A deterioração da qualidade dos ambientes de Joinville é vista e sentida por todos. Essa somatória de passivos estruturais deve ser encarada como oportunidade; ponto de partida para rever erros e reordenar o foco de nossas lentes sobre o futuro na cidade. Este é o primeiro paradigma a se alterar, a cidade é para as pessoas (“Cities fit for People” – Uner Kirdar), reconhecendo que o futuro da cidade não se realiza por si próprio. ''Para termos um mundo apropriado para as pessoas, temos que ter primeiro cidades apropriadas para as pessoas.''
Ao aceitar que o espaço da cidade é o local que sustenta e realiza a ecologia humana de hoje e do futuro, deveremos reinventar ou inovar as formas de produzir e consumir todos os seus recursos internos e externos. Reeducarmo-nos nas formas de uso de espaços públicos e privados, assumindo um real compromisso de diminuirmos individualmente nosso impacto sobre as pessoas e coisas que nos rodeiam.
O custo de nossa inércia e na falta para com as exigências das garantias estratégicas e qualificadoras dos ambientes construídos (urbano e rural) e naturais faz do tempo um conspirador contra nós. Não temos mais desculpas para de forma passiva assistir ao agravamento promovido pelos ultrapassados modelos do pensar urbano, movido a pressões ou vontades políticas e particulares. Submeter-se a essas imposições nos torna no mínimo cúmplices dos promotores de venda do crescer insustentável.
Políticas públicas, participação e instrumentos de controle social voltados para sustentabilidades, abrangente e integrados devem ser a urgente prioridade e diretriz na forma de urbanificar a cidade, na tentativa de corrigir os efeitos nefastos da urbanização.
O debate sobre a construção da cidade para pessoas além da obrigatória participação democrática deve conter a acessibilidade informativa de conceitos e princípios amplos sobre as responsabilidades comuns e individuais. A acessibilidade da informação deve ainda ser avaliada de uma forma que os participantes demonstrem sua capacidade de visualizar a cidade eco eficiente e justa.
Sem a avaliação objetiva e coletiva, os membros da comunidade terão ideias diferentes do que é mais importante e menos importante, dos impactos negativos e positivos. Não mudar a metodologia implica na permanência dos mitos, suposições imprecisas, procedimentos amadores e charlatanismo. Isso contribui para desunião e retarda a execução de ações transparentes e efetivas. Essa é uma proposta de inovar para alem das ineficientes audiências públicas, e é baseada no modelo da Pesquisa e Avaliação Participativa (PAP) já aplicada em outros países em desenvolvimento.
Quem fará? Ou de quem é a responsabilidade da tarefa?
Arno Kumlehn
Arquiteto Urbanista
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