12 de junho de 2008

Espaços para o lazer

É normal encontrar nos nossos centros comerciais, famílias completas, que a falta de espaços públicos adequados, tem feito destes templos do consumo o seu espaço de lazer.

Se por um lado é elogiável o empenho em oferecer espaços que possam suprir a carência de espaços públicos adequados e com qualidade, devemos lembrar, que não é possível imaginar que estes espaços destinados ao comercio, possam suprir as necessidades de uma população que cresce órfã de lazer.

Ao ver estas famílias, que transitam pelos corredores dos Shoppings, olhando as vitrines e os produtos em exposição, com valores, muitas vezes acima da sua capacidade consumo. Não posso deixar de fazer algumas reflexões. Sobre como as nossas cidades e Joinville, em especial, tem sido abandonadas pelas suas administrações municipais.

A discussão não é mas a falta de espaços públicos para o lazer e o descanso, na forma de praças e parques. A verdadeira discussão deve ser a falta de espaços públicos dignos e de qualidade, as nossas calçadas esburacadas oferecem mais perigo que segurança para os pedestres que nelas se aventuram. A arborização urbana, quando existente, esta em mau estado, sem manutenção e ainda ameaçada pelo próprio poder publico que dela é responsável e por ela deveria zelar. As poucas praças que existem, estão abandonadas, sucatadas a espera de faustuosas reformas.

Esta situação, me lembra uma historia que escute recentemente numa viagem. Quando abriram os primeiros grandes supermercados na Tunísia, no norte da África, as famílias se voltaram a freqüentá-las, famílias completas, pais, avós, filhos e netos, entravam em turbilhão nos novos templos do consumo, cada um da família escolhia um carrinho e se dedicava a percorrer com paciência de beduíno, cada um dos corredores, selecionando e escolhendo os melhores produtos, comparando preços, avaliando qualidade. Depois de horas de conscienciosa labor, a família em bloco se dirigia aos caixas, para um vez na frente deles, abandonar, tranquilamente os seus carrinhos abarrotados de produtos. Para desespero de gerentes. Sem comprar nada. Satisfeita a sua vontade, preenchido o seu tempo de lazer, numa deliciosa brincadeira, num ambiente seguro, climatizado e sofisticado, num agradável programa familiar.

Aos supermercados resta a tarefa de recolocar cada produto no seu correspondente lugar. As famílias resta a volta pra casa, cansados depois de uma longa caminhada, comentando com barulhenta algazarra a variedade dos produtos e a riqueza da oferta.

Fiquei com a impressão que as famílias tunisinas tinham encontrado o espaço de lazer que lês era negado.

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