A criação de um número maior de foros democráticos, para que a sociedade possa se manifestar e possa desta forma ter uma maior participação na elaboração de políticas publicas, de propostas e projetos é uma constante nos dias de hoje.
A partir de uma abordagem supostamente democrática, os conselhos são criados de cima para baixo, com uma autonomia restrita, e na maioria das vezes, com caráter meramente homologatório, entidades como ACIJ, CDL e os sindicatos, sejam de trabalhadores ou patronais, participam de dezenas de conselhos, com o que conferem legitimidade a decisões e projetos, que não sempre foram discutidas com a sociedade de uma forma aberta, participativa e transparente.
No poucas vezes, o representante de uma entidade, acaba defendendo o seu ponto de vista pessoal, porque as próprias entidades não dispõem das ferramentas de consulta aos seus associados, criando a figura do conselheiro representativo, que não representa.
Friederich Niestche escreveu que para os políticos a sociedade esta divida em dois grupos, os que são instrumentos e os que são inimigos.
É fácil entender que na maioria destes conselhos, mais de representação que representativos, criados pelo poder publico, para criar uma halo de legitimidade, e formados na sua maioria pelas entidades e pessoas que o próprio poder identifica como os seus instrumentos, na concepção niestecheana. Sem permitir que os setores representativos da sociedade, tenham voz e voto.
Frente a esta iniciativa falaz, a sociedade se organiza em entidades representativas, participa a traves de audiências publicas, utiliza os espaços democráticos e se defende, com a sua ação.
Criar mais conselhos, sem permitir a participação das entidades que representam a sociedade e sem garantir a necessária independência e a sua gestão democrática e participativa é fazer chacota com a participação popular e com o dever de contribuir, que todos temos, para construir uma sociedade melhor e mais justa. É prestar um desserviço a tão propalada democracia. Serve só para criar mais ambientes chapa-branca, expressão popular utilizada, para denominar aquelas pessoas ou entidades que estão permanentemente alinhadas com o poder.
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