8 de agosto de 2008

Enrolation


A cada dia que passa e na medida que as pessoas vão ficando mais atentas, começa a ser voz corrente que o imperador esta nu, como no celebre conto de Hans Christian Andersen.
A ACIJ, que publicou a nota que tinha por titulo Comentando a posição da ACIJ e que você pode acompanhar no link, parece que a entidade empresarial, reconsiderou o seu texto anterior e alem de publicar um novo texto no seu espaço semanal no jornal A Noticia, que transcrevemos também aqui no blog e que ultrapassou o limiar da bajulação, ofereceu o seu espaço mais nobre para que a prefeitura pudesse converter a reunião do conselho num espaço publicitário e de promoção escancarada das ações futuras da prefeitura, ações alias que com certeza não serão implantadas, por esta administração. A cidade caminha para sua plenitude
Afortunadamente tem gente atenta. Transcrevemos o texto do Arqto. Sérgio Gollnick, habitual colaborador deste blog

ENROLATION

Nesta última segunda-feira (04/08/2008), no salão nobre da ACIJ, acompanhei a palestra da Prefeitura de Joinville sobre projetos elaborados pelo IPPUJ até o ano 2012. Propostas com cara de campanha política. Caso não esteja enganado, este governo está no fim, portanto pouco poderá interferir nos destinos da cidade para os próximos anos e as propostas que foram ali apresentadas estavam num nível de trabalho acadêmico. A maior prefeitura de SC resumiu seu planejamento numa foto do Google sobreposta por uma linha vermelha e alguns esboços de viadutos, muitos destes esboços com equívocos técnicos gritantes. Neste momento invejei Blumenau que tem no site www.blumenau.sc.gov.br/bnu2050/, um bom exemplo de como se deve fazer e apresentar ações e propostas de planejamento urbano. Confiram, vale a pena. Também observei que o IPPUJ, embora jamais irá admitir por falta de humildade e ética, adotou algumas das sugestões apresentadas pelo CDL, dentre as quais a ponte sobre o rio Cachoeira nas proximidades do Mercado Municipal ligando a rua São Paulo à rua Aubé. Passou a considerar as propostas do CDL para o eixo Florianópolis/Procópio-Gomes/Beira-Rio/Santos Dumont como estruturador para o transporte coletivo admitindo até, nas palavras do Prefeito, o tal VLT, embora nenhum esboço mais preciso pudesse ser visto que comprovasse melhor esta intenção. O Eixão Norte-Sul, como proposto, pode ser uma boa alternativa para o transporte coletivo, mas não pode servir como eixo de transposição de tráfego convencional da cidade. SE assim for, estará repetindo erros e apenas agravará ainda mais o problema no centro da cidade. O sempre presente empresário Mario Boehm notou esta bobagem e fez uma brilhante observação diante de uma platéia de empresários apáticos. Resolver a mobilidade urbana é um assunto muito mais sério que alinhar um traço vermelho sobre uma foto. Precisamos de uma política pública baseada em conceitos atuais, razões lógicas e palpáveis e de um plano de investimento. Creio que assim agem os empresários ali presentes na condução dos seus negócios. Precisamos de soluções viárias bem mais ambiciosas, com eixos marginais a área central como alternativa de deslocamento de pessoas e mercadorias. Perguntas simples e objetivas da platéia obtiveram respostas evasivas e sem conteúdo por parte do Poder Público a ponto de afirmar que Joinville não tem passageiros no transporte coletivo que justifiquem investimentos em tecnologia e qualidade, evidenciando um profundo desconhecimento e total falta de prioridade para esta importante matriz do desenvolvimento econômico e social. O IPPUJ ainda propôs a expansão do perímetro urbano em 30 km2 com finalidade industrial numa área ambientalmente frágil, longe do centro histórico e sem infra-estrutura, tornando ainda mais vulnerável uma cidade que mal consegue resolver seus problemas na área urbana já existente. Somente dentro da zona Sul temos mais de 70 km2 de áreas não ocupadas e já parcialmente infra-estruturadas e, na zona Norte um distrito industrial ainda pouco ocupado. Ao longo dos últimos seis anos vimos ruas, praças, passarelas, o passageiro do transporte coletivo, o mercado municipal, a limpeza e despoluição dos rios, o saneamento básico, o atendimento à saúde da população mais carente, a atenção ao pedestre e ciclista e tantas outras demandas sociais e serviços públicos jogados à própria sorte. Neste apagar das luzes, com alguns retoques e maquiagem, querem nos fazer esquecer os desleixos e a irresponsabilidade sobre a cidade. Nem mesmo o JEC, que sequer é um serviço público, escapou ileso desta arrogância e incompetência.

Sérgio Gollnick
Arquiteto e Urbanista

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...