11 de janeiro de 2011

Tem gente vendendo ar (*)


Licitação e tarifa de ônibus


O recente aumento do transporte coletivo voltou a colocar na mesa a idéia que a inclusão de novas empresas permitira que o preço baixe ou no mínimo deixe de subir. Destacadas figuras da administração municipal, os mesmos que tradicionalmente tem ataques furibundos de verborragia, alimentam a idéia que Joinville deve ter três empresas, porque a entrada de mais empresas servira para estimular a concorrência e teremos tarifas menores.


Imaginar que maior numero de empresas representará preços menores, é vender ar, confundir a sociedade e representa um atestado de estultícia de quem administra hoje o sistema. Porque mais empresas não representa menor preço na tarifa? Inicialmente lembrar que estamos falando de transporte coletivo urbano. O modelo de passagem integrada que Joinville adotou, impede que os preços baixem, ou que empresas com custos diferentes possam praticar preços diferenciados. É um modelo que não estimula a excelência e a competitividade. O calculo da tarifa se baseia numa planilha que utiliza um índice denominado IPK (Índice de Passageiros x Quilometro) quantos menos passageiros transportados por quilometro rodado a tarifa será maior. Ainda outros fatores como o preço dos insumos, os salários e os combustíveis incidem sobre a tarifa.


Continuar mantendo o mesmo modelo de transporte publico representa a certeza que o numero de passageiros continuará caindo e a tarifa aumentará a cada ano acima da inflação. Continuaremos escutando as desculpas esfarrapadas dos administradores de plantão e assistindo a representação de teatro das empresas que pedem mais do que sabem que receberão e do prefeito que sempre concede menos que o desejado pelas empresas e mais do que o população espera.


Joinville só poderá construir um modelo de mobilidade urbana adequada, quando se pense em atender os interesses de toda a sociedade. Se contemplem todas as alternativas de transporte individual e coletivo. Se passem a priorizar pedestres e ciclistas nas distancias curtas e se estabeleça uma política publica justa. Em quanto a mobilidade urbana seja tratada com a demagogia e amadorismo com que tem sido tratada até hoje, a próxima tarifa continuará sendo maior que a inflação e o numero de passageiros continuará diminuindo.

Um comentário:

  1. A idéia de que mais empresas levariam a uma concorrência no sistema de transporte coletivo e, com isto, a uma redução da tarifa, é tão falha como afirmar que a Prefeitura, Seinfra ou IPPUJ controlam e gerenciam o sistema. O sistema de transporte coletivo é totalmente gerido pelas permissionárias e, portanto, elas tem igual responsabilidade pelos resultados e pelo estado de coisas. Outras situações externas contribuem sim para onera-lo mas é necessário entender que o transporte público é essencial em qualquer sociedade moderna e como tal deve ter uma visão menos mercantilista e mais social. Ou seja, a linha de proteger o seu negócio com tarifa é igualmente equivocada e danosas. Toda iniciativa que visa atender a sociedade, como a gratuidade aos idosos, é simplesmente tratada como ônus e não como um direito. Financiá-la é apenas uma questão de inteligencia. Enquanto o tema central não surge, todos ficam bem quietinhos em seus cantos evitando mexer no "ninho de marimbondo". Ora, para resolver o problema é necessário estratégias que se iniciam por um profundo diagnóstico das necessidades de transporte, dos modelos e tecnologias disponíveis, qual cidade queremos levando a uma política de mobilidade a custos acessíveis. Não gerenciar nem fiscalizar o sistema de transporte coletivo, que é um serviço público, leva-o a ser permissivo com possibilidade de desvios de toda a ordem, a ponto de ninguém saber ou poder afirmar exatamente onde está o furo. Na falta de controle a culpa sobra para o usuário, em forma de aumento da tarifa. Se a lógica exposta no post é correta, também é correta que depois de mais de 30 anos alguém já devia ter tomado alguma providência e as operadoras ao longo do tempo tem a sua parcela de resposnabilidade. Ou não!

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