21 de dezembro de 2009

Tolerância Zero

Tolerância Zero


A passagem de Rudolf Guilliani, por estas paragens, reavivou em uns e outros o termo “Tolerância Zero” a filosofia que na década de 90, o ex- prefeito de Nova York pôs em pratica e serviu para moralizar, impor segurança e se converteu num modelo de gestão, não só da segurança publica, principalmente um modelo de gestão urbana.


A redução de 77% nos índices de criminalidade, serviram de prova do sucesso do modelo, que se alicerçou no combate aos pequenos crimes, os denominados “Broken Windows” a política consistia, entre outros elementos em defender o conceito, que a criminalidade se originava na impunidade e que era ela a que impulsionava para novos delitos. Por isto, algo que poderia parecer pouco perigoso, como quebrar o vidro de uma janela com uma pedra, era perseguido com rigor, não pela sua gravidade, e sim pelo seu potencial futuro.


Aqui os novos sambaquianos, sempre inovadores, desenvolveram a sua própria versão da tolerância zero, que consiste em primeiro tolerar, posteriormente permitir e finalmente legalizar, todo tipo de pequenas irregularidades e mutretas. Para ocultar a incompetência sistemática do poder publico para cumprir e fazer cumprir a lei. Nada é mais adequado que permitir e legalizar o que não se consegue fiscalizar e impedir, por desídia e descaso.


Que um amigo quer construir aonde não pode? Nenhum problema, aplicamos o principio da "Tolerância Zero" e mudamos a lei, aumentamos o gabarito, mudamos o zoneamento, tudo em nome da tolerância. Que esta muito difícil obter todos os alvarás necessários para realizar um evento publico? então vamos a mudar a lei e reduzir o numero de documentos. Tem gente que construiu mais do que podia e o fez aonde não devia? nada mais justo que mudar a legislação e permitir tudo aquilo que não estava permitido. Que alguns prédios públicos importantes não cumprem a legislação de segurança e representam um risco para os usuários? Sem problema liberamos o seu uso e toleramos. Ficamos a cada dias mais tolerantes.


O que na versão original tinha como objetivo simplesmente fazer cumprir a lei, aqui tem se convertido num exercício de tolerância. Seguiremos, ao nosso modo, os ensinamentos do ex-prefeito de Nova York e aplicaremos aqui a nossa versão tropicalizada da Tolerância Zero. Legislamos para permitir tudo, parece que fazer cumprir a lei tem se convertido em algo constrangedor.


Publicado no Jornal A Noticia

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