4 de fevereiro de 2011

Outra visão sobre a escravatura (*)


Outra visão sobre a escravatura

A historia como nos foi ensinada e o tempo nos levam a romancear alguns episódios do passado. Muitas vezes as coisas não foram nem de longe como as aprendemos e do mesmo modo que nos regimes totalitários a historia é escrita e reescrita dezenas ou centenas de vezes e pessoas são retiradas das fotografias ou inclusive situadas em lugares e momentos em que não estiveram, também aqui as historias são adequadas ao momento e aos interesses de cada um. Quem não lembra os mestrados e doutorados inexistentes nos currículos de proeminentes figuras da nossa historia recente?.

A historia da escravatura, em que o Brasil e os brasileiros jogaram um papel importante, tem em cada lado do Atlântico versões bem diferentes. Foram vários os portos de saída dos escravos africanos, que foram trazidos contra a sua vontade para a América, os mais importantes foram os de Angola, Benin, Togo e Senegal. Uma visita a Dakar, implica conhecer a Ilha de Góree, porta de entrada de mercadorias e de saída de escravos. A Casa dos Escravos é ponto de visita para alguns e de peregrinação para outros, a imagem da Porta sem retorno, que permitia o embarque dos escravos para os navios negreiros que os transportariam para o novo mundo.

Surpreende a forma como a escravidão é aceita pelos próprios africanos que reconhecem que a escravatura formava parte, e continua a formar parte ainda hoje, da sua cultura e forma de vida. Adquirir, ter e comerciar escravos era, entre os séculos XVI e XVIII, algo absolutamente normal. Em quanto algumas tribos mantinham escravos, outras eram escravizadas. Ainda hoje os membros de algumas etnias ou tribos mantém a sua condição de escravos e servos.

O choque maior, para um brasileiro que visite Góree será descobrir que o trafico de escravos entre a África e América estava nas mãos dos afro-brasileiros que o monopolizavam e controlavam. Os donos do trafico foram estes antigos escravos libertos que voltaram ao continente, não para libertar e sim para alimentar o promissor mercado do trafico com as colônias americanas. Sobre este capitulo da nossa historia paira um silencio conivente. Tergiversar o passado, tem como objetivo culpar a uns dos pecados dos outros. Reconhecer que o trafico de escravos foi um negocio entre irmãos e primos, não é apropriado, para o modelo atual de sociedade e mostraria uma realidade que interessa ocultar.

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