Dia desses o prefeito
Carlito Merss, definitivamente em campanha para sua reeleição, indiferente aos
escandalosos índices de rejeição que aumentam e se consolidam cada dia,
participou de uma entrevista, disponível na internet. Nela, o seu
“eu” oculto apareceu com força: a frase está registrada e o seu comentário,
pouco elogioso sobre a “elitezinha babaca”, parece impróprio para alguém que
exerce seu cargo. Aliás, para se eleger com mais de 60% dos votos válidos com certeza
deve ter contado com alguns votos desta “elitezinha babaca” que agora ataca com
uma raiva que assusta e afasta dele cada vez mais. E são boa parte dos
eleitores que acreditaram nas suas propostas para que outra Joinville fosse
possível.
Agora o prefeito tem que
acrescentar, aos problemas que já tem, a luta interna, íntima e
absolutamente pessoal entre os seus outros “eus” esta parte mais profunda da
psique que insiste em se manifestar
nos momentos mais impróprios e inconvenientes. Como uma versão sambaquiana do
Dr. Jekyll e do Sr. Hyde, o prefeito poderá ser devorado pelo monstro que
carrega dentro de si. Lutando dia sim, outro também, com gigantes cervantinos,
moinhos de vento que insiste em cultivar no seu inconsciente.
Já era problema suficiente
administrar uma cidade de 500.000 habitantes, tendo nas mãos uma prefeitura
pobre e inchada, que alguns até consideram que não tem a menor capacidade de
endividamento para fazer frente às necessidades de infra-estrutura ou a simples
manutenção do patrimônio municipal, que cai corroído pelo abandono e o descaso.
Sem que se concretizem
nunca os ansiados recursos oriundos das portas abertas no Planalto Central, sua
gestão se esvai, míngua aos poucos. E isso faz da pretensão de reeleição uma
quimera.
O comportamento pode ter explicação. Vez por outra
voltamos às nossas origens. De repente, quando menos esperamos, surge do
atavismo mais profundo outro “eu” que nos empenhamos em manter oculto. O outro
“eu” que não queremos reconhecer e que gostaríamos de poder relegar ao passado,
mas que insiste em voltar, em se fazer presente. Esse outro “eu” que renegamos
reaparece com força e virulência inusitada, alimentado e ressentido pelo
abandono a que o submetemos no nosso interior.
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