O sistema utiliza a mesma tecnologia que o sistema que foi implantado, também sem sucesso, em Joinville na gestão Tebaldi e que recebeu o nome de Flot-Flux e que custou alguns milhões de reais aos cofres públicos, do dinheiro do contribuinte. Permanecem no rio Cachoeira as "ruinas" da instalação, sem que exista nenhuma iniciativa para retira-las do rio.
SP falha em teste para limpar o rio Pinheiros
Governo do Estado gastou R$ 80 milhões e 2 anos de tentativas para tratar a água do rio e levá-la limpa à represa Billings
Sistema de flotação dos resíduos, que foi utilizado durante os experimentos, obteve avanços, mas não conseguiu barrar a poluição.
Sistema de flotação dos resíduos, que foi utilizado durante os experimentos, obteve avanços, mas não conseguiu barrar a poluição.
Fracassaram as primeiras tentativas do governo do Estado de São Paulo para tratar a água do rio Pinheiros e levá-la limpa à represa Billings, uma das principais fontes de abastecimento da região metropolitana. Foram consumidos dois anos de testes e R$ 80 milhões.
O sistema testado no Pinheiros foi a flotação, que consiste em reunir a sujeira em flocos e levá-la para a superfície do rio. Forma-se um lodo na parte de cima, que, então, é removido.
Embora tenha havido avanços, os testes conduzidos pelo governo José Serra (PSDB) mostraram que a flotação não foi capaz de barrar completamente a poluição.
Os experimentos acabaram no final de 2009. Por não ter obtido êxito, o governo será obrigado a testar a flotação em um canal fora do rio -etapa que deve começar em abril.
As falhas na flotação impedem, ao menos temporariamente, os planos do governo de submeter parte da água (em vez de "toda a água") do rio ao tratamento -o projeto estava previsto para começar em 2010.
Um acordo firmado na Justiça obriga o Estado a atender requisitos especificados pelo Ministério Público Estadual se quiser emplacar o projeto, estimado em R$ 350 milhões, segundo a Secretaria Estadual de Saneamento e Energia.
Entre as substâncias para as quais o tratamento é ineficaz está o nitrogênio amoniacal, indicador de presença de esgoto -impensável para estar na água levada para a Billings.
A substância também provoca a formação de algas, que podem interferir no gosto da água e levar à morte de peixes.
Sem dar solução para o problema, a flotação não pode ser implantada em todo o rio Pinheiros, disse o promotor José Eduardo Ismael Lutti, responsável pelo caso. "A qualidade da água obtida nos testes não atende os padrões legais e certamente virá a causar danos irreversíveis à Billings e, possivelmente, em consequência, à Guarapiranga, tanto sob o ponto de vista ambiental quanto no de saúde pública."
Mesmo em parâmetros onde o tratamento resultou em melhoria o resultado foi considerado insuficiente. Foi o caso do fósforo, formador de algas, cuja presença na água caiu 91%. Segundo a equipe técnica da FSP (Faculdade de Saúde Pública) da USP, porém, o que sobra de fósforo afeta a qualidade da água -a queda precisaria ser próxima a 99%. A FSP auxilia o Ministério Público no caso.
Também houve melhora na concentração de metais na água, no aumento de oxigênio dissolvido e na contaminação pela bactéria Escherichia coli, presente nas fezes humanas.
"O sistema de flotação -como concebido e testado- é insuficiente e inadequado para a missão a que se propõe: reverter esta água "melhorada" para a Billings", diz Lutti. Daí a necessidade de mais testes que comprovem a eficácia do sistema.
Como os testes são caros -os custos com produtos químicos consomem 80% do total investido-, há risco de o projeto se tornar inviável, diz o promotor.
Lodo
Há outro empecilho para implantar a flotação no Pinheiros: a necessidade de reduzir o volume de lodo que o sistema forma, disse Pedro Mancuso, especialista em reúso da água da FSP-USP e coordenador da equipe técnica que auxilia a Promotoria no assunto.
Para onde destinar o lodo é mais um problema: não há, em São Paulo, aterro sanitário capaz de receber o lodo da flotação. Há tecnologias disponíveis para resolver isso, mas que ainda não foram muito estudadas.
O sistema testado no Pinheiros foi a flotação, que consiste em reunir a sujeira em flocos e levá-la para a superfície do rio. Forma-se um lodo na parte de cima, que, então, é removido.
Embora tenha havido avanços, os testes conduzidos pelo governo José Serra (PSDB) mostraram que a flotação não foi capaz de barrar completamente a poluição.
Os experimentos acabaram no final de 2009. Por não ter obtido êxito, o governo será obrigado a testar a flotação em um canal fora do rio -etapa que deve começar em abril.
As falhas na flotação impedem, ao menos temporariamente, os planos do governo de submeter parte da água (em vez de "toda a água") do rio ao tratamento -o projeto estava previsto para começar em 2010.
Um acordo firmado na Justiça obriga o Estado a atender requisitos especificados pelo Ministério Público Estadual se quiser emplacar o projeto, estimado em R$ 350 milhões, segundo a Secretaria Estadual de Saneamento e Energia.
Entre as substâncias para as quais o tratamento é ineficaz está o nitrogênio amoniacal, indicador de presença de esgoto -impensável para estar na água levada para a Billings.
A substância também provoca a formação de algas, que podem interferir no gosto da água e levar à morte de peixes.
Sem dar solução para o problema, a flotação não pode ser implantada em todo o rio Pinheiros, disse o promotor José Eduardo Ismael Lutti, responsável pelo caso. "A qualidade da água obtida nos testes não atende os padrões legais e certamente virá a causar danos irreversíveis à Billings e, possivelmente, em consequência, à Guarapiranga, tanto sob o ponto de vista ambiental quanto no de saúde pública."
Mesmo em parâmetros onde o tratamento resultou em melhoria o resultado foi considerado insuficiente. Foi o caso do fósforo, formador de algas, cuja presença na água caiu 91%. Segundo a equipe técnica da FSP (Faculdade de Saúde Pública) da USP, porém, o que sobra de fósforo afeta a qualidade da água -a queda precisaria ser próxima a 99%. A FSP auxilia o Ministério Público no caso.
Também houve melhora na concentração de metais na água, no aumento de oxigênio dissolvido e na contaminação pela bactéria Escherichia coli, presente nas fezes humanas.
"O sistema de flotação -como concebido e testado- é insuficiente e inadequado para a missão a que se propõe: reverter esta água "melhorada" para a Billings", diz Lutti. Daí a necessidade de mais testes que comprovem a eficácia do sistema.
Como os testes são caros -os custos com produtos químicos consomem 80% do total investido-, há risco de o projeto se tornar inviável, diz o promotor.
Lodo
Há outro empecilho para implantar a flotação no Pinheiros: a necessidade de reduzir o volume de lodo que o sistema forma, disse Pedro Mancuso, especialista em reúso da água da FSP-USP e coordenador da equipe técnica que auxilia a Promotoria no assunto.
Para onde destinar o lodo é mais um problema: não há, em São Paulo, aterro sanitário capaz de receber o lodo da flotação. Há tecnologias disponíveis para resolver isso, mas que ainda não foram muito estudadas.
Governo afirma que sistema de flotação passa por melhorias
A Secretaria de Saneamento e Energia disse que o sistema de flotação está passando por melhorias "para se obter maior eficiência do processo".
"Um dos principais ganhos evidenciados pelos testes foi a remoção significativa de fósforo total (91%), de grande relevância para o controle de eutrofização (proliferação de algas) no reservatório Billings. O teste também demonstrou desempenho positivo em relação a outros parâmetros, como a contaminação por Escherichia coli (redução de 90%), remoção de matéria orgânica (DBO, 53%) e aumento do oxigênio dissolvido (34%)", diz a pasta.
Os padrões, afirma a secretaria, superam o exigido em resolução nacional quanto aos níveis de lançamento em corpos d'água e estão muito próximo ao exigido pelo Ministério Público. Segundo a Promotoria, no entanto, "a melhora está longe de evitar impactos significativos na Billings ou de atingir os índices legais exigidos".
A pasta não respondeu sobre a presença de nitrogênio amoniacal na água nem o que está fazendo para remover o lodo. Por meio da assessoria de imprensa, a secretaria informou que a secretária Dilma Pena poderia falar sobre o assunto somente depois da Semana Santa. De acordo com o Ministério Público, estudos estão sendo feitos pelo governo nesse sentido.
O governo José Serra (PSDB) ressaltou ainda manter ou ter executado outras ações para despoluir o Pinheiros, entre as quais o Projeto Tietê, recuperação de mananciais (infraestrutura de saneamento, urbanização de favelas e criação de áreas verdes), despoluição de córregos e desassoreamento e barco cata-lixo, investimentos que somam R$ 2,835 bilhões.
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