Os empresários e a política
Com certa frequência alguns empresários esquecendo a máxima de Otto Bismarck, que lembrava que “ A política não é uma ciência exata” se envolvem em empreitadas políticas, as vezes, com mais entusiasmo que conhecimento. Ao aproximar se 2010, uns e outros se manifestam sobre a conveniência ou não de reeditar a campanha “Vote Certo, Vote por Joinville”.
Seria bom lembrar as bases desta iniciativa de sucesso nas suas primeiras edições, que com o tempo perdeu a efetividade, por esquecer os seus pontos básicos. A proposta estava estruturada a partir de varias ações, que se conduzidas de forma ordenada e coordenada, poderiam, como de fato levaram ao sucesso. Imaginar que só algumas partes dela, as mais vistosas e que menos esforço exigem, podem garantir o sucesso é um erro de julgamento.
Não parece lógico imaginar que um apelo encaminhado aos diretórios dos partidos locais, possa ter o menor efeito, se não for acompanhado de reuniões, negociações e articulações, para mostrar a sustentação dos dados. Vemos a cada dia como novos partidos definem o numero de candidatos, de acordo com a sua estrategia particular. É justo aqui lembrar a capacidade negociadora do saudoso Edgard Meister. O seu infatigável esforço, para convencer a uns e outros do melhor para Joinville. É evidente que a humildade e a capacidade para escutar são virtudes imprescindíveis para conduzir este processo, com um mínimo de possibilidade de sucesso.
Reduzir o Vote Certo a uma campanha publicitária, representa enxergar uma parcela menor do que Joinville é e representa. Querer usar a campanha para beneficiar a uns em detrimento de outros e desvirtuar uma iniciativa que tinha na democracia e participação de toda a sociedade a sua força e o seu esteio.
Se na sua primeira edição os resultados foram surpreendentes, foi porque o esforço e o trabalho não foram medidos, para obter os resultados propostos, e os quatro deputados estaduais eleitos naquele pleito, são a melhor prova disto. Como do trabalho de seguimento e apoio aos deputados eleitos por Joinville. Só que isto exige também esforço, persistência e continuidade.
Ambrose Pierce escreveu que “A política é a condução dos assuntos públicos, para o proveito dos particulares”. Lamentavelmente esta afirmação parece a cada dia mais atual.
Publicado no Jornal A Noticia
Em 1993 o Eca Meister tinha recém assumido a ACIJ quando fomos a Brasília para uma reunião da bancada catarinense com o então Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso, ele, eu e o ex-prefeito Wittich Freitag. Aquela ida a Brasília não tinha apenas aquela motivação. Desafiei o Eca a protagonizarmos um reatamento entre Luiz Henrique e Freitag cujas relações estavam muito abaladas por conta da recente campanha eleitoral.
ResponderExcluirSentados a mesa do restaurante Fritz, que servia comida alemã muito apreciada pelo Freitag, surgiu na conversa a idéia do Eca para que os empresários de Joinville através da ACIJ fizessem, para as eleições seguintes, restrições e condições aos pretensos candidatos aos cargos legislativos seguintes. O argumento era simples. A representação política de Joinville a nível estadual havia se reduzido a nada com a renuncia de Freitag e no Congresso Federal contávamos apenas com Luiz Henrique, já que Paulo Bauer era uma espécie de camaleão e, esta representação estava diminuindo a importância política de Joinville ano a ano. Uma das razões eram o excesso de candidatos locais e a fuga de votos quase 40% dos votos para candidatos de outras regiões. Freitag apoiou de pronto a idéia. A habilidade do Edgar Meister e sua convicção foram os ingredientes necessários ao sucesso da empreitada do “Vote Certo, vote por Joinville”.
De quebra, naqueles dias, fizemos os dois mais importantes políticos locais, Freitag e Luiz Henrique, voltarem ao diálogo, quebrando o gelo, colocando Joinville acima dos ressentimentos e das mágoas pessoais e políticas. Pouco tempo depois, ambos se aliaram para a disputa seguinte, sagrando Luiz Henrique novamente Prefeito de Joinville, então pela segunda vez, com o imprescindível apoio de Freitag.
Pois bem, conto isto porque guardo este episódio com muito orgulho, especialmente por presenciar de um momento tão nobre, em objetivos e intenções onde o protagonista e articulador foi o Edgar Meister.
Hoje, vejo com certa desconfiança uma nova campanha que tenha os mesmos propósitos da época, pois as questões atuais não estão mais relacionadas à quantidade e sim a qualidade. Estão relacionadas com a necessidade de idoneidade, lisura, probidade e honestidade. Talvez a campanha devesse ser “Vote em alguém Certo para Joinville”. Fazer uma triagem dos pretendentes, defenestrando quem da política se sustenta ou que nunca tenha produzido algo que não fosse à custa do dinheiro público, alguém que fosse empreendedor, com ideais republicanos, como posturas humanitárias e que não dependesse do erário para viver. Eis a sugestão.