7 de fevereiro de 2010

Calor e chuva


Calor e chuva

O Sr. Evald é climatologo, filosofo, contador de historias e oriundo desta terra. Tem a idade para lembrar de outras épocas e as suas conclusões merecem ser compartilhadas.Na sua avaliação não chove mais e o sol não esquenta mais que antes. Porem a cidade esta bem mais quente e a chuva faz mais estragos. O que mudou?

Ele lembra de quando os joinvilenses tinham orgulho dos seus jardins, dos seus gramados impecáveis, sem um único pé de tiririca, das horas passadas com um banquinho e um ferrinho para tirar mato, procurando cada um dos matinhos que maculavam o gramado impoluto. Os gramados foram substituídos primeiro por brita, idéia trazida por forasteiros, que vindo de cidades mais urbanizadas, não descobriram o prazer de passar horas ao finalzinho da tarde ou de manha bem cedinho, tirando mato do gramado ou replantando canteiros de flor. A brita acabou sendo tomada pelo mato inevitável, resultado do calor, das chuvas e do abandono. Outra idéia fôranea complementou os jardins de brita, o plástico preto, algum professor pardal teve a idéia criativa de colocar plástico preto em baixo da brita, o primeiro passo para a impermeabilização definitiva de Joinville. Aos poucos a brita foi trocada pelo concreto e o que foi jardim se converteu de vez num forno de refração impermeável.

Aonde chove muito, sempre tem lugares em que alaga com freqüência, mais ainda quando a região é plana, nas baixadas acumula água, desde antes que Newton descobrisse a lei da gravidade. O que mudou, alem da canalização e a tubulação dos rios e córregos, foi que as áreas que já alagavam antes da própria existência da cidade, foram tomadas por loteamentos, regulares ou regularizados. O Rio Águas Vermelhas, o Jativoca, os “jardins” que jamais deveriam ter sido nem loteados, nem urbanizados, hoje se convertem a cada chuva em replicas menores de Veneza, sem gôndolas e sem os “palazzos”. Poderíamos propor um projeto para revitalizar ou requalificar a cultura dos sambaquianos, propor a construção de novos e modernos sambaquis, que mantivessem secos e protegidos os moradores dos alagadiços. Os novos sambaquis seriam formados pelo acumulo de milhares de garrafas pet e bolsas plásticas, que passariam a substituir as conchas utilizadas pelos sambaquianos originais.

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