2 de setembro de 2008

O barulho da Carroça


O periodo eleitoral nos da a oportunidade para reflexionar, para pensar, para considerar, como sera o nosso futuro, qual o caminho que seguiremos, o Arquiteto Sérgio Gollnick, colaborador deste espaço, nos convida a escutar o barulho da carroça.



O BARULHO DA CARROÇA


Existe uma pequena fábula que conta o seguinte:

Certa manhã um pai muito sábio convidou seu filho a dar um passeio. Ele se deteve à sombra de uma árvore e depois de um pequeno silêncio
perguntou ao filho:

- Além do cantar dos pássaros, você está ouvindo mais alguma coisa?

O menino apurou os ouvidos alguns segundos e respondeu:

- Estou ouvindo um barulho de carroça.

- Isso mesmo, disse o pai, é uma carroça vazia.

O menino então curioso perguntou ao seu pai:

- Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda nem a vimos?

-Ora, respondeu o sábio pai, é muito fácil saber que uma carroça está
vazia por causa do barulho. Quanto mais vazia a carroça maior é o barulho
que ela faz.

Hoje vivemos um momento especial em que nos preparamos para exercer a cidadania através do voto e é justamente agora que esta fábula faz todo o sentido. O período eleitoral nos brinda com muitas promessas e muito barulho. Ouço todo o dia o barulho da carroça. São candidatos falando demais, prometendo demais, gritando demais, por vezes para intimidar, para enganar, para criar uma ilusão de que todos os problemas serão resolvidos. Ouço “jingles” que procuram convencer o cidadão, não pela razão e sim pela musiquinha melosa nos ouvidos, a votar num sujeito que, antes mesmo de apresentar suas propostas de governo, se preocupa em distribuir santinhos e cartazes com a sua foto retocada. Até ha muito pouco tempo muitos destes candidatos estavam ausentes, omissos, ignorando solenemente os problemas da sociedade. Não raramente estes mesmos políticos tratavam o seu próximo, o cidadão, com grossura, de forma inoportuna, prepotente, típica de quem chega ao poder ou que se coloca como dono da verdade absoluta. Agora, necessitados de votos, fazem promessas, são cordiais, sorriem, são solícitos, amáveis e prometem, prometem, prometem, até que se elejam. Por isto mesmo é importante ter cautela, é necessário avaliar a vida do candidato, a sua postura perante a sociedade, se já construiu algo sem a ajuda do dinheiro público e se é merecedor de confiança. É muito comum que depois de eleitos, boa parte dos políticos voltem para sua toca, para seu ninho e, o eleitor que se dane. Toda vez que ouço as propagandas políticas, os carros de som e as muitas promessas de candidatos lembro-me daquele pai ensinando seu filho: "Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz..."

Sérgio Gollnick

Arquiteto e urbanista

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