SÃO PAULO - "As pessoas precisam morar." A declaração é do coordenador da Defesa Civil de Santa Catarina, major Márcio Luiz Alves, e foi proferida (ou cuspida) após ser questionado pelo repórter Evandro Spinelli sobre as ocupações irregulares no Estado e a falta de fiscalização.
A causa da tragédia catarinense não é a chuva, mas a irresponsabilidade de quem permitiu que milhares de pessoas vivessem em locais perigosos, nas encostas dos morros ou nas várzeas dos rios. A maioria dos mortos não foi vítima da água, mas, sim, da terra ou do tijolo que caiu sobre suas cabeças.
Era obrigação do poder público mapear as áreas de risco, combater o desmatamento nos morros, fazer obras de prevenção onde isso era possível ou simplesmente impedir a ocupação onde não era.
Nada foi feito, apesar dos "avisos" freqüentes: só na cidade de Blumenau foram 32 inundações em 24 anos (1980-2004).
Como já dizia Joelmir Beting na Folha, em 1983, ao tratar em sua coluna do impacto econômico das enchentes no Sul, a "natureza não se defende, apenas se vinga".
Rio enche em Itajaí, em Paris ou na China. Sempre foi assim, sempre será. Inundação ocorre quando o homem ocupa o reservatório natural da cheia. Como em São Paulo, cidade que teve a brilhante idéia de construir seu mais importante sistema viário -as marginais- na beira dos rios Tietê e Pinheiros.
O próprio coordenador da Defesa Civil catarinense não nega que a ocupação irregular ajudou a potencializar riscos e que houve falha de fiscalização. "Qualquer um sabe que não pode ocupar as áreas, que tem de tirar a população", afirma.
Apesar disso, no que deveria ser considerado como seu pedido de demissão, completou: "Quero ver quem é que vai fazer". Major, é isso mesmo, alguém tem de fazer.
ROGÉRIO GENTILE - FSP
A Associação Empresarial de Joinville – ACIJ fica devendo ao povo de Joinville e de Santa Catarina um posicionamento firme e uma mobilização efetiva para oferecer auxílio aos municípios do nosso Estado. Em sua última reunião do ano, a presidência reservou seu espaço para ouvir o Prefeito e fazer graça com o governo, mas nada apresentou, de forma cabal e estruturada para atender e dar apoio as vitimas da difícil situação do Estado. Ouvi de um empresário nesta semana uma frase que me deixou estarrecido e talvez explique o pensamento da entidade. Disse o empresário: “para mim a enchente de Blumenau foi uma boa, aumentaram os meus pedidos” Esta triste afirmação provavelmente veio em decorrência de que algum concorrente tenha tido dificuldades. Antes de escrever este texto fui conferir no site da entidade para ver se ali continha alguma notícia ou campanha em favor dos atingidos pelas enchentes. Não encontrei nada, nenhuma manifestação, nenhuma chamada nem mesmo uma notícia. Confirma-se então que a mais importante entidade empresarial de Santa Catarina depois da FIESC lavou suas mãos frente ao estado de calamidade pública que vive Santa Catarina. A infra-estrutura do Estado sofreu danos imensos e ainda não todos mensurados, milhares de pessoas (trabalhadores) encontram-se desabrigados, centenas de micro, pequenas, médias e grandes empresas sofreram prejuízos, algumas a ponto de encerrar suas atividades. Neste contexto tão dramático, não se ouviu uma só palavra nem manifestação oficial da entidade para mobilizar os empresários de Joinville em favor dos irmãos catarinenses. A grande ação restringiu-se ao cancelamento das comemorações de final de ano, atitude minúscula e decepcionante. Esta situação mereceria uma vigilância permanente, a constituição de um grupo de avaliação de riscos, um elenco de medidas para auxiliar e atender entidades que se encontram, no momento, desestruturadas e necessitadas de apoio. Dentro do espírito de solidariedade há uma questão de reciprocidade, que não deve ser entendida como condicional, mas pode ser significar que um dia podemos estar numa situação de fragilidade a qual necessitaremos de apoio dos nossos irmãos e vizinhos. Santa Catarina precisa de instituições fortes, comprometidas não apenas com o seu umbigo. É um engano pensar que os problemas que Santa Catarina irá enfrentar no futuro não serão sentidos em Joinville. Muitas das cidades afetadas, não são compostas apenas de concorrentes, são compostas por empresas fornecedoras, clientes, prestadores de serviço e, principalmente consumidores. Fica a lamentável impressão de que para a atual diretoria, a catástrofe é um bom negócio.
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