30 de novembro de 2008

Titulares desta semana











No meio da crise gerada pela catástrofe que se abateu sobre Santa Catarina, uma leitura rápida dos titulares da prensa destes dias.

  • Municipios destruídos pela chuva em SC não têm mapeamento das áreas de risco.
  • Blumenau já teve 32 inundações em 24 anos.
  • Polícia limita acesso a áreas destruídas para evitar saques.
  • Pessoas fazem fila para doar sangue.
  • Turismo e agricultura contabilizam prejuízo.
  • Após mais desabamentos, moradores são retirados à força de área de risco.
  • Parentes enterram corpos no quintal.
  • Após toque de recolher 3 são presos.
  • Urbanista defende parâmetros rigidos - Para pesquisador da PUC-PR, cidades têm de se adaptar à intensificação das mudanças climáticas, que são mais fatais
  • Após enchentes, cidades viram "lixão a ceu aberto"
  • Ação em catástrofe nos EUA foi mais eficaz
  • Vitimas relatam sofrimento, mas já planejam recomeço.
  • Zeladora enfrentou três grandes enchentes
  • Medico dorme três horas pro dia
  • "Blumenau terá que ser reconstruida", afirma prefeito
  • Para técnicos áreas de encostas devem ser isoladas
  • Enchentes em Santa Catarina decorreram de neglicência em vários níveis. mas autoridades sempre recorrem à desculpa da "fatalidade"
  • A semana mais triste
  • No coração da tragédia
  • Uma soma bem perigosa
  • O tamanho da tragédia
  • Hora de ajudar
  • Resgate dramático
  • Mais desvastadora que 1983
  • Cresce conta das mortes
  • A cada dia, mais e mais voluntários
  • Apreensão no céu e na terra
  • Depois do lodo, a burocracia permanece
  • Não é de hoje
  • As principais inundações entre 1859 e 2007
A leitura de todas as manchetes dá uma melhor dimensão da tragédia.

Da Folha de São Paulo





Do Jornalista Janio de Freitas do jornal Folha de São Paulo, transcrevo este texto,
vale a pena ler com atenção.

Desastres conservados

Já falam nos bilhões do prejuízo com a atual calamidade. Mas o que valem em comparação com uma casa perdida?

HÁ EXATOS 25 anos, um dos governadores recém-vitoriosos na primeira eleição sem restrições, ao apagar da ditadura, irrompeu na notoriedade nacional com o espetáculo de sua ação em uma calamidade feroz. Era a nova figura de Esperidião Amin, que se deparou, mal estreara, com os horrores da enchente gigantesca no mesmo Vale do Itajaí e cercanias agora vitimados. As providências de engenharia, para prevenir o desastre das vazantes excessivas, começaram a ser definidas ainda antes de baixadas as águas e logo asseguradas pelo governo federal (Santa Catarina não teria recursos para tanto).

No quarto de século decorrido desde então, as enchentes cumpriram com regularidade a sua programação anual, concedendo apenas na intensidade variável das suas perversidades. Mas, sempre, cada uma delas configurando a advertência do que poderia vir no ano seguinte. Assim atravessaram os dois anos finais da ditadura com Figueiredo, os dois anos de Collor, o mesmo de Itamar, cinco de Sarney, oito de Fernando Henrique e, já se pode dizer, seis de Lula.
Os ministérios incumbidos das obras mudaram de nome, cresceram nos bilhões das moedas que mudaram de nome, o regime mudou de nome, mudaram dezenas de nomes de ministros como se não houvesse nem um. E o legado de tudo isso foi manter em perfeitas condições as características topográficas, geológicas, fluviais e habitacionais adequadas a novas calamidades.

Já falam, por aí, nos imaginados bilhões do prejuízo com a atual calamidade. Mas o que valem esses bilhões em comparação com a casa perdida por uma família que dedicou tanto da vida a consegui-la, a dar-lhe os bens simplórios que nunca se completam? O custo da orfandade daquela criança, de qualquer criança, cabe nos bilhões do prejuízo citados pelos técnicos e pelos governantes? E os filhos esmagados, sufocados na lama, sumidos nas águas, que valor os técnicos e governantes dão à sua perda pela mãe, pelo pai? Ou não pensaram nisso?
Em proporções que só representam calamidade para os atingidos, e apenas um registro rápido nos noticiários, os desatinos da natureza repetem-se pelo país todo, o ano inteiro. Grande parte seria evitável ou poderia ser atenuada, muitos são objeto de velhos projetos preventivos, mas seguem se repetindo como se fossem uma fatalidade acima do poder humano. É que estão abaixo do poder dos interesses. Eleitorais, comissionais, negociais. Lidam com vidas irreconhecíveis, por não terem presença social, como classe.

No atual desastre catarinense, duas ilustrações resumem o governo. O ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, a quem caberia rápida reação já aos primeiros sinais da calamidade, foi de uma lerdeza muito expressiva, digna de um garçom baiano como ele. É até improvável que soubesse o que é e onde é o Vale do Itajaí. Lula, por sua vez, só ontem se dispôs ao esforço de dar um pulo em Santa Catarina. E assim mesmo porque também ontem recebeu duras críticas por sua distância apática. Críticas acompanhadas da observação de que essa é a sua conduta costumeira nas calamidades e tragédias.

Depois da catastrofe é hora de aprender


Aprendendo com os erros


Depois de cometidos os erros, devem nos servir para aprender. Para não comete-los de novo, para cometer novos e não repetir os de sempre.

Ainda abalados pela tragédia que tem castigado Santa Catarina, podemos aproveitar o momento para reflexionar sobre o que precisa ser feito para que a tragédia não se repita.

Já tem se escrito e falado muito do alto custo para a sociedade da omissão é da falta de planejamento, da ocupação desordenada de morros e margens de rios e córregos. A proposta agora é nos concentrar em minimizar a perda de vidas humanas.

A primeira proposta é a de dispor a nível de cada bairro, de cada município, de cada região de planos de contingência e de emergência. Mapear as áreas de risco e identificar as pessoas que devem ser retiradas dos locais, com prioridade, identificando ainda qual deve ser o seu local de concentração primeiro e de abrigo depois.

A segunda é a de estabelecer os mecanismos que garantam uma mobilização mais rápida e eficiente dos recursos disponíveis, demorarem uma semana para montar um hospital de campanha é absurdo e não ter instalado cozinhas de campanha desde as primeiras 24 ou 48 horas, evidencia uma lentidão inadmissível nas primeiras horas.

A proposta da Defesa Civil de solicitar alimentos prontos para consumir, como noz, barra de cereal ou água de coco. Evidenciam o despreparo de um estado, que deveria ter aprendido com a rigorosa freqüência das nossas calamidades publicas.

A terceira é a de manter um estoque de produtos alimentícios prontos para o consumo, ainda acrescentar unidades compactas de potabilização de água, remédios e produtos de primeira necessidade. Geradores para atender as demandas emergenciais de hospitais e centros de abrigo. A falta de água potável, de energia e de alimentos básicos são vitais nas primeiras horas de qualquer catástrofe.

Quantos menores e menos coordenadas as ações de resgate e os meios disponíveis maior o risco desnecessário e maior o custo social e econômico.

Só num ponto somos absolutamente superavitários, em solidariedade, heroísmo, coragem.

Novo Decreto Municipal...


Um novo Decreto Municipal, com a mesma força legal que o que autorizou o aumento de 25 % para o estacionamento rotativo em Joinville, deverá ser publicado nos próximos dias, o teor do mesmo é da proibição de chuvas torrenciais, desbarrancamentos e queda de árvores nos feriados locais e nos finais de semana.
Como os serviços públicos municipais não funcionam nos finais de semana, caso aconteçam chuvas torrenciais, quedas de muros e barrancos ou de árvores, isto produzirá um enorme desconforto na população joinvilense, para evitar este tipo de acontecimentos a prefeito municipal, investido dos poderes que a lei lhe confere decreta a proibição de chuvas, desbarrancamentos e quedas de árvores em todo o perímetro urbano de Joinville.
O decreto que até o momento é só um rascunho, poderá ser complementado por outro, autorizando o corte de árvores, inclusive nativas, nos finais de semana e nas tardes em que não os serviços municipais tampouco funcionam. A autorização para a execução de aterros, cortes e terraplanagens em feriados e finais de semana, já funciona faz tempo, sem que tenha sido preciso publicar um decreto municipal.
Devemos entender que perturbar o descanso da equipe de fiscais e dos agentes de transito durante os finais de semana ou fora do horário comercial, deve ser visto como um risco a ordem publica, alem de representar um aumento dos custos correntes do município.

29 de novembro de 2008

As arvores da praça Nereu Ramos


O texto publicado no Anexo Idéias do Jornal A Noticia deste domingo,pelo Arquiteto Marcel Virmond Vieira, faz a afirmação que a arvore que caiu na praça Nereu Ramos, estava doente e com problemas fitosanitarios.
A arvore que caiu na praça Nereu Ramos, não estava doente, mas era sim uma arvore tombada pelo município e NENHUM tratamento o cuidado recebeu desde que foi tombada pelo próprio prefeito Tebaldi. Na realidade houve omissão de poder publico, como tantas outras vezes, na proteção de um bem tombado.
para não ter duvidas forma protegidas pelo
DECRETO N 12.388, de 02 de maio de 2005. As arvores em questão são as referidas na letra a) do mencionado decreto.Que alias atesta o estado fitosanitario satisfatório das duas arvores.
Ainda o decreto estabeleceu no seu artigo segundo que
Deverá ser mantida e preservada uma área mínima de 80 m_
em torno das árvores mencionadas no artigo 1º deste decreto.

Parágrafo único. As áreas acima descritas deverão ser desimpedidas de qualquer obstáculo que prejudique os padrões atuais de absorção hídrica do solo e a manutenção das suas raízes, de modo a permitir a perfeita sobrevivência dos espécimes descritos no artigo 1º.

O que tampouco foi feito.
Este tema ja foi abordado por este blog, veja o link
Outros estragos

Hospital São José


Falar de saúde em Joinville é um tema delicado, o bom senso recomendaria ficar a margem, gente demais tem feito política com a saúde, alguns tem tentado construir uma carreira política desde a saúde e uma minoria tem tentado até fazer caixa com a saúde.
O Hospital São José é o reflexo da nossa saúde e de como ela é gerida.
Recentemente o jornal A Noticia, veiculo na coluna Portal a nota, com o titulo:

Diferenças entre os Sãos Josés

Semelhança só no nome. No São José de Jaraguá do Sul, que não é municipal como o de Joinville, mas fez 60% dos atendimentos pelo SUS, o acelerador linear está pronto para funcionar (foto acima). Só falta uma vistoria do Ministério da Saúde. Em Joinville, o equipamento capaz de qualificar o tratamento de câncer vai chegar nas próximas semanas, mas não tem nem onde ficar: deu problema na construção da casamata e não tem data para a obra começar. No São José de Jaraguá, os empresários se encarregam de comprar parte dos equipamentos. O comando da instituição é de um empresário, Paulo Mattos, ex-presidente da Acjis. Em Joinville, no governo LHS, até foi formada uma comissão de notáveis para tentar dar um jeito no São José. Ficou na promessa.

Em 12 de novembro de 1998, o Decreto Municipal 8.858, nomeou para integrar o Conselho de Administração do Hospital São José. Um grupo de empresários e executivos de algumas das maiores empresas de Joinville, com o objetivo de resolver o grave problema de gestão e de credibilidade que este importante hospital estava enfrentando.

Alem dos mais importantes secretários municipais, foram nomeados, o empresário José Henrique Carneiro de Loyola que assumiu como presidente e os tambem empresários Carlos Rodolfo Schneider, Ernesto Heinzelmann, Francisco Amaury Olsen, Jamiro Wiest e Miguel Abuhab. Que em exatos nove meses, conseguiram recuperar o caixa do hospital, recompuseram os estoques de medicamentos e o que é mais importante recolocaram o hospital São José no caminho do resultado, estabelecendo modernos modelos de gestão, com a colaboração inclusive da Fundação Dom Cabral. Uma vez alcançados os objetivos propostos, exatamente em 11 de Agosto de 1999, como o jornal A Noticia divulgou, tomou posse como presidente do Conselho de Administração do Hospital o Secretario de Administração e Recursos Humanos da prefeitura Municipal de Joinville, José Alaor Bernardes, com o que se deu por concluída a participação deste grupo de “notáveis”. Voltando o Hospital a estar exclusivamente sob a responsabilidade administrativa do município. Por tanto é injusto afirmar que a participação empresarial ficou na promessa. A participação e contribuição de notáveis da sociedade local na administração de entidades publicas, não deve ser vista com naturalidade, ela representa a falência da estrutura publica, que não sendo capaz de gerar os bens e serviços que são da sua responsabilidade, precisa da contribuição voluntária, para executar o que não tem sido executado pelos profissionais que tem esta função publica como obrigação.

A situação atual do Hospital São José, caso se confirmem as graves acusações veiculadas na imprensa local, envergonham a sociedade joinvilense e os responsáveis devem ser punidos.

Uma mensagem de força

O espírito do homem aumenta as suas forças, na mesma proporção das dificuldades que lhe opõe a natureza.
Bernardin de Saint Pierre


28 de novembro de 2008

De um leitor que não quis se identificar.....


O negrito no texto é meu, e serve para destacar um fato, que caso seja veridico, serviria para mostrar que parte desta tragedia poderia ter sido evitada ou no pior dos casos minimizada.

Há cerca de 7 anos atrás eu escrevi uma matéria cujo título era, se não me engano, porque ainda não a achei o texto: "A Espera de Uma Tragédia". Havia participado como voluntário na enchente de 1983 e depois, por conta de minha atividade profissional, participei de algumas obras de correção de margens e dragagens no Rio Itajaí-Açu e Itajaí Mirim. Obras muito localizadas, para evitar deslizamentos de encostas ou para melhorar a vazão do braço "morto" do Itajaí Mirim.


Naquela época havia o Departamento Nacional de Obras e Saneamento - DNOS, que em Santa Catarina teve papel fundamental na reconstrução após a enchente de Tubarão e na manutenção da vzaão da foz do Rio Itajaí e construção do canal extravasor do Itajaí Mirim. Haviam outros projetos que foram engavetados. Após as enchentes de 1983 e 1984, o Governo de Santa catarina havia realizado um estudo patrocinado pela JICA - para um complexo e necessário arcaboulo de obras de prevenção e correção de cheias no Itajaí Açu e Itajaí Mirim. Seriam aplicados US$ 400 milhões para esta obras que nunca sairam do papel. Os governadores que se seguiram queriam só fazer asfalto, porque asfalto dá mais voto.

Depois, para completar a desgraça, o Collor extinguiu o DNOS por conta da roubalheira no Nordeste e, nós perdemos o único orgão que tinha como tarefa planejar e executar obras de prevenção e correção para as cheias. Se haviam desvios de conduta, é provável que sim, mas havia alguém que tinha esta missão. Depois disto, nenhum governo, seja ele Federal ou Estadual, se preocupou com as enchentes, as tragédias de Tubarão, de 1983 e 1984 ficaram no passado, na memória. Toda a vez que passava pela Jorge Lacerda e via as margens do Rio Itajái ruindo ou quando via a situação de abandono do canal retificado do Itajái Mirim, ou ainda quando via os loteamentos liberados nas partes baixas da bacia em Itajaí e Navegantes onde o rio atingiu 2,5 metros de altura na enchente de 1983, me vinha a mente aquelas cenas da enchente e, por conta disto dava para prever prenunciar uma catástrofe
Aí então escrevi o texto que fazia justamente uma série de comentários alertando para o fato de que um dia seríamos novamente vítimas dos caprichos da natureza e das nossa ignorância. Agora, estamos novamente nos defrontando com este desastre que não tem culpados, mas está claramente esposta a ferida da omissão e irresponsabilidade pela falta de ações de prevenção. Somos, de fato, uma sociedade onde a memória é curta e, logo, logo estaremos esquecendo este desastre, voltando a ocupar os mesmos lugares onde as tragédias aconteceram esperando pelo próxima, que será maior ainda e mais avassaladora. Oxalá eu esteja completamente errado.

Os comentarios dos leitores...


Estão melhores, mais interessantes e mais ricos que os posts do blog, vou tentar me esforçar para não fazer feio.
O aumento do numero de textos em azul e itálico, mostra que os leitores do blog estão participando cada vez mais, colocando com critério e ponderação as suas ideias e mostrando que é precisa uma discussão profunda, que não podemos permitir que toda esta tragédia caia no esquecimento.
Só em Joinville algumas famílias dos bairros Jativoca, Morro do Meio e Vilanova, sofreram 3 enchentes com alagamento e perda de bens, só no ano de 2008.
Do mesmo jeito que os sofridos joinvilenses que vivem em áreas sujeitas a enchente, já devem ter aprendido como agir em caso de ameaça, é de supor que as nossas autoridades deveriam estar melhor preparadas e agir de forma mais coordenada e eficaz, para enfrentar desastres naturais que estão virando rotina.

Educação, o unico caminho


O fracasso de uma educação, rural e urbana, que oferece "o circo antes do pão"

Polan Lacki



Nos países latino-americanos, uma crescente porcentagem de jovens, rurais e urbanos, já está conseguindo concluir a escola fundamental e até a média ou secundária. Lamentavelmente, este êxito é mais aparente que real, pois em termos práticos está produzindo resultados decepcionantes. Os jovens, agora mais escolarizados e com um horizonte de aspirações e ambições ampliado, sentem-se frustrados, para não dizer enganados.

Depois de estudar longos 11 anos, durante os quais alimentaram a ilusão de que este esforço lhes ofereceria um futuro de oportunidades e de prosperidade, eles descobrem que não estão aptos sequer a obter um modestíssimo emprego; pois egressam do sistema escolar sem possuir as "qualidades" que os empregadores esperam e necessitam encontrar em um bom funcionário. Isto acontece porque o sistema de educação, rural e urbano, não lhes proporciona os conhecimentos úteis, as aptidões necessárias e nem sequer as atitudes e os valores que necessitam para ser bons empregados; tampouco os prepara para que sejam bons cidadãos e pais de família que saibam educar, orientar, alimentar e c uidar da saúde dos seus filhos, etc.

Falemos sem eufemismos, com exceção do que lhes foi ensinado nos três primeiros anos (ler, escrever, efetuar as 4 operações aritméticas, aplicar a regra de três e conhecer o sistema métrico), praticamente todos os demais conhecimentos são irrelevantes para que eles possam ter um melhor desempenho no trabalho e na vida pessoal, familiar e comunitária. Nesses oito anos subseqüentes, os poucos conteúdos que poderiam ser úteis geralmente são ensinados de maneira excessivamente teórica, abstrata, fragmentada e desvinculada da vida e do trabalho, com o que se transformam em virtualmente inúteis. Então, se impõe a seguinte pergunta: para que estudaram esses oito anos adicionais?



Sejamos objetivos e realistas: qual é a utilidade ou aplicabilidade na vida cotidiana que tem o ensino teórico sobre os logaritmos, os determinantes, a geometria analítica, a raiz quadrada e cúbica? Ou o ensino "memorístico" sobre a história da Cleópatra ou da Imperatriz de Bizâncio, os faraós e as pirâmides do Egito, a história da Mesopotâmia e as altitudes das Montanhas Rochosas?

Alguns defensores deste conservadorismo educativo afirmam que tais conteúdos são necessários para desenvolver a criatividade, a engenhosidade, o senso crítico e problematizador, o espírito de iniciativa dos educandos e para oferecer-lhes uma suposta "formação integral". Pessoalmente, opino que existem formas mais inteligentes e produtivas para atingir tais objetivos. Conteúdos mais próximos - no tempo e no espaço - às realidades cotidianas dos educandos seriam muito mais eficazes para desenvolver as suas potencialidades latentes, para estabelecer relações entre causas e efeitos, para evitar que repitam os erros que foram cometidos no passado, etc.

Outros teóricos afirmam que é necessário manter esses conteúdos para "democratizar" as oportunidades de acesso à universidade, ignorando que, na maioria dos países da América Latina, apenas 5 ou 10% dos jovens têm esse privilégio. Em tais condições, não é lógico nem justo castigar e entediar os outros 95 ou 90% que não chegarão à universidade, fazendo-os estudar durante oito anos temas excessivamente teóricos, abstratos, longinquos, não utilizáveis e prescindíveis, para não dizer inúteis.



Na dinâmica do mundo contemporâneo, os educandos têm motivações e interesses muito mais imediatos e concretos. A sua principal aspiração é conseguir um trabalho bem remunerado para adquirir os bens e serviços da vida moderna e para poder constituir uma família próspera e feliz. Portanto, uma educação realista deverá ser orientada ao atingimento desses anseios e necessidades concretas e prioritárias da maioria da população; e não a proporcionar-lhe uma crescente quantidade de informações descontextualizadas e desconexas, que são irrelevantes e não utilizáveis na solução dos seus problema s cotidianos.

A realidade concreta nos indica que, depois de concluir ou abandonar a escola fundamental e média, a grande maioria dos educandos rurais:



A - em uma primeira etapa, vão dedicar-se a atividades agropecuárias, como produtores ou como empregados rurais, nas quais fracassam, principalmente, porque a escola rural preferiu ensinar-lhes a história do Império Romano ou o Renascimento Francês, em vez de ensinar-lhes a produzir, administrar as propriedades rurais e comercializar as suas colheitas com maior eficiência; ignorando que este é o primeiro requisito para que possam incrementar a sua renda e, graças a ela, sobreviver com dignidade no meio rural.



B - em uma segunda etapa, depois de fracassar nas atividades rurais, esses ex-agricultores e os seus filhos migram para as cidades onde serão serventes da construção civil, pedreiros, pintores ou marceneiros, motoristas, manobristas e guardadores de automóveis, policiais e vigilantes, cozinheiros e garçons, balconistas e vendedores ambulantes, empregadas domésticas ou faxineiras de escritórios e de edifícios residenciais, garis, burocratas e operários das empresas públicas e privadas, etc, pois, no mundo moderno, são essas atividades urbanas, as grandes ocupadoras de mão-de-obra.



Isto significa que os conteúdos curriculares das escolas rurais não responderam às necessidades dos pais e agora os conteúdos das escolas urbanas não respondem às necessidades concretas dos seus filhos. Para que essas maiorias possam realizar-se como pessoas e sejam mais eficientes e produtivas, necessitam de conhecimentos que sejam úteis e aplicáveis para melhorar o desempenho nas ocupações majoritárias recém-mencionadas e, especialmente para que possam desempenhar, com eficiência, outras atividades que são mais valorizadas pela sociedade e pelo mercado de trabalho.

O verniz pseudo-cultural e intelectual, tão freqüente nos nossos obsoletos currículos, não contribui ao atingimento de nenhum desses dois objetivos; pois os potenciais empregadores não estão muito interessados em saber se os jovens candidatos a um emprego conhecem a biografia de Montesquieu, Robespierre ou Richelieu.



O abismo existente entre aquilo que o sistema de educação ensina e o que os educandos realmente necessitam aprender é simplesmente inaceitável. Ele é tão prejudicial à nossa juventude, ao setor produtivo e ao futuro das nossas nações, que não podemos continuar aceitando inconsistentes teorizações, justificativas e elucubrações dos "especialistas" que insistem em manter nos currículos o supérfluo, em vez de substituí-lo pelo essencial. A sociedade como um todo, deverá exigir que o sistema de educação adote transformações radicais, corajosas e imediatas; porque as medidas cosméticas adotadas pelo refe rido sistema nas últimas décadas demonstraram ser mal priorizadas/direcionadas, insuficientes e ineficazes.

Os cidadãos, que através dos seus impostos estão financiando esse anacrônico sistema de educação e pagando as conseqüências dessa má qualidade educativa, têm todo o direito de exigi-lo; e o sistema de educação tem o dever de acatar essa justíssima reivindicação. Os conteúdos que a maioria dos educandos, provavelmente, nunca utilizará deverão ser sumariamente extirpados dos currículos e substituídos por outros que tenham uma maior probabilidade de ser utilizados pela maioria dos educandos, durante o resto das suas vidas.

É necessário oferecer-lhes uma educação que os ajude a que, eles mesmos, possam transformar as suas realidades adversas, corrigir as suas ineficiências e solucionar os seus problemas cotidianos.



As crescentes multidões de desempregados/subempregados, pobres e miseráveis que não têm dinheiro para pagar um teto digno, comprar os alimentos e os remédios ou mandar os seus filhos para a escola, para o médico e para o dentista, necessitam, em primeiríssimo lugar, de uma educação útil, no sentido de que as habilite a conseguir um trabalho/emprego gerador de um salário razoável, com o qual possam satisfazer as necessidades primárias de sobrevivência das suas famílias. Estas multidões de "mal-educados" pelas nossas escolas não estão muito interessadas em saber qual é a altitude do Everest ou a extensão do Rio Nilo; tampouco em conhecer a história das competições e batalhas que ocorreram no Circo Máximo ou no Coliseu de Roma.

Depois que adquiram os conhecimentos necessários para serem empregados mais produtivos, melhores cidadãos e bons pais de famílias eles poderão buscar as oportunidades e as fontes para adquirir os outros conhecimentos que satisfaçam as suas curiosidades e os seus interesses intelectuais e culturais. Estas oportunidades e fontes não necessariamente deverão ser proporcionadas através do sistema de educação formal (escolarizado).

É compreensível que os privilegiados da sociedade que já têm acesso ao pão desejem ir ao circo. Entretanto, a prioridade da grande maioria constituída pelos não privilegiados, pelos pobres, pelos sofridos e pelos abandonados é diferente, eles querem primeiro o pão, depois o circo.



Documentos que ampliam e fundamentam as propostas deste artigo poderão ser solicitados através dos e-mails:

Polan.Lacki@uol.com.br e Polan.Lacki@onda.com.br ou encontrados na seção "Artigos" da Página web:

http://www.polanlacki.com.br e no novo site http://www.polanlacki.com.br/agrobr

Do jornal A Noticia 28/11/08


Na seção de cartas dos leitores, que é sempre um berçário de novas ideias e um bom caminho para sentir o pulsar da sociedade, transcrevo o seguinte texto.

- Mais uma vez, estamos vendo a desorganização do País. Faz seis dias que famílias estão desabrigadas, sem água, sem comida e sem cama. Por que, em vez de donativos como água, leite, alimentos e colchões ficarem se acumulando em ginásios e escolas, o Exército não organiza tendas com cozinhas comunitárias, chuveiros e ambulatórios médicos?

Para que perder tempo “cadastrando” famílias enquanto supermercados estão sendo saqueados? Por que arrecadar dinheiro? Agora, o fim da picada veio com a demagogia do nosso presidente oferecendo verba. Até a burocracia liberar a tal verba, o pobre coitado do brasileiro já se reergueu sozinho. Acorda, Brasil!

Erna Marlene Rzeppa
Joinvill
e

Pelo posicionamento a Sra. Erna, poderia ser uma colaboradora "ad honorem" deste blog. Não tenho nada a acrescentar, só subscrever o seu texto. É neste momentos de crise em que podemos perceber bem como a nossa sociedade funciona e o tipo de lideres que temos.

Texto escrito desde Blumenau


Entre tantas mensagens que circulam pela internet uma me chamou a atenção e transcrevo, em azul e itálico, como sempre. Não posso atestar a sua veracidade, mas é coerente com as noticias que chegam por uns e outros.

Agora, 9 horas da manhã do dia 27, chove bastante aqui em Blumenau.

Graças a Deus, o nível do rio baixou para 4 metros e meio. Nos piores momentos atingiu 12 metros.

Aqui na cidade os carnês de IPTU têm uma particularidade: indicam o nível de perigo para o local (o que influencia no valor do imposto) em forma de comparação com o rio, isto é, a partir de que nível o local passa a inundar.

Aqui passa o rio Itajaí Açú, que é formado na cidade de Rio do Sul pela junção do Rio do Sul com o Rio do Oeste. Recebe, ainda, o rio Benedito, acima de Indaial.

Existem 3 grandes barragens, com muitas comportas, naqueles afluentes, que servem para controlar o fluxo das águas. Nas grandes enchentes de 1983/84 o sistema funcionava precariamente. Atualmente estão em muito melhor estado; isto mais retificações e desassoriações melhoraram a defesa contra as enchentes.

Mas nestes dias o que está causando o grande transtorno não são as chuvas sobre os afluentes mas sim diretamente nas cidades do médio vale, como Blumenau, Indaial, Pomerode, ...

Jaraguá do Sul e Joinville já estão sob outras influências.

Itajai e Navegantes são as cidades que margeiam a foz do rio Itajai-Açú. Portanto, recebem toda a água que desce e muitas partes ficam até em nível mais baixo que o mar. Quando ocorrem as marés altas o rio não consegue desaguar. Pelo contrário, recebe mais água, no sentido contrário. E o resultado é o transbordamento, a inundação.

Apareceu na TV, aqui em Blumenau, um homem mostrando, com o braço para cima, a marca de 2,20 metros que as águas atingiram na rua Amazonas, dentro de sua loja, uma pequena papelaria. Que tristeza!

Já há mais de 78.000 desabrigados, gente que perdeu a casa e tudo o mais e não tem mais para onde voltar. Só em Blumenau estão funcionando 56 abrigos, lotados. A solidariedade é enorme. Centenas de voluntários ajudam bastante.

Em alguns locais isolados pessoas morrem e está havendo autorização para serem enterradas ali mesmo, pelo pessoal da defesa civil, marcando as sepulturas com GPS para que possam ser transferidas mais tarde. Muitos corpos estão sendo guardados em caminhões frigoríficos.

Não há mais sangue nos hospitais. 25% de locais na cidade ainda estão sem energia elétrica. O lixo não é recolhido.

A cidade está imunda, coberta de lama. Há um risco enorme de doenças por bactérias e virus, principalmente leptospirose, que deverão prevalecer por pelo menos 40 dias após secarem as ruas.

Falta água e comida. Em Itajai 7 supermercados foram saqueados; a TV mostrou aparelhos de TV e de informática sendo levados também, entre outros materiais. A segurança pública é NENHUMA.


27 de novembro de 2008

Kafka era brasileiro e morava em Joinville (3)


Para quem tiver interesse em acompanhar um exemplo local, de como é possível juntar incompetência, descaso e toda perfeição do emaranhado burocrático, para destruir a saúde, as economias e a paz de uma família de Joinville, cujo único pecado foi o de dar em tombamento um imóvel para que possa servir de área verde para as futuras gerações.
Uma procissão de prefeitos, secretários, assessores, procuradores, funcionários do primeiro ao ultimo escalão, tem se desdobrado para fazer da existência dos herdeiros da família Schmalz, um calvário.
Mas informações estão disponiveis em Bosque Adalberto Schmalz e em Preservação e Desenvolvimento

Kafka era brasileiro (2)



Um dia quaisquer desta semana. Me tocou ir ao cartório. A fila é longa, a cadeira incomoda, as revistas colocadas para entreter a longa espera, não são novas. Uma Veja, que já perdeu a capa faz meses, fala do Ciro Gomes, como um forte candidato a presidente para enfrentar o candidato do PT. Por baixo estamos falando de 7 anos atrás.

Lidar com a nossa burocracia, é uma experiência capaz de deixar ao Santo Jô, sem paciência. Precisar deixar de trabalhar e ter que assinar um documento, para provar que eu, sou eu mesmo, tem a sua complexidade. E por estas e outras que nunca deixamos de ser o pais do futuro. Conto por baixo umas 35 pessoas esperando, se cada um perde, como eu, 40 minutos na fila, são mais de tres dias de trabalho perdidos, e isto só é uma amostra de pouco menos de uma hora. Se calculo uma media, rapidamente chegarei a mais de um mês de trabalho perdido, em filas desnecessárias, para poder provar que eu sou eu. Fora o tempo que cada um precisou para se deslocar até o cartório. Alguns parece que faltaram ao trabalho, meio dia perdido, para assinar a transferência do carro.

Kafka não poderia ter imaginado cenário mais perfeito, o cidadão pagando uma taxa, para assinar um documento, que prove que ele é ele mesmo, este documento e dezenas de outros devem ser autenticados, com o pagamento de novas taxas e novas perdas de tempo. Numa interminável corrente de tempo perdido e rostos cansados.

Será que alguém fez a conta de quanto tempo o pais perde, para atender esta e outras exigências desnecessárias? Ninguém mais lembra que os funcionários públicos, tem fé publica, que lhes permitiria facilmente agir de uma forma rápida, expeditiva e eficaz, facilitando a vida dos sofridos contribuintes, que vagam em longas filas, para carimbar, colocar sofisticados selos holográficos e pagar taxas e outros emolumentos, para manter uma estrutura burocrática, ultrapassada e na maioria das vezes inútil.

Quem não teve que solicitar uma negativa de débitos na nossa prefeitura?, Ou simplesmente precisou autenticar algum documento?, Quem sabe atender a alguma nova portaria do Detran?. Então você sabe, que a burocracia, que Kafka teve que enfrentar na sua Praga natal, não tinha ainda alcançado o elevado nível de perfeição da nossa melhorada durante décadas de trabalho criterioso e dedicado

Publicado no Jornal A Noticia

Para pensar acordado

A natureza, para ser comandada, tem que ser obedecida.

Enchentes em Santa Catarina

Impresionantes as fotografias aereas que estão no Blog M2 Arquitetura
O blog inteligente e engajado, mostra desde outro angulo a tragedia que assola Santa Catarina.
Transcrevo parte do post. Vale a pena clicar e ter acesso a versão integral

Falam do somatório de fatores climáticos que levou a esse estrago. Mas além disso, temos os desmatamentos e terraplanagens nas encostas dos morros que contribuem para os deslizamentos; a impermeabilização da cidade, cada vez com menos áreas verdes; a falta de planejamento e de todas as políticas públicas; um Plano Diretor que parece estar sempre à venda, que é modificado conforme convém (a alguém) e que permite de tudo, inclusive construir às margens de rios e zonas alagáveis...

Todos temos uma parcela de culpa neste processo. Resta como consolo aprendermos a lição de que podemos e devemos mudar para construir um futuro melhor para todos.

Uma das imagens foi publicada no jornal ANotícia de hoje, na coluna do Jefferson Saavedra. Compartilho abaixo outras fotos da viagem. Lamentável.

Do blog de Guto Cassiano


Katrina de Pindorama...

Katrina passou na janela, e a Carolina barbuda não viu
O furacão Ike matou quatro pessoas em Cuba. As chuvas já fizeram, em números oficiais, provavelmente subestimados porque deve haver corpos soterrados, 69 vítimas fatais em Santa Catarina.

Duas tragédias, dois presidentes. Para responder à emergência cubana, com seus quatro mortos, Luiz Inácio Castro da Silva convocou uma reunião de emergência com sete ministérios e editou uma MP determinando ajuda humanitária ao país. Para Santa Catarina, por enquanto, ele pediu um minuto de silêncio. Ah, sim: determinou que quatro ministros dêem uma espiadela na tragédia que acomete o estado. O governo ofereceu helicópteros para resgate e alguns colchões. E só. Nada de Medida Provisória liberando dinheiro.

Vamos entender as coisas na sua devida dimensão. A presença de ministros no local da tragédia, se não tiverem recursos a oferecer, é inútil. O papel da solidariedade política cabe ao chefe da nação — que é Lula. Ele, sim, já deveria ter pisado em solo catarinense para evidenciar que a população não está só. Tratar-se-ia de um simbolismo, enquanto seus auxiliares, em Brasília, viabilizariam os recursos. E olhem que nem seriam necessários sete ministros...

É o lado Bush de Lula. Katrina passou na janela, e a Carolina barbuda não viu.

O povo de Santa Catarina já se ergueu de outras tragédias. E o fará de novo. Que isso não sirva para esconder a lentidão do governo federal em prestar socorro àqueles brasileiros.

Texto: Reinaldo Azevedo

O texto original esta em Guto Cassiano

26 de novembro de 2008

Joinville desde o ar


Where have all the flowers gone?
Igual que na musica de Pete Seeger, cabe se perguntar ao olhar esta fotografia aérea, que mostra a pressão sobre o pouco verde remanescente, aonde foram as nossas flores? aonde os jardins e praças? aonde foram nossas arvores e gramados? As nossas nascentes e matas?
O verde urbano esta em extinção, a cidade cada vez mais impermeabilizada e mais construída, sofre o impacto da falta de planejamento, da especulação imobiliária e da corrupção e de um amplo repertório de inépcias das autoridades de plantão.

25 de novembro de 2008

1857

Cento e cinquenta e um anos atrás os moradores de Joinville mostravam um conhecimento e uma sabedoria que parece ter se perdido irremediavelmente.
Veja aqui 1857

Plano Municipal de Drenagem

Os leitores deste blog, cada vez mais, aportam ideias que ajudam a reflexionar e construir uma visão mais apurada da nossa cidade e da nossa realidade. O texto da leitora em azul e itálico, alerta sobre pontos que a nova administração devera enfrentar e sobre os que precisaremos estar bem informados. Em preto os comentários deste blog.


Realmente os problemas se avolumam. A apresentação do PDDU na Câmara de Vereadores em sua primeira Audiência Pública no dia 12 deste mês bem mostrou como o planejamento é feito. Das sete bacias existentes no Município de Joinville neste convênio com o BID de 54 milhões de dólares, será apenas para a Bacia do Rio Cachoeira.
E as outras? Resolverá o problema? A Bacia do Rio Cachoeira equivale a 7.27% das bacias.O consórcio de duas empresas nacionais e uma francesa estará ao cabo de um ano apresentando o projeto, que tenho minhas dúvidas frente ao exposto pelo professor eng. hidráulico, tentativas e tentativas como ele mesmo disse que "antigamente" cometia-se muito erro por tentar e no entanto continua-se a falar em "tentativas" com o dinheiro que é sempre escasso para saneamento "tentar"?
Parece que em Joinville o pensamento é muito pequeno. Porque já não foi feito o PMS (plano muncipal de drenagem)para se ter a visão de todo o saneamento básico incluindo água, esgoto, resíduos sólidos e drenagem pluvial? Pasme que na mesa composta com os técnicos da PMJ falam em cidadão mas por incrível que pareça eles não se colocam ou sentem-se como cidadãos, porque será, não é possível o entendimento!

Para quem não entende muito de contas, parecem muitos recursos para pouco resultado, para quem entende um pouco, tem certeza que é muito recurso, para não resolver nada. Se 7,27 % das bacias custam 54 milhões de Dólares, quanto custará o 100 %?, é uma simples regra de três. Facinho, facinho.

Uma longa reflexão


Ao leitor mais desavisado pode parecer que as enchentes que vivemos, são resultado exclusivamente das fortes chuvas que de uma forma pertinaz, visitam Joinville, ou "Rainville" ou “Chuville” como uns e outros a chamam de maneira mais carinhosa, que critica.

As enchentes que Joinville viveu nos últimos dias, levam forçosamente a duas reflexões, a primeira é que a maré alta acontece diariamente, duas vezes ao dia, Não é por tanto uma novidade para os joinvilenses, acontecia inclusive muito antes que estas terras fossem ocupadas por caiçaras e tupis-guaranis. A maré de lua acontece com a regularidade de um relógio lunar a cada 28 dias, também desde tempo imemorial.

As fortes chuvas são também uma constante da região, desde o el Niño e la Nina, por tanto mesmo que estes acontecimentos sejam intensos, não podemos nos deixar surpreender, por algo que a natureza, teimosamente nos oferece como os amanheceres e os entardeceres.

Nada mais injusto que culpar a Natureza, e as inclemências do tempo pelos estragos e prejuízos que ocasiona, como dizia Moscatelli “A natureza não se defende... ela se vinga!!!

A segunda nos leva a procurar entender melhor, porque os estragos são cada vez maiores, porque o prejuízo para os cidadãos é maior e mais freqüente. Inclusive não tem sido poucos os depoimentos de joinvilenses, que a cada chuva, mesmo as menos fortes, tem sofrido enchentes e perdido os seus bens duramente conquistados, quando não a vida.

Dizer que ninguém pode ser responsabilizado pelas fortes chuvas e pelos estragos que ocasionam, parece um contra-senso, e mesmo assim permaneço forte na minha convicção que as enchentes, ou melhor, dito os estragos, as perdas de bens e o elevado custo social, econômico e ambiental não são causadas pelas fortes chuvas e sim ela imprevidência, a irresponsabilidade e a ganância.

Não é de hoje que temos enchentes no Morro do Meio, em Pirabeiraba, Quiriri, no Jardim Paraí­so, na Vila Nova (Annaburg e Neudorf), no Panaguamirim, no América, e no Centro, por citar alguns dos nossos bairros.

Sempre teve, porque a proximidade com a Serra do Mar e a topografia da planície onde foram construí­das as primeiras moradias na Colônia Dona Francisca definiram as condições e fazem de Joinville uma região sujeita a enchentes. O que mudou? O que mudou foi alem da impermeabilização (asfalto), o desmatamento, as terraplanagens (cortes e aterros dos morros), a construção de moradias junto às margens dos rios e canais que drenam as bacias hidrográficas da cidade, a autorização criminosa para a ocupação com loteamentos e ocupações regulares de Áreas que sempre foram sujeitas a enchente, Não é de hoje que o Rio Águas Vermelhas (Há registros oficiais de inundação do Ribeirão das Águas Vermelhas em 1852) inunda grandes Áreas da Vilanova ou do Morro do Meio, só que antes estas Áreas não estavam ocupadas e funcionavam como bacia de detenção para amortecimento das ondas de cheias, ninguém corria o risco de perder bens, os impactos na vida das pessoas eram menores), porque a área urbanizada da cidade era menor do que atualmente, bem como sua população. No caso da região da Estrada de Ilha sempre alagou, se perdiam a safra da agricultura, gado e inclusive vidas humanas.

Mesmo construindo em cota topográfica um pouco mais elevada que a topografia natural do terreno, a comunidade luterana da Estrada da Ilha sofreu muito com as inundações.

Quem autorizou a ocupação das áreas alagadiças? Se já desde o Plano Diretor de 1.973 Joinville conhecia, mesmo que superficialmente, o mapa das suas enchentes. A Comissão de Loteamentos e os demais órgãos da Prefeitura Municipal envolvidos na questão, precisam usar as ferramentas técnicas adequadas, por exemplo na Lei de Loteamentos, e de planejamento urbano antes de emitir licenças a respeito da implantação de loteamentos. Porque alguém autorizou loteamentos e residenciais em áreas que enchem a cada chuva? Terraplanar um imóvel antes de construir não garante que ele ficará protegido de eventuais inundações, pois a cota poderá ser superada na próxima enchente.

Deve ser responsabilizado quem autorizou a construção de casas e inclusive edifícios sobre os rios Morro Alto, Jaguarão e Mathias, inclusive muitas destas construções não tem Alvará de construção, estão irregulares portanto, comprometendo a manutenção e limpeza de rios e corregos e condenando grandes áreas da cidade a enchentes regulares a cada chuva, mesmo as menores e menos intensas.

Seguir o rastro do lodo, que trazem as enchentes, não é um trabalho difícil, os nomes de cada vereador que aprovou, em nome do desenvolvimento e da especulação imobiliária, as leis, que permitiram esta ocupação, de cada secretario que elaborou os estudos técnicos, se é que foram feitos, e de cada prefeito, que encaminhou projetos de lei reduzindo a permeabilidade da cidade para atender aos interesses da uns e outros e condenando outros cidadãos, população de baixa renda principalmente a viver sob a ameaça constante de enchentes a cada pingo d’água. Os nomes e sobrenomes estão ao alcance de quem quiser chafurdar na historia da Colônia Dona Francisca já desde a época de Hermann Guenther em 1850.

Para quem tiver interesse em conhecer melhor o tema das enchentes em Joinville, nada melhor que conhecer o trabalho de Wivian Nereida Silveira. Um material que deveria servir de base e referencia em todas as discussões sobre desenvolvimento de Joinville. Nele se encontram identificadas todas as áreas alagáveis de Joinville, localizadas por bairro. Ainda o estudo prova que a pesar das chuvas ter reduzido nos últimos 100 anos, seguindo uma tendência mundial, nacional e estadual, as enchentes em Joinville tem sido mais freqüentes e mais graves. Ainda denuncia a ausência de dados técnicos, mapas e material cartográfico que poderia servir de ajuda as autoridades locais, na elaboração de projetos, estudos e propostas e que hoje se encontram em Florianópolis no acervo do Deinfra.

E ainda acrescentar, a constante impermeabilização da cidade, que perde a cada dia os seus jardins e quintais, não constrói novas áreas verdes, não as exige por lei e não toma medidas para proteger as poucas que ainda permanecem.

A cada dia a água da chuva, sem espaço permeável para se infiltrar no solo, percorre com maior velocidade as ruas, calçadas e praças pavimentadas, em direção aos pontos mais baixos e em menor tempo se produzem enchentes mais graves, que não dão tempo a se proteger e defender. Um cenário que faz que a cada nova nuvem os joinvilenses olhem o céu com apreensão e temor.

Publicado no Jornal A Noticia

Fotos da enchente em Joinville (2)

Rua do Principe
Foto de Ludimila Castro
Foto de Ludimila Castro
Rua Eugenio Moreira
Univille
Rua do Principe

Fotos da Enchente em Joinville (1)

Fotografia que mostra a largura do rio Cachoeira junto ao Hipermercado Angeloni, comparar com a largura do rio frente a Prefeitura Municipal
Rio Cachoeira na enchente de 22 de novembro de 2008, junto ao Angeloni

23 de novembro de 2008

Sem palavras



Comentando, comentarios


Um dos nossos leitores escreveu o texto a seguir que transcrevo em azul e itálico e que passarei a comentar diretamente no post em preto.

Alguém lembra alguma vez o Mercado Público inundado? Nem mesmo quando da ocorrência de marés de sigízia com chuvas isto ocorreu. Eis porque a ponte da rua 9 de março causa este problema para o centro de Joinville. Este estudo de represamento foi apresentado ha mais de 30 anos pelo engenheiro Leones Greipel e ninguém deu bola.

Impressiona o descaso, a ausência de politicas publicas adequadas e principalmente de bom senso, em quanto esta administração gastou dinheiro publico em projetar e executar o Boulevard Cachoeira ou para construir uma praça ponte sobre o rio Cachoeira, para isto tem recursos. Porém não se fazem os estudos e projetos para minimizar os estragos das enchentes, nem para ampliar pontes. E falar da audiência publica que aconteceu na Sociesc para apresentar o Plano Diretor de Drenagem pluvial, é uma piada de mau gosto.

A ponte, óbviamente, é apenas uma parte do problemas que nos trazem inundações. A calha baixa dos rios Mathias, Jaguarão, Morro Alto foram estreitadas ao longo do tempo.

A dessidia e o descaso fizeram o resto, a indolência e a picaretagem colocaram a pá de cal.
e a chuva veio para nos lembrar, de toda a sucessão de erros que foram cometidos.


Ocuparam integralmente a calha alta e, em muitas situações cobriram os rios. As águas então seguem o caminho menos resistente, que são as ruas e os terrenos, recuperando parte de seu território natural. Podemos aliar a isto a não manutenção e limpeza dos córregos e rios. Os cortes dos morros são brutais, a impermeabilização do solo é contínua e as obras públicas não levam em conta este condicionantes. O deslizamenteo que aconteceu na Churrascaria do Lino (Rua XV) neste sábado é o exemplo da idiotice do homem para ocupar áreas, fazendo cortes absurdos de terrenos argilosos, típicos de Joinville, mesmo que tenha noção do risco. Depois, de nada adianta lamentarem-se.

A queda de barreiras, as inundações e os prejuízos constantes de bens e inclusive de vidas humanas, são a prova cabal desta situação, rios de tinta se somaram agora as águas do Cachoeira, do Mathias ou do Morro Alto, para ser esquecidos depois que saia o sol de novo.


Solução para tudo isto? Educação, cultura, consciência coletiva e muito, muito trabalho para resgatar aquelas condições mínimas de segurança e equilíbrio com a natureza. Quando no debate do Plano Diretor foi sugerido que a cidade preparasse seus planos de emergência e contingência, alguns riram e disseram que não era ali o local para tratar disto.

O modelo de desenvolvimento definido para Joinville, esta se mostrando inadequado e mesmo que importantes entidades da nossa sociedade organizada, apoiem a ocupação desordenada e o desenvolvimento a quaisquer preço, o preço esta ficando cada vez mais alto e difícil de pagar. Quando a sociedade organizada comece a entrar com ações na justiça para cobrar os estragos e prejuízos ou quando alguma autoridade seja responsabilizada por ter autorizado o que não era autorizável, pode ser que as coisas comecem a mudar. O Plano Diretor precisa sim prever a sustentabilidade desta cidade.

Pois é, nossas leis urbanisticas perimitiram ocupar todos os espaços e então pergunto: Quando então vamos tratar do assunto? Precisamos acabar com a mediocridade e com a avareza dos exploradores inescropulosos da cidade. A cidade necessita ser compartilhada de forma equilibrada e, se houverem riscos a correr, há que se ter consciencia e conscentimento coletivo para assumi-los, senão ficaremos eternamente querendo achar culpados.

Tem culpados sim e devem ser responsabilizados, colocar continuamente panos quentes só estimula a impunidade e o descrédito.

O Gert fez inumeras afirmações, mas não é uma pessoa que pode ser chamda de razoável, capaz de dialogar ou de ser propositiva. Desconfio de algumas ONGs onde se abrigam muitos charlatões, prontos para dar o bote. Quando isto acontece, lembro de criminosos que se tornam santos ao se abrigarem nas seitas e igrejas de crentes, como se isto limpasse seu passado sujo.

Desacreditar os mensageiros. não muda a mensagem, devemos ter a capacidade de olhar alem do mensageiro, temos nomes ilustres desta cidade, que podem ser chamadas de razoáveis, abertos ao dialogo e propositivos e que utilizam de toda sua capacidade para fazer o mal, para apoiar tecnicamente este modelo, para mudar leis e elaborar pareceres técnicos que convenham a estes ou aqueles interesses.

Se não tivermos homens conscientes probos, inteligentes e aptos a trabalharem para o bem comum, ou a dedicarem-se para mobilizar a sociedade na busca de boas intenções e propósitos, de nada adianta o bla, bla, bla. Enquanto isto contabilizamos os prejuízos. No sábado tivemos 138 deslizamentos oficialmente apontados e todos são de áreas cuja terraplanagem foi executada de forma irregular, sem técnica, com alto grau de risco, sem a aprovação ou fiscalização dos órgãos ambientais ou do governo municipal.

Os números da tragédia falam por eles mesmos e o fato de ter sido uma tragédia anunciada faz que a situação seja mais grave. O que cada um de nós pode fazer e defender os seus princípios e participar dos foros que a sociedade proporciona. Fazer sentir a sua opinião.

O prefeito que se diz engenheiro sanitarista foi um dos mais negligentes na questão ambiental e do saneamento. Tivemos particamente 45% da área urbanizada da cidade alagada ou inundada com vários níveis de gravidade. Tudo isto merece uma profunda reflexão e atitude concreta e imediata para corrigí-la. O problema é que logo, logo vem o sol, verão, caipirinha, churrasco, praia, festa e aí, nossa memória já esqueceu...


Joinville paga hoje o preço de anos de abandono. E a falta de memoria faz que este tipo de situações possam se repetir com uma regularidade assustadora.

Dois desenhos bem simples

O primeiro desenho mostra a largura da ponte que se encontra entre a Prefeitura Municipal e o Tenis clube, esta ponte esta localizada ajusante do rio, por tanto mais perto do mar, aonde o rio vaza, o bom senso diz que os cursos de agua são mais largos quanto mais perto da jusante. A ponte do Tenis Clube deveria por tanto ser mais larga ou igual que a ponte azul e a ponte do Mercado Municipal mais larga que a do Tenis Clube.
Coisa simples de comprender, até para um menino ou menina que curse o ensino basico, no turno intermediario.
A ponte Azul, na rua Princesa Isabel, não só é mais largo que o do Tenis Clube, tambem esta situado bem mais alto do nivel do rio, pelo que em caso de uma subida do rio, não represará a agua e o impacto será menor.
Simples verdade? Porque será que as coisas simples são tão dificeis de compreender?
Os desenhos encaminhados pelo Eng Gert Fisher, sustentam uma linha de raciocinio. E voce o que acha?

Outros estragos

A Tipuana (Tipuana tipu) da praça Nereu Ramos, era uma árvore tombada pela prefeitura municipal, a sua preservação deveria ter sido garantida pelo DECRETO N 12.388, de 02 de maio de 2005.
A
prefeitura e todos os seus órgãos responsáveis pelo cumprimento da legislação nada fizeram, na realidade são tantos os responsáveis que ninguém assume nada, seja a Fundema, a Conurb, a Seinfra ou algum outro. Para garantir a sua preservação, nem a adubação, nem as podas normais de manutenção e formação imprescindíveis, para árvores em espaços urbanos foram feitas.
Agora Joinville perdeu parte do seu património será que os responsáveis ficarão impunes de novo?
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