Parece que o dito popular de “Quanto mais rezo mais assombrações me aparecem” nunca foi mais certo. Tenho rezado com fervor a Santa Bárbara, padroeira dos bombeiros, arquitetos e construtores. Invocando a sua proteção contra trovões, tempestades e o fogo. Aparentemente sem muito sucesso.
A prefeitura de Joinville como resultado da ação coordenada do IPPUJ, a Conurb e a Fundema, tem proposto e divulgado a chamada calçada ecológica. Eu não entendi direito o que tem de ecológica, mas como agora é moda que tudo seja ecológico, os marqueteiros de plantão devem ter achado conveniente que as tradicionais calçadas recebam nomes novos, no permanente processo de revitalização em que vivemos, então temos agora calçadas legais e as calçadas ecológicas, o que implica dizer que as outras são ilegais ou antiecológicas.
Acho perigoso quando pessoas que saem pouco do conforto do ar condicionado se propõem a estabelecer padrões e normas para soluções que ficam fora do escritório, como calçadas, praças, jardins e canteiros. Em geral o resultado não é o esperado, porque o mundo real funciona diferente do mundo teórico. O projeto da calçada ecológica lembra a historia da criação do camelo, que foi o resultado do trabalho de uma comissão, que tinha como objetivo criar um cavalo.
A calçada ecológica se diferencia de uma calçada convencional, porque incorpora uma estreita faixa de grama, que recebeu o nome de caneleta da serviços. O objetivo desta caneleta é de colocar nela todas tubulações e o cabeamento necessário aos serviços públicos. A idéia tem erros básicos:
1.- Ao propor o compartilhamento no mesmo espaço de tubulações e raízes de arvores, a possibilidade de que as segundas interfiram nas primeiras é alta.
2.- Imaginar que as raízes das arvores não se desenvolverão na direção da caneleta de grama implica conhecer pouco de desenvolvimento de raízes e plantas.
3.- Quaisquer intervenção na caneleta implicará comprometer, cortar e ferir as raízes das arvores existentes na calçada, comprometendo o desenvolvimento das próprias arvores.
4.- O embarque e desembarque de passageiros pisando sobre a área gramada é pouco recomendável, tanto para a grama, como para os passageiros, agrega insegurança e compromete o desenvolvimento da grama.
5.- O elevado custo de manutenção de kilometros de uma estreita faixa de grama, numa cidade que não consegue manter nem as poucas praças e espaços públicos que tem parece a menos inteligente das opções. O gramado em Joinville requer uma media de 12 cortes ao ano. Um custo insustentável para uma prefeitura que não consegue nem podar as arvores das ruas de forma regular. Em Joinville pela nossa retrospectiva, a possibilidade de que a faixa de grama vire uma faixa de mato é alta.
Para concluir a única razão que justifica o uso do paver, é a sua facilidade de remoção e recolocação para ter acesso a tubulações e cabeamentos enterrados, vantagem esta que está sendo desconsiderada pelos técnicos. O bom senso recomenda que raízes e tubulações sejam mantidas distantes e que os custos de manutenção sejam mantidos baixos. Alguém deve ter gazeteado nesta aula.
Jordi
ResponderExcluirNão que eu seja contra a proposta, mas falta-nos criatividade mais uma vez. Em 1999 a Prefeitra de Maringá-PR lançou um programa com o mesmo nome "Calçada Ecologica", baseada na Lei Municipal que definiu o procedimento para a construção de calçadas na frente de residências ou estabelecimentos comerciais.
Na Lei 335/99, instituiu padrões de medidas para calçada com 3 metros de largura que deve conter 60 centímetros de concreto (ou revestimento cerâmico anti-derrapante) a partir do meio-fio, 90 centímetros de área permeável – com plantio de grama ou outra vegetação rasteira – e mais 1 metro e meio de concreto ou revestimento cerâmico até o muro do terreno ou parede.
Nas calçadas com mais de 3 metros, o proprietário do imóvel deve fazer 60 centímetros de concreto ou revestimento cerâmico anti-derrapante a partir do meio-fio, conservar 1 metro e 20 centímetros de área permeável (com plantio de grama ou outra vegetação rasteira), em seguida concretar ou revestir de cerâmica mais 1 metro e meio de calçada, e, na seqüência, preservar área permeável com metragem variável ou dar continuidade à calçada pavimentada até o muro do terreno ou parede do comércio.
Permeabilidade foi a justificativa para a colocação em prática da lei das "Calçadas Ecológicas". A área permeável exigida diminui o volume e a velocidade da água da chuva nas galerias. Isso evita erosão, conserva a pavimentação e recompõe o lençol freático – que oferece sustentação ao nível de água do lago do Parque do Ingá. A lei das calçadas ecológicas também estabeleceu que o acesso para veículos, nas casas e no comércio, deve ter 3 metros de largura. O acesso de pedestres deve medir 1 metro e 20 centímetros. A lei prevê ainda que nas esquinas em que as calçadas ainda não foram executadas devem ser construídas duas rampas transversais, com 1,20 m de largura, para o acesso de pessoas com deficiência.
De acordo com Lei 335/99, as calçadas ecológicas – com exceção da área central – são obrigatórias em todos os bairros e facultativas nas ruas e avenidas centrais.
Este texto foi parcialmente reproduzido do site da Prefeitura de Maringá. http://www.maringa.pr.gov.br/imprensa/noticia.php?id_artigo=4555
Depois comento mais sobre este assunto.
Sérgio
ResponderExcluirO problema quando copiamos mal as coisas ( não é o seu caso) é que copiamos sem entender. Concordo e defendo 100 % que possamos aumentar a permeabilidade da cidade. Como defendo que o tamanho das covas das arvores sejam maiores, para que as arvores possam se desenvolver.
Misturar grama e tubulações esta errado. O projeto que esta sendo implantado em Joinville não atende.
Ops me desculpe, esqueci que com o rebaixo do meio fio em todas as ruas para estacionamento de carros na calçada, este modelo de calçada é inócuo. É mais uma daquelas coisas que não tem consistência e não veio para ficar.
Abraço.