Gostaria de, ao ler o texto, fazer uma claro paralelo, com a situação que encontrara o prefeito eleito Carlito Merss, ao assumir a prefeitura Municipal de Joinville.
O negrito de algumas partes do artigo, são nossos e tem por objetivo, destacar e facilitar a leitura de alguns pontos que parecem mais importantes.
Os desafios que Carlito Merss, tem pela frente não são poucos, alem de começar a trabalhar desde o primeiro momento, terá que dedicar um esforço adicional a desarmar as armadilhas que o prefeito Tebaldi e sua equipe tem deixado espalhadas pelos peabirus complexos e burocráticos da administração municipal. Ninguém poderia por outro lado esperar entusiasmo do prefeito derrotado, e Carlito deve estar atento a isto.
Desfazer a imagem de corrupção desta administração, seja ela verdadeira ou não, requererá um enorme esforço e já nos primeiros dias o novo prefeito terá oportunidade de sinalizar aos joinvilenses o seu perfil e a sua forma de ser, não faltarão oportunidades já antes do Carnaval.
PAUL KRUGMAN
DO "NEW YORK TIMES"
OS TEMPOS mudaram.
Em 1996, o presidente Bill Clinton, sob ataque da direita, declarou que "a era do governo grande acabou".
Mas o presidente eleito Barack Obama, propelido por uma onda de repulsa àquilo que o conservadorismo causou, diz que deseja "fazer do governo uma vez mais algo de positivo".
Antes que Obama possa tornar o governo positivo, porém, ele terá de torná-lo bom. De fato, ele terá de ser um goo-goo.
"Goo-goo", se vocês não sabem o que quer dizer o termo, é uma expressão secular que designa os proponentes de um bom governo ("good government"), reformistas que combatiam a corrupção e o compadrio. O presidente Franklin Roosevelt foi um dos grandes goo-goo, e tornou o governo a um só tempo muito maior e muito mais limpo. Obama terá de fazer a mesma coisa.
Seria desnecessário dizer que o governo Bush representa um exemplo extremo de "anti-goo-goo". Mas os adeptos de Bush jamais tiveram de se preocupar com governar bem e de maneira honesta. Mesmo que fracassassem em seus postos (como o fizeram tantas vezes), podiam alegar os fracassos mesmos como confirmação da validade de sua ideologia de antagonismo à idéia de governo, e como demonstração de que o setor público não é capaz de fazer coisa alguma direito.
O governo Obama por outro lado, se verá em posição semelhante à que o "New Deal" enfrentava nos anos 1930.
Como no caso do New Deal, a administração que está chegando terá de expandir vigorosamente o papel do governo no resgate à economia debilitada.
Mas também como na era do "New Deal", a equipe de Obama enfrenta oponentes políticos que aproveitarão quaisquer sinais de corrupção ou abuso, ou os inventarão, se necessário, para tentar desacreditar o programa da nova administração.
Roosevelt conseguiu navegar em segurança por essas águas políticas traiçoeiras e melhorou fortemente a reputação do governo enquanto o expandia imensamente. Como define um recente estudo do Serviço Nacional de Pesquisa Econômica, "antes de 1932, a administração da assistência pública era vista por todos como politicamente corrupta", e os imensos programas de assistência do New Deal "ofereciam uma oportunidade de corrupção única na história do país". No entanto, "por volta de 1940 as acusações de corrupção e manipulação política haviam diminuído consideravelmente".
Como Roosevelt conseguiu expandir o governo e mantê-lo limpo?
Uma grande parte da resposta está na fiscalização incorporada desde o início aos programas do New Deal. A Administração de Progresso de Obras (WPA), em particular, tinha uma poderosa divisão independente de "investigação de progresso", cuja função era investigar queixas de fraude. A divisão era tão diligente que, em 1940, quando um subcomitê do Congresso estudou a Administração de Progresso de Obras, não conseguiu encontrar nem ao menos uma irregularidade séria que a divisão não tivesse detectado.
Roosevelt também garantiu que o Congresso não enxertasse medidas politiqueiras nos projetos de lei de estímulo; não havia verbas reservadas a fins políticos nas leis que criaram a WPA e nas demais medidas de emergência.
Por fim, mas não menos importante, Roosevelt criou um elo emocional com os americanos da classe trabalhadora, que ajudou a sustentar seu governo em meio aos revezes e fracassos em seus esforços para resolver os problemas econômicos.
Que lições a equipe de Obama tem a extrair disso?
Primeiro, a administração do plano de recuperação econômica precisa ser muito limpa.
Considerações puramente econômicas poderiam sugerir certos expedientes sorrateiros com o objetivo de promover uma adoção rápida das medidas de estímulo, mas o aspecto político da situação requer grande cuidado para determinar como o dinheiro poderá ser gasto. A fiscalização é crucial: os inspetores gerais terão de ser fortes e independentes, e os responsáveis por denúncias terão de ser premiados, e não punidos como o foram nos anos Bush.
Segundo, o plano tem de estar completamente livre de gastos motivados por considerações políticas. O vice-presidente eleito Joseph Biden recentemente prometeu que o plano "não se tornará uma árvore de Natal" -o novo governo terá de cumprir essa promessa.
Por fim, a administração Obama e os democratas em geral precisam fazer tudo o que puderem para promover a formação de um elo com o público semelhante àquele de que Roosevelt desfrutava. Pouco importam os resultados favoráveis de Obama nas pesquisas atuais, baseados na esperança de sucesso. Ele necessitará de uma base forte de apoio que continue ao seu lado mesmo quando as coisas não estiverem indo tão bem.
E preciso dizer que os democratas começaram mal quanto a isso. A tentativa de coroar Caroline Kennedy como senadora parece confirmar 40 anos de propaganda conservadora de denúncia às "elites liberais". E tenho certeza de que não fui a última pessoa a fazer careta ante as reportagens sobre a casa de luxo que os Obama alugaram para férias na praia. Não porque haja algo de errado em a família do presidente eleito tirar férias agradáveis, mas por que o simbolismo importa, e aquelas não eram as imagens que deveríamos estar contemplando em um momento no qual milhões de norte-americanos estão aterrorizados quanto às suas finanças.
Está bem, a história mal começou. Mas é exatamente esse o ponto. Reparar os problemas econômicos requererá tempo, e a equipe de Obama precisa começar a pensar já, enquanto as esperanças ainda são fortes, sobre como acumular e preservar capital político suficiente para realizar o trabalho até o fim.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Então, tá...
ResponderExcluirFicamos assim: depois do carnaval volto para te cobrar menos ingenuidade e mais realismo, falou?
Caro Alvaro, justamente por ver com preocupação o cenário joinvilense, pensei que seria interessante traçar um paralelismo entre um e outro.
ResponderExcluiralertando para os riscos que entranha o poder, a falta de transparência e o isolamento da realidade.
Se o novo prefeito saberá navegar em aguas tão traiçoeiras, começaremos a saber em pouco tempo.
Se a tripulação tem a experiência e esta calejada, para o que vem pela frente, são as duvidas que você. como muitos outros leitores também tem.
Abraço