30 de janeiro de 2011

Vencedores e Vencidos


Radicalismo perigoso

Um dia sim e outro também nos deparamos com as declarações dos agentes públicos que respondem pela gestão desta cidade e que definirão uma época do seu futuro, pelo impacto positivo ou negativo das ações que executam.

Desempenhar cargos públicos implica a capacidade de conciliar, de escutar, de buscar e construir relações harmônicas entre todos os elementos que formam a sociedade.

Converter a construção do modelo de cidade num campo de batalha, num espaço para o confronto, com vencedores e vencidos é uma visão perigosa. É uma visão dos revolucionários caducos do século passado, que acreditavam que a luta seria nas barricadas, no confronto rua a rua, quadra a quadra. O perfil que Joinville precisa é de conciliadores confiáveis e não de incendiários radicais.

Em azul as transcrições publicadas neste final de semana no jornal A Noticia, em preto os comentários deste blog.

Portal A Noticia

Somente depois que os vereadores aprovarem a Lei de Impacto de Vizinhança é que deve entrar em discussão a Lei de Uso e Ocupação do Solo.

Não existe relação entre uma coisa e outra, a ordem da apresentação por parte do executivo, impede o estudo e analise de cada lei e a sua interdependência com as demais que formam o Plano Diretor. Ainda a Lei de Impacto de Vizinhança na proposta encaminhada pelo executivo, que não foi aprovada pela totalidade das Camaras que formam o Conselho da Cidade, deixa de fora a maioria dos empreendimentos de maior porte.

Considerada uma das mais polêmicas de todo o processo, a legislação vai dizer para onde a cidade vai crescer, onde serão construídas as casas, quantos andares terão os prédios, que tipo de comércio pode ser instalado em tal rua, e por aí vai.
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No final das contas, considerando que se levou três anos para aprovar o Plano Diretor e outros dois anos para se aprovar o Macrozoneamento, vai ser quase um milagre se a Câmara de Joinville conseguir votar essas outras duas leis em 2011. “Será uma batalha por rua. Sabemos das dificuldades que encontraremos”, fala o arquiteto Luiz Alberto de Souza, presidente do Ippuj.

O presidente do IPPUJ evidencia nesta declaração a forma errada como o processo esta sendo conduzido pelo executivo municipal. A estratégia adotada é a do confronto com a sociedade. Só existirá uma batalha, pela incapacidade do executivo de unir a sociedade em torno de um projeto comum de cidade, com diretrizes claras e conceitos e princípios transparentes. A luta rua a rua, forma parte do discurso obtuso de quem busca o confronto constante com a sociedade. Dele também frases como “isto é um jogo de futebol, uns ganham, outros perdem e os que perdem devem aceitar a derrota”.

A visão de ganhadores e perdedores colocada pelo presidente do órgão de planejamento de Joinville, que ainda acumula a presidência do Conselho da Cidade é uma visão perigosa e explosiva. Seria mais conveniente para este momento delicado, um perfil menos propenso ao conflito e menos radical, alguém com um perfil conciliador. O resultado seria melhor para todos.

Um comentário:

  1. A visão do maestro do planejamento local sugere que, ao ter a função de reger a orquestra para um concerto ao colocar a partitura do Plano Diretor em prática, que é bela e harmônica, se guiará pelo som dos músicos talvez de seus instrumentos e menos pela harmonia desejada no conjunto da obra proposta. Faz sugerir que o andamento se dará pela compreensão da partitura por cada um dos músicos, cada qual interpretando-a de sua forma, muitos sem qualquer noção de tempo, espaço, função ou harmonia. O maestro então, ao invés de pegar a batuta, criar, reger a orquestra e criar uma obra de arte, ficará olhando os diversos musicos, cada qual com seu instrumento, competindo de alguma forma para ser o mais ouvido, o mais presente ou o mais barulhento, dando assim o tom da música. Olhando o ensaio, dá para se ter uma idéia de como será o concerto ao final...
    A arte de ser maestro é, acima de tudo, ter liderança, conduzir a orquestra com equilíbrio e harmonia, saber ler a partitura e interpretá-la na direção da composição, conhecer cada instrumento bem como a sua função, entender a especialidade de cada um dos musícos, saber dispô-los no palco a fim de que não haja ressonâncias, superposições nem conflitos. É necessário saber escolher os instrumentos adequados, fazer com que os musicos estejam aptos, fazer ensaios, muitos ensaios até chegar a melhor forma de apresentar o concerto a platéia.
    Corremos ainda o risco de ter outros conhecidos maestros de coxia dando o "ponto" no ouvido do maestro principal, tentando mudar a partitura, o tom da música, a harmonia e talvez até o tema, cada qual querendo o som que lhe agrade mais, despreocupados com a harmonia ou mesmo com a platéia, ansiosa por uma musica que seja agradável a todos. Assim é que, de forma simbólica, estamos caminhando e, a declaração do maestro é absolutamente preocupante já que, no prelúdio, o resultado foi absolutamente caótico e desconcertante (agora é possível entender o significado desta última palavra). Creio que os compositores da partitura deveriam exigir o respeito a obra original.

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