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Fecha: jueves, 9 de junio de 2016
Asunto: Pérolas
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Por Guilherme Fiuza
Ficou famosa a frase do bandido Elias Maluco, ao ser apanhado pela polícia: “Prende, mas não esculacha”. Era um apelo ético do torturador e assassino de Tim Lopes.
Agora, a opinião pública também poderia fazer um apelo ético ao governo Dilma. Especialmente ao ver a ministra Ideli Salvatti tomar posse recitando versos de Ivan Lins.
Ideli perdeu a eleição para governadora de Santa Catarina e ganhou de Dilma o cabide do Ministério da Pesca. Continuou remando firme até tomar o lugar do companheiro Luiz Sérgio no ministério das Relações Institucionais.
Luiz Sérgio foi acomodado no cabide da Pesca – criado por Lula para consolar os companheiros que ficam no sereno. Ainda teve que ouvir de Ideli: “Cuida bem dos meus peixinhos”.
É o momento mágico em que uma ex-senadora assume um cargo de despachante, e um ex-despachante assume um cargo irrelevante. E o Brasil só fala disso.
Não dá para entender direito por que esse balé particular das boquinhas do PT domina as manchetes. É assunto deles, ninguém tem nada com isso.
O que deveria interessar ao Brasil (além de um estudo sobre Palocci – o homem, o mito e o consultor) seria se o governo Dilma já tem data para começar, depois da temporada de pantomimas feministas.
Tudo bem. Governar é uma coisa muito trabalhosa, e compreende-se que Dilma e suas meninas não queiram falar sobre isso agora. Mas tentar fazer poesia numa hora dessas já é escárnio.
Saída da repescagem para o ministério do toma lá, dá cá, Ideli Salvatti ornamentou o momento histórico:
“No novo tempo, apesar dos perigos; Da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta; Pra sobreviver, pra sobreviver”.
O compositor Ivan Lins jamais poderia imaginar que seus versos fossem um dia celebrar “a luta para sobreviver” nas tetas do Estado.
Como se não bastasse, Luiz Sérgio filosofou sobre as águas da sua nova pasta: “Navegar é preciso, viver não é preciso”. Fernando Pessoa, quem diria, foi parar no Ministério da Pesca.
Em meio a tanta erudição no governo Dilma, só resta mesmo parodiar o clássico de Elias Maluco: “Engana, mas não esculacha”.
Políticos, quando precisam exibir eficiência ou amainar cobranças administrativas, cultivam o hábito de apelar aos técnicos. Uma categoria que no imaginário coletivo não carrega a pecha nem os vícios da política e dos políticos.
Foi assim que Lula, político de sensibilidade agudíssima, apresentou Dilma Rousseff: uma técnica competente, gerentona brava, dura, que corria longe das mazelas dos políticos profissionais. Aquela que tudo sabia sobre energia, a mãe do PAC, a que, de fato, mandava em seu governo.
Vencidos os palanques e a eleição, Dilma não prestou contas dos programas que coordenou para o seu padrinho, muito menos deu norte ou fôlego aos que prometeu iniciar. Projetos gerenciados por ela desde que assumiu a Casa Civil de Lula, há mais de quatro anos, empacam ou insistem em não sair do papel.
O de saneamento tem menos de 2% concluído, os de ferrovias não chegam perto disso. Só para citar alguns exemplos. Com ela na presidência, o PAC só executou 0,25% dos recursos previstos.
Dilma e a sua gestão se desentendem como se um fizesse oposição ao outro.
Um dos melhores exemplos é o Minha Casa, Minha Vida, menina dos olhos da presidente. O programa não consegue sair do lugar. Ao contrário, anda para trás.
Embora a Caixa Federal relate um milhão de casas em produção, menos da metade foi entregue e apenas 10% delas ao público alvo de até três salários mínimos. Ou seja: é impossível atingir a promessa de 60% de moradias para essa faixa de renda.
O maior problema, alegam, é o custo do terreno, especialmente nas grandes metrópoles. Ora, não é admissível que o programa tenha sido planejado sem levar em conta essa variável. Seria admitir uma incompetência sem precedentes.
Nem mesmo empreendimentos simbólicos escapam. O Residencial Nova Conceição, em Feira de Santana (BA), primeiro do programa, vendido e revendido a terceiros, virou caso de polícia.
O de Governador Valadares (MG) é ainda mais irônico. Inaugurado por Lula e Dilma em fevereiro de 2010, com fogos, textos e fotos no site da Casa Civil e no blog da então candidata ilegal e extra-oficial, o conjunto destinava-se a famílias removidas de áreas de risco, que hoje correm o risco de nada ter: as casas, erguidas sobre um lixão, ruíram, outras foram saqueadas, estão sem telhas ou fiação.
Não era bem essa a vida prometida.
Em Parintins, no Amazonas, a falta de senso é de arrepiar. Para dar lugar às casas foram derrubadas 207 castanheiras que sustentavam 130 famílias. Fora o absurdo de o governo ser o agente desmatador, é claro que a compensação, com o plantio de mais de mil árvores idênticas, não foi feita.
Ainda que fosse, só estariam maduras para garantir o sustento dos netos dos que perderam seu ganha-pão.
Tida como estreante na política, Dilma não deveria sê-lo como gestora. Ou, então, tudo não passou mesmo de uma bem sucedida encenação. Conseguiram criar, com sucesso inigualável, a figura da gerente eficaz. Falta só tirar o script do papel.
Mary Zaidan é jornalista, trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa, @maryzaidan
Navegavam há meses e os marujos não tomavam banho nem trocavam de roupa, o que não era novidade na Marinha Mercante britânica, mas o navio fedia.
O Capitão chama o Imediato:
- Mr. Simpson, o navio fede, mande os homens trocarem de roupa!
- Aye, Aye, Sir!
Reune os seus homens e diz:
- Sailors, o Capitão está se queixando do fedor a bordo e manda todos trocarem de roupa. David troque a camisa com John,
John troque a sua com Peter,
Peter troque a sua com Alfred,
Alfred troque a sua com Jonathan... E assim prosseguiu
Quando todos tinham feito as devidas trocas, volta ao Capitão e diz:
Sir, todos ja trocaram de roupa.
O Capitão, visivelmente aliviado, manda prosseguir a viagem.
É ISSO QUE VAI ACONTECER NO BRASIL NO PRÓXIMO GOVERNO...
Dilma ampara um lance de estelionato
De Elio Gaspari na Folha de São Paulo
Com a máquina parlamentar do governo e o apoio de tucanos vorazes, a doutora admite a volta da CPMF
DUROU EXATAMENTE três dias a lorota da redução da carga tributária propagada pelo governo e pela oposição durante a campanha eleitoral. Dilma Rousseff foi eleita no domingo e, na quarta-feira, docemente constrangida, disse que "tenho visto uma mobilização dos governadores" para recriar o imposto do cheque, a falecida CPMF, derrubada pelo Congresso em 2007.
Se ela acreditava no que dizia quando pedia votos, anunciaria sua disposição de barrar a criação de um novo imposto. No entanto disse assim: "Não pretendo enviar ao Congresso a recomposição da CPMF, mas não posso afirmar... Este país vai ser objeto de um processo de negociação com os governadores".
Quando um repórter insistiu, ela se aborreceu: "Considero que essa pergunta já está respondida".
Quem entendeu a resposta ganha uma viagem a Cuba. A "mobilização" vem de pelo menos 13 dos 27 governadores, inclusive o tucano Antonio Anastasia.
Nenhum deles, nem ela, teve a honestidade de defender a posição durante a campanha. Tentar empurrar a recriação da CPMF como coisa dos governadores é uma ofensa à inteligência do eleitorado que deu 55 milhões à doutora Rousseff.
Se ela começa o governo com tamanha passividade, vem coisa pior por aí. É preferível supor que a doutora soubesse da iniciativa, concordando com ela, desde que as cartas rolassem por baixo da mesa.
Dilma aceitou a enganação e perfilhará a ressurreição de um imposto derrubado pelo Congresso. Pior: um imposto em cascata, pois uma transação que envolve cinco cheques será taxada cinco vezes com a alíquota de 0,1%.
O apoio de Anastasia e a bancada do silêncio confirmam que o PSDB é capaz de tudo, menos de fazer oposição. Afinal, a CPMF foi criada e desvirtuada pela ekipekonômica tucana.
Em 2007, três governadores do PSDB trabalharam contra sua derrubada. O comissário José Eduardo Dutra assegura: "Todos, eu disse todos, os governadores são a favor da CPMF". Todos, inclusive Dutra, preferiram o lance de estelionato eleitoral.