14 de novembro de 2009

Republica dos Bananas

Brilhante e muito criativa a crônica deste sábado no jornal A Noticia. Mesmo sendo um texto de ficção, tem surpreendentes semelhanças com o que acontece pertinho da gente.

Vale a pena compartilhar este texto.

República dos Bananas

Há muito tempo, existia uma ilha situada no mar da tranquilidade chamada República dos Bananas. Era um lugar abençoado por maravilhas naturais e por petróleo, chamada de “A ilha do futuro”. A ilha era regida por um rei, que deixava seu cargo a cada oito anos.

A corte tinha um estranho hábito de viajar com dinheiro nas cuecas. Cada assessor ganhava milhares de patacas (dinheiro da República dos Bananas) e os professores ganhavam menos do que um salário mínimo (estranho, pois se o salário é mínimo, ninguém deveria ganhar menos do que ele).

Como existia um índice muito grande de reprovação na escola pública, se decretou que ninguém mais poderia repetir de ano, tornando-se a primeira ilha com 100% de aprovação no ensino. Para domesticar o povo, instituiu-se o programa “Não ensine a pescar, dê o peixe, que eles vêm comer sempre na nossa mão”.

Cria-se o esmola-família, o esmola-celular, o esmola-cervejinha. Com tantos incentivos para não se trabalhar, além da absurda carga tributária que os empregadores tinham que pagar, o índice de desemprego aumentava. Quem trabalhava, pagava mais de 40% de impostos diretos e indiretos para sustentar o sistema (era quase como que se o trabalhador trabalhasse cinco meses ao ano como escravo).

Quem pagava a maior fatia dos impostos era o povo, por meio de impostos indiretos; os ricos e banqueiros aumentavam sua riqueza. Quem não reclamava eram os fabricantes de cuecas, que tinham de criar modelos novos com bolsos secretos para transporte de patacas.

Os pensadores tentaram colocar um representante para desenvolver o país, com uma brilhante proposição: toda a corte teria que mandar seus filhos e netos para estudar na rede pública e serem atendidos em hospitais públicos. Assim, todo o governo se aplicaria para a melhoria dos serviços ao povo. O que aconteceu: o representante foi deportado pelo senado, o delegado responsável para investigar o caso foi afastado, e o rei, como sempre, não sabia de nada e tudo foi arquivado. Para acalmar o povo, criou-se a esmola-pizza e tudo voltou ao normal.

P.S.: todos os fatos acima são fictícios, qualquer semelhança é mera coincidência.

* * *

Música para ler a coluna: “Que País é Esse?”, da banda Legião Urbana.

www.paixaopelaartedecurar.blogspot.com

HUMBERTO THORMANN BEZ BATTI | Cirurgião plástico, professor de medicina e mestre em saúde e meio ambiente

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