25 de setembro de 2008

A Vaca


Näo tenho certeza da origem do passo a contar, mas a estoria é que após a revolucäo russa um alto funcionario do antigo imperio teve que dividir o uso de sua mansäo com imuneros e afortunados camaradas bolcheviques, sendo obrigado a se alojar em um único dormitorio com a esposa , tres filhos e para felicidade maior os sogros. Achando a situacäo aviltante procurou no bairro o representante do partido para melhorar seu modo de vida. O camarada disse que no momento, devido as inúmeras questöes politicas da troca de governo nada poderia ser feito, mas se o reclamante pudesse fazer o favor de alojar e tratar de uma vaca do partido em seu quarto, futuramente pela ajuda sua situação poderia ser revista. Passados um mês o aviltado e já camarada procurou o partido para cobrar uma solucäo, ao que foi informado que além de suas reividicaçöes não poderem ser atendidas foi lhe entregue um casal de gansos também do partido para guarda. Tempos depois, nova reclamação feita, mais dois porcos para cuidar. Insatisfeito com encaminhamento dado pelo partido ao seu problema e ainda ter de aguentar os protestos dos famililiares com a situação de ter os nobres animais em comum convivência, decidiu por fim a triste sina diária em conversa com chefe bolchevique. Para sua surpresa foi informado que deveria devolver imediantamente todos os animais e ao fim de 30 dias voltar e relatar novamente os problemas. Isto feito e decorrido o prazo, voltou e informou e a conviência familiar e a forma de morar havia melhorado muito.


A lembrança desta estória me ocorreu devido ao que tem ocorrido com nosso alojamento, a cidade de Joinville, onde operações urbanas promovidas pelos órgãos de planejamento e obras transformam o já ruim em um muito pior. Não bastassem as dificuldades encontradas na cidade, no ir e vir diário, fruto de políticas urbanas de prioridade discutível, não querendo aceita-lás como levianas, o usuário é obrigado a conviver com atividades ou serviços que atrapalham suas funções (deslocamento para o trabalho, de mercadorias, de emergência) em períodos onde a cidade mais precisa ter sua mobilidade garantida.

O que aconteceu, nos reparos da Beira Rio e nos dias 16 e 17 de setembro quando obras de reparos causaram a interupção no fluxo da rua XV de Novembro, comprometendo todo seu entorno, e prejudicando sobremaneira a eficiência da cidade. Esse tipo de obra, de possível execução em períodos que não afetassem mais e negativamente o já problemático trânsito de Joinville exige um planejamento mais apurado, palavra que já considero de entendimento difícil para os atuais gestores do nosso urbano. A prática comum tem se mostrado igual ou pior ao do camarada bolchevique: mostra que podemos ter mais caos, sendo que a eliminação deste sugere uma sensação de melhora, e a grande maioria vai se conformando.


O espaço urbano é o resultado da soma dos espaços privados e públicos, sendo o planejamento e sua legislação pertinente o modelo de gerir suas relações, onde o gestor se obriga a garantir de forma eficaz a plena convivência. Se os modos de operação continuam os da teoria do caos (Edwad Lorenz, 1963), onde os resultados são na prática imprevisíveis ou aleatórios, ocorrendo ao acaso em até pequenas operações urbanas onde resultados são desatrosos, o que dizer de como tem sido o pensar a cidade nestes ultimos anos, onde os resultados aparececem e nos influenciam: saúde, meio ambiente, mobilidade, acessibilidade,etc. Falar mais, que tal sobre vacas, gansos e porcos.... ou que tal a cor fucsia?

Arno Kumlehn

Arquiteto e Urbanista

PS: Tenho certeza que obras de manutenção e restauro são obrigatórias, porém a forma de fazer deixa as claras a pouca preocupação do gestor com o usuário da cidade, ou interesses de mostrar serviço em um período eleitoral.


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