19 de novembro de 2009

A beira do caos

Caros Colegas Arquitetos, Urbanistas e Engenheiros
Estamos em vias de ver Joinville sucumbir definitivamente aos interesses especulativos, distantes de uma cidade equilibrada, harmônica que ao longo dos últimos anos vem sendo descaracterizada e depreciada em suas mais preciosas qualidades. Por conta de inescrupulosas intenções de tornar o território do município um garimpo sem regras, onde em qualquer parte tudo poderá ser feito e construído, tudo poderá ser destruído, tudo poderá ser negociado, estamos em vias de alterar nossas já frágeis leis urbanísticas para atender ao setor imobiliário cujos verdadeiros clientes não transparecem.
Ocupar áreas rurais sob a desculpa de que não mais temos agricultura, como se isto fosse a única razão de um cinturão verde, verticalizar bairros que mantém um singelo equilíbrio e harmonia sob uma ótica "burra" e irreparável, densificar áreas da cidade que não tem infra-estrutura capaz de suportá-la, liberar critérios ocupacionais a empreendimentos sem qualquer justificativa é algo inominavelmente absurdo. Argumentar trocas como "outorga onerosa" para compensar estas absurdas concessões é nos chamar de idiotas.
Justificam a ocupação das áreas rurais sob a ótica de elas estariam sujeitas a invasões de pessoas pobres e, então eu pergunto: da onde saiu esta maravilhosa idéia se foram os nossos associados do SECOVI que "invadiram" por pressões políticas imensas áreas de territórios de manguezais, de áreas ribeirinhas, de áreas rurais extensas para produzir loteamentos de péssima categoria e levar nosso perímetro urbano aos limites do tolerável. Quem é afinal o vilão desta cidade que é justa apenas para os que tem poder e dinheiro?
Nós profissionais da arquitetura e, principalmente aqueles que tem alguma preocupação com o futuro desta cidade, precisam contrapor esta amalucada proposta ofertada ao Poder Público pelo SECOVI. Nosso Poder Público é fraco, não demonstra indignação, não tem propostas não me parece confiável, pois tem atendido a todos estes absurdos de interesses privados com uma imensa parcialidade. Nossa Casa das Leis é vergonhosa em pensamentos e atitudes e esta a protagonizar o "não planejamento" que fere nossas atribuições.
Portanto, como joinvillense, como um cidadão que gostaria de preservar nossas raízes culturais já tão abaladas, como arquiteto e urbanista praticante, gostaria de ver as minhas instituições que congregam os profissionais mostrarem seu valor, seu caráter, sua dignidade e sua competência acima de tudo, demonstrando que não estão submissas a estas mazelas e descasos que a cidade tem presenciado.
Desafio as minhas instituições como o IAB e o CEAJ a mostrarem algo diferente, algo que possa nos dar uma luz de esperança para esta cidade que tanto carece de solidariedade e responsabilidade comum.
É o meu desabafo e o meu desafio.
Saudações
Sérgio Gollnick
arquiteto e urbanista
joinvillense de nascimento e de coração...
e de saco cheio de tanta vigarice.

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