28 de novembro de 2008

De um leitor que não quis se identificar.....


O negrito no texto é meu, e serve para destacar um fato, que caso seja veridico, serviria para mostrar que parte desta tragedia poderia ter sido evitada ou no pior dos casos minimizada.

Há cerca de 7 anos atrás eu escrevi uma matéria cujo título era, se não me engano, porque ainda não a achei o texto: "A Espera de Uma Tragédia". Havia participado como voluntário na enchente de 1983 e depois, por conta de minha atividade profissional, participei de algumas obras de correção de margens e dragagens no Rio Itajaí-Açu e Itajaí Mirim. Obras muito localizadas, para evitar deslizamentos de encostas ou para melhorar a vazão do braço "morto" do Itajaí Mirim.


Naquela época havia o Departamento Nacional de Obras e Saneamento - DNOS, que em Santa Catarina teve papel fundamental na reconstrução após a enchente de Tubarão e na manutenção da vzaão da foz do Rio Itajaí e construção do canal extravasor do Itajaí Mirim. Haviam outros projetos que foram engavetados. Após as enchentes de 1983 e 1984, o Governo de Santa catarina havia realizado um estudo patrocinado pela JICA - para um complexo e necessário arcaboulo de obras de prevenção e correção de cheias no Itajaí Açu e Itajaí Mirim. Seriam aplicados US$ 400 milhões para esta obras que nunca sairam do papel. Os governadores que se seguiram queriam só fazer asfalto, porque asfalto dá mais voto.

Depois, para completar a desgraça, o Collor extinguiu o DNOS por conta da roubalheira no Nordeste e, nós perdemos o único orgão que tinha como tarefa planejar e executar obras de prevenção e correção para as cheias. Se haviam desvios de conduta, é provável que sim, mas havia alguém que tinha esta missão. Depois disto, nenhum governo, seja ele Federal ou Estadual, se preocupou com as enchentes, as tragédias de Tubarão, de 1983 e 1984 ficaram no passado, na memória. Toda a vez que passava pela Jorge Lacerda e via as margens do Rio Itajái ruindo ou quando via a situação de abandono do canal retificado do Itajái Mirim, ou ainda quando via os loteamentos liberados nas partes baixas da bacia em Itajaí e Navegantes onde o rio atingiu 2,5 metros de altura na enchente de 1983, me vinha a mente aquelas cenas da enchente e, por conta disto dava para prever prenunciar uma catástrofe
Aí então escrevi o texto que fazia justamente uma série de comentários alertando para o fato de que um dia seríamos novamente vítimas dos caprichos da natureza e das nossa ignorância. Agora, estamos novamente nos defrontando com este desastre que não tem culpados, mas está claramente esposta a ferida da omissão e irresponsabilidade pela falta de ações de prevenção. Somos, de fato, uma sociedade onde a memória é curta e, logo, logo estaremos esquecendo este desastre, voltando a ocupar os mesmos lugares onde as tragédias aconteceram esperando pelo próxima, que será maior ainda e mais avassaladora. Oxalá eu esteja completamente errado.

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