A
cada dia fica mais fácil entender o sentimento que a sociedade joinvilense
externa em conversas particulares, nas mesas de bar, em cartas a jornais,
inclusive em comentários e posts nas redes sociais. E, cada vez mais, com menos
inibição.
Quanto
maiores as esperanças depositadas no mandatário, seja ele municipal, estadual
ou nacional, maior o risco da frustração. Ao esperar demais, na maioria das
vezes segue o desencanto. Não porque os eleitos façam pouco e sim porque
esperamos demais. E por esperar demais entenda-se esperar que se cumpram
as promessas feitas durante a campanha. Tendemos a acreditar que as ditas
promesas são verdadeiras e que há vontade e capacidade real de cumpri-las.
As
campanhas políticas contribuem para consolidar, ainda mais, esta imagem. As
pesquisas buscam identificar quais são os sonhos, as esperanças e oferecem, de
forma mais ou menos velada, a imagem de um candidato que, depois de eleito,
atenderá os nossos desejos mais íntimos. Como resultado, não elegemos governantes,
mas sim aspirantes a super-heróis ou candidatos a compor o nosso santoral.
Os
marqueteiros políticos constróem a imagem dos candidatos como se fossem
super-heróis, semideuses, seres míticos capazes de resolver todos os problemas
reais ou imaginários de cidades como Joinville. Nem consideram estar oferecendo
ao consumidor-eleitor uma fraude, alguém que não poderá atender as expectativas
criadas e que o eleitor julgou reais. E não existe um Código de Defesa do
Eleitor, que garanta a devolução ou a troca do produto defeituoso ou que não
cumpra as especificações anunciadas.
Em
outras palavras, quanto maior a esperança que colocamos em algo ou em alguém,
maior será a nossa frustração, ao descobrirmos que era infundada, que não
correspondia à realidade. O erro não está em ter esperança. O erro está em
confundir o que desejamos e queremos com aquilo que é possível.
Seria
inimaginável há poucos meses, mas a impressão que está se consolidando, neste
momento, é de que Carlito Merss até não é um mau prefeito, que é uma
pessoa bem intencionada tentando dar o melhor de si. A frustração reside
em ter sido depositada nele e na atual administração uma esperança
desproporcional à sua real capacidade de gestão e de execução.
Nada
melhor que aprender como diferenciar o real do imaginário, o possível do
impossível. Isto não garantirá a escolha de melhores prefeitos, mas evitará
frustrações e desencantos.
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