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27 de novembro de 2008

Kafka era brasileiro (2)



Um dia quaisquer desta semana. Me tocou ir ao cartório. A fila é longa, a cadeira incomoda, as revistas colocadas para entreter a longa espera, não são novas. Uma Veja, que já perdeu a capa faz meses, fala do Ciro Gomes, como um forte candidato a presidente para enfrentar o candidato do PT. Por baixo estamos falando de 7 anos atrás.

Lidar com a nossa burocracia, é uma experiência capaz de deixar ao Santo Jô, sem paciência. Precisar deixar de trabalhar e ter que assinar um documento, para provar que eu, sou eu mesmo, tem a sua complexidade. E por estas e outras que nunca deixamos de ser o pais do futuro. Conto por baixo umas 35 pessoas esperando, se cada um perde, como eu, 40 minutos na fila, são mais de tres dias de trabalho perdidos, e isto só é uma amostra de pouco menos de uma hora. Se calculo uma media, rapidamente chegarei a mais de um mês de trabalho perdido, em filas desnecessárias, para poder provar que eu sou eu. Fora o tempo que cada um precisou para se deslocar até o cartório. Alguns parece que faltaram ao trabalho, meio dia perdido, para assinar a transferência do carro.

Kafka não poderia ter imaginado cenário mais perfeito, o cidadão pagando uma taxa, para assinar um documento, que prove que ele é ele mesmo, este documento e dezenas de outros devem ser autenticados, com o pagamento de novas taxas e novas perdas de tempo. Numa interminável corrente de tempo perdido e rostos cansados.

Será que alguém fez a conta de quanto tempo o pais perde, para atender esta e outras exigências desnecessárias? Ninguém mais lembra que os funcionários públicos, tem fé publica, que lhes permitiria facilmente agir de uma forma rápida, expeditiva e eficaz, facilitando a vida dos sofridos contribuintes, que vagam em longas filas, para carimbar, colocar sofisticados selos holográficos e pagar taxas e outros emolumentos, para manter uma estrutura burocrática, ultrapassada e na maioria das vezes inútil.

Quem não teve que solicitar uma negativa de débitos na nossa prefeitura?, Ou simplesmente precisou autenticar algum documento?, Quem sabe atender a alguma nova portaria do Detran?. Então você sabe, que a burocracia, que Kafka teve que enfrentar na sua Praga natal, não tinha ainda alcançado o elevado nível de perfeição da nossa melhorada durante décadas de trabalho criterioso e dedicado

Publicado no Jornal A Noticia
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