritárias, excluindo o que era "feio" do centro urbano e deixando de lado a população mais pobre, que acabou por se refugiar nos morros. O objetivo? Transformar a cidade em um cartão postal! Não havia uma preocupação social efetiva. E podemos ver esse processo na cidade de Joinville facilmente hoje!

A elite econômica e governamental joinvilense quer inserir a cidade no contexto moderno nacional, abrindo suas portas ao turismo de negócios a todo custo, usando métodos que cem anos atrás contribuíram para que a antiga capital nacional fosse o que é hoje.

De uma maneira autoritária, cria corredores de ônibus, sem nenhuma preocupação social constrói Centreventos, bulevares e vias gastronômicas, enquanto reclama de falta de verbas para a saúde pública e a educação. Há aproximadamente dois anos a Prefeitura não repassa as verbas de bolsas para a Univille: oportunizar estudo para a população carente não rende festas de inauguração.

Acontece que novamente acabamos bestializados, somos deixados de lado em favor do interesse econômico de uma pequena camada da população. Em nome de um pequeno grupo de empresários, gastam-se milhões que poderiam estar criando condições melhores de vida a uma grande parcela de joinvilenses. Qual a prioridade: a bela cidade de cartão-postal ou a cidade mais justa para seus moradores?

( dnsambati@gmail.com )

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