Anel viário, por Jordi Castan*
Em entrevista ao jornalista Claudio Loetz, em “AN”, o presidente da Acij, Carlos Schneider, sugere a construção de um anel viário para resolver os problemas do trânsito. A proposta serve também para questionar o projeto de um eixão Norte-Sul. O bom senso recomenda que a ideia deve ser vista com ceticismo, porque foi concebida de forma apressada, nos estertores da administração municipal passada e mais direcionada a criar um fato político na campanha eleitoral do que a ser uma alternativa viável.O projeto, que nunca parece ter superado a fase de um desvario, é caro, exige pesadas obras de infraestrutura e quase com certeza não sairá do papel. E se o fizer, será parcialmente, acrescentando uma às dezenas de obras incompletas ou parcialmente executadas. Os seus principais erros são o de não resolver as necessárias ligações Leste-Oeste e desconsiderar o modelo de uma cidade policêntrica, que precisa fluir sem passar obrigatoriamente pelo Centro.
Schneider é qualificado para opinar sobre o tema, apesar de não ser um especialista em urbanismo, pois é uma pessoa viajada. Viajar lhe permite adquirir uma perspectiva diferente da cidade, dos problemas e das possíveis soluções. Ao ver a cidade com outro olhar, passa a propor alternativas que não sejam as pautadas pelo imediatismo político e pela mediocridade possível.
É alguém que pensa e que faz do pensar um hábito. Que planeja a médio e longo prazo. Que toma decisões que definirão o futuro de milhares de pessoas. Esta forma de agir confronta com a unicidade de pensamento e com a falta de criatividade, que têm traçado o destino de Joinville há tempos. Se por um lado a opinião contrasta com projetos que repousam nas gavetas da Prefeitura, por outro exigirá dele e da Acij posições e atitudes mais firmes.
O episódio lembra aquele rei da Idade Média que, querendo confrontar o conhecimento dos sábios do reino, perguntou: Aonde está o centro do mundo? Um jovem discípulo respondeu: “O exato lugar que sua majestade ocupa. Porque sendo o mundo redondo, todos os pontos estão equidistantes”. Frente aos que enxergam um mundo plano, é bom escutar que o mundo é redondo, como a proposta do anel viário.
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Como dizem os italianos: "Tradutore, traditore"
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