2 de novembro de 2008

Manutenção


Sempre é mais fácil e mais barato manter o que já temos, conseguido a maioria das vezes, depois de muito esforço, que fazer de novo, comprar de novo ou construir de novo. Mesmo que saibamos disto nós empenhamos em descuidar, abandonar, deixando cair aos pedaços, deteriorando aos poucos, para depois fazer de novo.

Não estou me referindo, especificamente as nossas ruas, calçadas, aos bancos e aos quase inexistentes brinquedos das nossas poucas praças. As nossas prefeituras são o reflexo da nossa sociedade, de nós mesmos, em outras palavras os nossos prefeitos são a imagem do eleitorado que os elegeu. Por isto mesmo as nossas cidades, são o espelho que nós reflete.

Quando foi a ultima vez que lavou a fachada da casa? E quando foi que lavou a calçada? Este habito tão Joinvillense, que ate pouco tempo atrás formava parte da nossa cultura popular, aproveitar o primeiro dia de sol, depois de uma semana de chuva, para munidos de balde, sabão e escova, esfregar a sujeira e romoçar as nossas casas, cercas, muros e jardins. Retocando a pintura, retirando um pequeno ponto de ferrugem, praticamente invisível a olho nu, deixando-as reluzentes. Remoçando-nos tanto pelo próprio exercício aeróbico, como pela satisfação do dever cumprido do trabalho bem feito e pelo próprio efeito benéfico que a higiene e a limpeza propiciam.

O nosso conceito de manutenção tem mudado, uma boa manutenção é hoje aquela que repõe rapidamente a peça quebrada, que tampa o buraco, que conserta o estragado, ficou longe, quase esquecida a época em que a boa manutenção era aquela, que mantinha a peça funcionando indefinidamente, dando a sensação que não quebrava nunca, que era eterna.

Os buracos não se consertam sozinhos. Alguns chegam a fazer aniversario, outros chegam a cumprir vários aniversários, sem que ninguém pareça se incomodar. O cinza sujo passa a ser a cor dominante na cidade. Aos poucos vamos perdendo os canteiros floridos, os muros sem pichações, sem limo e passamos a conviver com uma cidade cinzenta, encardida de dar dó e nós mesmos perdemos aos poucos à capacidade para nós incomodar, nós deixando engolir pela mediocridade, pelo mal lavado, pela pintura sobre a própria sujeira, criando camadas e camadas de sujeira encardida nos muros, nas calçadas e nas almas.

2 comentários:

  1. Muito bom Jordi

    Essa pós modernidade descartável parece não ter fim, as pessoas estão esquecendo de todos os valores para ter tempo de aproveitar não se sabe o que, estão caindo numa mediocridade sem fim, esta sujeira das calçadas e muros ilustra um reflexo da nossa sociedade que não se abre mais a própria reciclagem, o ser humano que deveria ser um ser de relações e aprendizagens, está indo ao fim do poço com tanta descartabilidade e o reflexo está aí, governos sujos, representantes sujos, sociedade suja, por que? por que o próprio homem está sujo, está na hora dessa era acabar e realmente a hora é de passar um lavajato muito forte na alma sim!

    abraço

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  2. Rodrigo,
    que bom que agora depois do esforço da campanha, tem tempo para opinar e se manifestar sobre o Joinville.
    Gostei do comentario sobre passar um lavajato na alma.

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