7 de julho de 2008

A rua de todos

Ficou atrás na historia, o tempo em que a rua era espaço de ninguém, quando com um grito, se avisava que o conteúdo noturno do urinol, seria despejado. A rua era um espaço sem dono, que servia para depositar o lixo que não queríamos em casa.

Aos poucos este espaço não urbanizado, deixou de ser um buraco delimitado pelas edificações privadas, e foi ganhando importância e sendo valorizado. Hoje é o espaço de acesso as residências, o caminho de chegada e saída de mercadorias. É a partir das ruas que a cidade cresce e se estrutura. Recebe no seu subsolo as redes de água, gás e esgoto.

O espaço que não era de ninguém passou a ser um espaço de todos. Deixou de ser o espaço vazio entre os lotes, para ser a artéria através da qual a cidade pulsa e ganha vida.

A cidade precisa cuidar deste espaço, com uma atenção especial, porque do seu uso e desenvolvimento dependera a própria vida, a força da cidade que se estrutura a partir dela e delineara o seu futuro.

A rua é o espaço de transito, de passagem, de conflito, de alegria. É um espaço complexo que precisa ser compartilhado por todos. Ambiente de convívio obrigatório, que precisa de regras claras e bem definidas, que preservem os direitos e estabeleçam os deveres de cada um para a utilização deste espaço urbano.

A rua não acaba no espaço delimitado pelas fachadas dos comércios e residências, a rua esta formada pelas calçadas, pelas arvores que nos dão sombra, pelos sinaleiros que estabelecem o ritmo do nosso caminhar e que garantem a segurança do nosso passo e por todo o conjunto do mobiliário urbano.

A cidade esta composta pelas historias que transitam nas suas ruas, pelas vidas que ocupam as suas praças e parques, num tecido em que convergem as pessoas e os espaços. O passado e o futuro.

As ruas devem ser vistas por cada um de nós como o mais sagrado dos espaços, porque é o lugar de todos, e ninguém pode usurpar o espaço e o direito dos demais.

A forma como tratamos as nossas ruas, o respeito, ou a falta dele, com que são geridos os espaços públicos, são o melhor reflexo de como os nossos governos vem e tratam o cidadão. As pessoas não são tratadas de uma forma diferente, as ruas somos nos, as nossas ruas são e representam o espelho das nossas vidas.

Da mesma forma que não podemos conviver com aquela vizinha que mantem limpa a sua casa empurrando com a força da sua vassoura a sujeira para fora. Devemos nos preocupar com os buracos, devemos exigir que cada rua ostente em local de destaque e visível para todos a placa indicativa da sua denominação, porque é através das ruas que se escreve a historia da nossa cidade. Não podemos conviver com o abandono, com o descaso, com as valas a céu aberto, com o estado das nossas ruas, porque nós não somos assim, ou será que somos?

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