21 de junho de 2009

Sobre o meio ambiente e os seus absurdos...

Do leitor e ecologista Gert Fischer, recebemos este texto que reflete de forma clara a balbúrdia em que o galimatias legal tem convertido todo o tema ambiental e os prejuizos que ocasiona a população.

ARAUCARIAS DE SANTA CATARINA

Gert Roland Fischer (*)


Um invento sensacional.

A micro-serraria montada sobre um chassi de ônibus invento que veio para salvar da miséria, do frio e das chuvas, milhares de agricultores do planalto catarinense, cidadãos que plantaram e preservaram as araucárias por todos os anos de suas vidas. Esse mini engenho artesanal serve tão somente para cortar algumas poucas arvores, de modo especial as que tombaram com o vento ou pela velhice. Transforma as toras, algumas até semi podres, em tabuas, utilizadas na reforma das casas, estábulos e ranchos que armazenas as colheitas.

Todavia as burras leis elaboradas na luxuriante e corrupta Brasília-DF, penalizam o agricultor do planalto catarinense, que sempre plantou as suas arvores. O maior castigo dessa preservação ecológica, é que fica impedido de cortá-las para uso próprio.
Essa lei burra criou injustiças maiores - principalmente para as famílias que sempre plantaram as araucárias para reservas econômicas futuras de emergência.
Esse castigo penaliza de morte os plantadores de araucárias. A atuação de leigos na formulação legal atendendo aos modismos vindos de gerações urbanas ignorantes da vivencia do campo, é um dos motivos desses injustiças. São pessoas sem treinamento suficiente para medir as conseqüências nefastas que causam essas leis, sobre os povos reflorestadores e preservadores de florestas.

Visitando proprietários rurais no planalto catarinense - mais precisamente na região de Campo Alegre, São Bento do Sul e Rio Negrinho, constatei em quase todas as propriedades agrícolas, a existência de muitas araucárias jovens, semi-adultas, adultas e em período de decadência. Algumas caídas, vitimas de ventos fortes que o IBAMA - se não permite aproveitamento em taboados e forros, no mínimo impõe tantas dificuldades burocráticas e custos, que os proprietários acabam desistindo. O aproveitamento econômico dessa matéria prima florestal, poderia amenizar a penúria econômica no qual foram enfiados esses proprietários rurais familiares, pela legislação burra aprovada por um congresso mais burro ainda.


O velho plantador de pinheiros, sentado sobre uma araucária que tombou com o vento.

O IBAMA não lhe concede autorização para transformá-la em algumas tabuas utilizadas para arrumar a sua velha casinha localizada em região de muito frio e neve.


O que choca o cidadão é ver milhares araucárias apodrecendo sem qualquer possibilidade de uso e aproveitamento racional. Tudo por força da lei. Usando o bolso alheio, o legislador exige que sejam preservadas as florestas nativas e as araucárias. Grande numero das araucárias existentes hoje, foram plantadas. A sua preservação quando para fins coletivos, deve exigir a compensação justa e respeitosa.
O quadro da estupidez legislativa e da fiscalização inexistente do IBAMA-SC permite a partir do dia 15 de março de cada ano, aconteça em todo o planalto catarinense, nas margem das rodovias, a presença de milhares de vendedores de sementes de araucária, conhecidas como pinhão. Quando se questiona donde vem esses pinhões, as respostas desses “vendedores” são vagas e imprecisas. Sabe-se todavia, que são sementes roubadas das araucárias dos fazendeiros. Como não tem como proteger desse roubo instituído e tomado como exemplo do que se faz em Brasília, são duplamente prejudicados e vitimas de um sistema legal patético. Os plantadores de araucárias, não podem por ordem do IBAMA, tocar sequer nas araucárias que plantaram.

A festa do Pinhão é a maior farra nacional que se tem conhecimento há anos e que se comete contra uma espécie vegetal em extinção. A cada nova FESTA DO PINHÃO em LAGES-SC são queimadas no sapeco, cozidas ou assadas, milhares de toneladas de germoplasma considerado em extinção. Esta festa pagã vai diretamente contra a recuperação de uma espécie nativa do bioma MATA ATLANTICA. Como se trata e uma festa político-partidária pode acontecer sim, mesmo que tal ato possa ser considerado crimes ambiental hediondo pela magnitude do dano e impacto ambiental que ocasiona.



(*) Eng. Agrônomo e pesquisador de espécies nativas da mata atlântica.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo blog sr. Gert Fischer.Gostaría de saber se é possível uma palestra sua para alunos do terceiro ano do ensino médio...Ok!!! Acesse,se achar interessante:feudalismoatual.blogspot.com
    Outra coisa:Ouvi sua entrevista no programa do J.Martins...e foi muito interessante.

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