1 de dezembro de 2008

Carta recebida do Rio de Janeiro


Estamos acompanhando com muita aflição as enchentes aí em Santa Catarina. A CPRM-Seviço Geológico do Brasil esta com equipes na área. Estou planejando um projeto na região do vale do Itajaí, multidisciplinar e multiinstitucional, para ver se acabamos de vez com essas catástrofes. Algumas coisas não têm solução. A construção de novas casas não podem jamais ser feitas nas áreas afetadas, onde nunca deveriam ter sido construídas.

É um crime as prefeituras dessas cidades (e de muitas outras em todo o Brasil, permitirem povoar uma região de planície de inundação em confluência com planície de maré. Infelizmente, nós geólogos, que entendemos desse assunto, nada podemos fazer contra a ignorância desses gestores municipais. Temos feito medidas de mitigação e adaptação, conjugadas com ações de educação ambiental, conscientização de comunidades e capacitação técnica de técnicos da defesa civil e das secretarias de meio ambiente, obras e recursos hídricos estaduais e municipais. Tudo isto nos revolta muito e ao mesmo tempo nos dá uma grande sensação de impotência, principalmente porque sabemos o que fazer. Pergunta quantos geólogos-geotécnicos-hidrólogos existem no estado e nessas prefeituras. Com certeza cabem todos em um Fusca, como a torcida do América aqui do Rio. Agora veja quantos engenheiros e construtores existem. Com certeza muitos, construindo e construindo, sem estudos geológicos-geotécnicos adequados, aliados à irresponsabilidade daqueles que concedem os alvarás nessas áreas.

A CPRM, depois daquelas enchentes de 1983 e 1984, operou a rede de estações hidrometeorológicas e pluviométricas da ANA (opera no Brasil inteiro, são milhares de estações, temos sistemas de alertas de enchentes em Manaus, Pantanal, Rio Doce e Rio Paraíba do Sul) no vale do Itajaí. Nessa região, testamos com sucesso uma nova metodologia, também aplicada em Governador Valadares (MG), conseguindo uma resposta rápida de enchentes, inclusive fazendo simulações e mapas de áreas inundáveis em Itajaí e Blumenau, na segunda metade da década de 80. Depois, por problemas políticos, durante o governo FHC, a rede federal passou para o estado e depois para a EPAGRI. Enquanto isto, muitos estados vem passando a operação da sua rede para a CPRM, integrando a rede federal à estadual.

É verdade que a chuva foi completamente fora dos padrões, como aquela de 1983, mas não tem nada a ver com Mudança Climática, como a Globo diz como papagaio de pirata. Aliás, nós geólogos e outros cientistas em todo o mundo estamos escrevendo muito sobre o assunto, tomando uma posição contrária a esses físicos e meteorologistas que vem criando um dogma científico, com o auxílio da mídia ignorante e muito capital interessado em adquirir créditos de carbono com instalações complexas de captura e armazenamento de carbono.

Ressalto que a posição contrária é alicerçada em pesquisas científicas consistentes que vem destruindo um a um os argumentos deste tal de Aquecimento Global. Quem não acompanha os detalhes e nuances desta história dos modelos do IPCC, desde a ECO92 (em que participei), fica exposto as mentiras e falácias, que falseiam dados que induzem a previsões catastróficas sem dados que as embasem, enganando populações, outros cientistas e governos por todo o mundo.

Devemos com certeza impedir o desflorestamento, a poluição das águas, a diminuição de gases do estufa, etc. de modo a melhorar a qualidade do ar que respiramos e a sustentabilidade da melhoria do bem-estar (no sentido amplo) do homem, com justiça social, ambiental e equidade, e não porque o mundo vai acabar amanhã, porque não vai não.

Peço para voce divulgar este meu e-mail para quem voce quiser.

Paulo

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