21 de junho de 2009

Contraponto


O arquiteto Marcel Virmond Vieira, com quem comparto o nobre espaço da pag 3 do Jornal A Noticia, publicou uma cronica interessante sobre os Custos do Transporte Coletivo

Que reproduço em azul, o seu texto original se encontra no link Cronica

Custos do transporte

Pesquisa realizada recentemente pela Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP) comparou os custos de deslocamento de quatro meios de transporte para uma viagem de sete quilômetros, em Curitiba. O resultado provoca uma instigante reflexão, pois quando se leva em conta apenas o desembolso imediato, o ônibus aparece como o meio mais caro. Quando se incluem os custos indiretos e os custos sociais, a situação se inverte, despontando o ônibus como o mais barato.

A pesquisa levantou diversos dados interessantes. Um passageiro, num automóvel, ocupa cerca de oito vezes mais espaço nas vias públicas do que aquele embarcado num ônibus, o que explica a inevitabilidade dos congestionamentos. Outro dado interessante refere-se à questão ambiental, onde a motocicleta aparece como a grande vilã. Um motociclista polui 16 vezes mais do que um passageiro do transporte coletivo. A motocicleta continua a grande vilã dos custos sociais do transporte quando se incorporam aos dados os custos com acidentes de trânsito, 21 vezes maiores do que os dos passageiros de ônibus.

Mas no desembolso imediato, a motocicleta é o mais barato para o usuário, ficando os carros a álcool e gasolina, para o percurso escolhido de sete quilômetros, ainda um pouco mais baratos do que a tarifa média dos ônibus, na data da pesquisa. Ao incluirmos na conta custos como impostos, manutenção e depreciação, os carros a álcool e a gasolina já perdem para o ônibus, mas a moto ainda é vantajosa para o bolso do usuário, pois seus custos sociais – poluição e acidentes – são repassados à sociedade.

Nas conclusões da pesquisa, fica evidente que é imprescindível levarmos em conta os custos sociais na hora de conhecermos os custos reais de nosso modais de transporte, sob pena de errarmos a prova real na hora de fecharmos a conta da sustentabilidade.

Fica evidente também que, enquanto não houverem políticas públicas de promoção do uso do transporte coletivo e de desoneração da tarifa, a conta mais alta vai estourar nas mãos da sociedade como um todo, com vias congestionadas, ar poluído e pronto-socorros lotados.


Seria porem importante, que na sua condição de funcionário do IPPUJ, por tanto exímio conhecedor da nossa realidade local, escrevesse também, com a mesma precisão, sobre os custos que o planejamento atabalhoado e intereseiro que esta sendo implantado em Joinville ocasiona para a sociedade. Sobre a privatização do lucro e a socialização do prejuízo.

Poderia escrever nos mesmos moldes e com o mesmo estilo que utilizou na sua crônica, dizendo a população quem pagará as contas de duplicação da Santos Dumont, para atender a implantação de um Centro Comercial, quem sofrerá as conseqüências da liberação de comércio e serviços na rua Conselheiro Arp e quem esta se beneficiando com estas mudanças. Quem ganhará e quem sairá prejudicado, com a verticalização desenfreada de ruas como a Vicente Machado no bairro América. Como a proposta, que ele mesmo já defendeu na mesma pagina 3 do jornal A Noticia, de verticalizar a cidade para alem do bom senso. Criará ricos e pobres, deixando a uns muito mais ricos e a outros mais pobres. Valorizando uns imoveis e desvalorizando e descaracterizando outros.

Tambem no mercado imobiliario, o lema é ganhar no individual e que a sociedade pague a conta. Quanto mais eu ganhe, mais cara ficará a conta para os demais, claro que este não é o meu problema, se depois ninguem consegue estacionar na rua, ou o transito esta congestionado porque o numero de residencias é maior que o que recomendaria o bom senso e a tecnica, não é problema meu, eu realizei o meu lucro e estou feliz.

Para os leitores fieis deste blog recomendo os links seguintes:

Verticalização

Verticalização 2

30 pavimentos

Já naquela epoca alertavamos, que falar de 30 pavimentos, era uma forma de colocar um bode na sala, para depois poder aceitar conversar sobre quem sabe 18 ou 20. Sem ter uma bola de cristal, era facil identificar as pegadas. O tempo só fez que comprovar o que este blog ja antecipou em final de 2008.



5 comentários:

  1. Logo de início gostaria de expressar uma dúvida que muito me intriga neste momento. Se for um fato que o óleo diesel baixou 10% para quem compra o produto a granel, como é o caso das nossas empresas permissionárias, porque então esta redução não foi imediatamente repassada aos usuários do sistema de transporte urbano de Joinville, como o próprio Governo Federal, do PT, sugeriu? Numa breve conta, uma redução de 5 centavos no custo operacional por passagem, representa mensalmente 200 mil reais por mês, ou 2,4 milhões de reais por ano de lucro indevido às empresas permissionárias. Quando vejo neófitos conhecedores de transporte público a se arvorarem em reproduzir informações e a falar em políticas públicas e prioridades, ainda mais sabendo que sobre eles recaem no momento a tarefa de implantá-las, me causa o mesmo desânimo que me abateu após participar por quase vinte anos dos congressos da ANTP, que poucos resultados e avanços práticos obteve. Política pública de transporte não é apenas custo da tarifa. Esta retórica passou a ser um viés de desculpas para a falta de competências em tratar do assunto de forma correta. Há muitos anos se fala em redução da carga tributária sobre os insumos do transporte como uma forma para redução do custo da tarifa sem efeito. Outras despesas indiretas também já fazem parte de análises a muitos anos mas de forma prática, pouco avançamos e, na minha opinião, regredimos. Quando vejo os chassis de caminhão encarroçados para transportar pessoas como os que hoje retornam a frota do transporte público de Joinville, com a complacência dos ceguetas do poder concedente, não posso dar créditos aos que tem obrigações e não as cumprem. Curiosamente, eu tenho ainda guardada a “Carta de Belo Horizonte”, redigida em 1984, num Congresso Nacional de Transportes Públicos, protagonizados pela ANTP, onde a entidade fazia já esta recomendação. Pois bem, este assunto é igual a moradia digna, confundida com edificações de dimensões mínimas, imprópria e muitas vezes insalubres porque é vista, não para quem as irá utilizar, mas unicamente pelo lado do custo de produção. Talvez se mudarmos a forma de ver e fazer políticas públicas, veremos então quanto tempo se perde em forjar desculpas. O que se faz necessário são ações eficazes e com resultados. Quando isto surgir, então teremos novos paradigmas a serem vencidos. No momento estamos à ré, na mentalidade, no discurso e na prática.

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  2. Sendo o chato de sempre, vou ainda me permitir a fazer alguns comentários sobre a conclusão do artigo objeto deste post.
    Diz o articulista: "Fica evidente também que, enquanto não houverem políticas públicas de promoção do uso do transporte coletivo e de desoneração da tarifa, a conta mais alta vai estourar nas mãos da sociedade como um todo, com vias congestionadas, ar poluído e pronto-socorros lotados."
    Bom, talvez seja importante destacar que nos últimos 10 anos Joinville perdeu passageiros no sistema de transporte urbano público acima da média nacional. Isto não aconteceu por acaso. Provavelmente, diria o ex-prefeito Luiz Henrique, que a fuga do sistema de transporte é resultado do enriquecimento da população fruto do “choque de desenvolvimento” de nossa cidade. Bom, como prefeito, professor, mestre e alquimista, parece que ele esqueceu as suas obrigações em dar à cidade e ao transporte público não apenas reproduções fajutas do quartel do Corpo de Bombeiros e da Estação Ferroviária. Deveria, o conceituado e onipresente alcaide, dar aos cidadãos uma política pública e sustentável para o transporte urbano. Curiosamente ela estava expressa no documento encaminhado ao BNDES, documento que sustentou um amplo financiamento ao setor, em que apenas cumpriu a parte das obras públicas, esquecendo do restante como modernização da frota, integração temporal e outras bobagens. Certamente ele desconhecia o conteúdo do documento como de resto a maioria dos seus seguidores. De bom mesmo foi a renovação do contrato de permissão, cuja história nem é bom tocar. Já o ex-prefeito Tebaldi não teve tempo para olhar esta questão, ele estava mais interessado em futebol, estádio, passes de jogadores ou o fotflux. Assim, a política dos transportes públicos passou longe de qualquer prioridade. Agora temos um novo governo e eu ainda não sei qual é a sua política pública para o setor. Ela não surge, nem em prospecto. Segue...

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  3. Continuando...
    A frase final do articulista remete a alguns protagonistas do passado e, curiosamente, do presente. No entanto, é bom lembrar que a sociedade já paga ha muito tempo o custo da falta de uma política pública local para transporte público. Acho que chegou atrasado nestas aulas... Vejamos então: 1 - Os pronto-socorros não estão apenas lotados como estão fechados por falta de condições de atendimento. Hoje a segunda maior causa de internações e atendimentos são os politraumatismos originários no trânsito. Então não vai acontecer, já está acontecendo todo santo dia e quem paga somos todos nós. - Faltou a aula de novo.... 2 - A poluição esta sendo gerada a cada dia e em maior escala porque, por exemplo, nossos passeios não permitem um andar sadio e seguro para que se deixe o carro em casa. Mais uma falta ... 3 - Não existe um sistema cicloviário planejado e lógico que incentive o uso da bicicleta como alternativa de deslocamento realmente sustentáveis. Outra falta a uma aula importante... 4 - Os últimos ônibus incorporados à frota de ônibus são chassis de caminhão com motor dianteiro, insalubres aos motoristas, com propulsores de menor relação peso-potência e, portanto, mais poluentes. Eles não são apropriados a pessoas em vários aspectos dentre os quais a acessibilidade. Faltou a esta aula também... 5 - Nosso sistema viário para veículos não tem planejamento adequado, falta pesquisa e informação e, o nosso articulista acredita piamente nos dados das empresas permissionárias quando afirmam que nossa maior demanda de passageiros é para a Praça da Bandeira. Ora, isto é apenas o único argumento que ianda persiste para garantir a divisão de receita, nada tem haver com planejamento, nem com a realidade e muito menos com a possibilidade de uma inovação que reflita positivamente ao usuário. Outra falta importante a sala de aula.... Ficaria aqui talvez algumas horas relatando outras tantas desconformidades, mas vou poupar um pouco os eventuais leitores. Numa primeira conclusão, se eu fosse professor, já teria reprovado o articulista pelas ausências, mas como sou paciente e menos cético, vou esperar que surja algum trabalho na sala de aula que mereça ser avaliado. Até o momento, a avaliação teria como nota um ZERO.

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  4. Puxa....que tres comentarios.
    Vou copiar e colocar como post no blog

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  5. Carissimo Jordi.

    Lí seus comentários no Blog. Mas esclareço que como cronista de A Notícia, não sou porta-voz do IPPUJ, senão de minhas convicções pessoais. De qualquer forma, diversas situações citadas por você no Blog não tem, nenhuma delas, origem no meu setor.
    Não tenho notícia de duplicação para o Shopping novo, somente do projeto existente de duplicação até o aeroporto, sem previsão de fonte de recursos. Mas não nutro preconceito contra o Shopping, ele é tão empresa quanto a nova GM, e pelo jeito vai funcionar antes desta.
    Quanto às mudanças no zoneamento, lamento que não se deseje esperar o Conselho da Cidade. Mas há um processo legal sendo observado, apesar do evidente conflito de interesses que divide os moradores e proprietários.
    Quanto aos edifícios de 30 andares, caso a lei mude, não sei se teremos mais de uma dúzia de empreendimentos deste porte nos próximos 10 anos, mas duvido que sejam do padrão minha casa minha vida. Provavelmente serão para as classes média e alta e não serão suficientes para promover o adensamento populacional. Mas afinal são tantos cidadãos convictos de que uma cidade do porte de Joinville precisa ter arranha-céus, viadutos e outros símbolos do progresso. Naturalmente que não do lado da minha casa...

    Abraço,

    Marcel

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