6 de janeiro de 2012

A "elitezinha babaca"


Dia desses o prefeito Carlito Merss, definitivamente em campanha para sua reeleição, indiferente aos escandalosos índices de rejeição que aumentam e se consolidam cada dia, participou de uma entrevista, disponível na internet. Nela,  o seu “eu” oculto apareceu com força: a frase está registrada e o seu comentário, pouco elogioso sobre a “elitezinha babaca”, parece impróprio para alguém que exerce seu cargo. Aliás, para se eleger com mais de 60% dos votos válidos com certeza deve ter contado com alguns votos desta “elitezinha babaca” que agora ataca com uma raiva que assusta e afasta dele cada vez mais. E são boa parte dos eleitores que acreditaram nas suas propostas para que outra Joinville fosse possível.

Agora o prefeito tem que acrescentar, aos problemas que já tem, a luta interna, íntima e absolutamente pessoal entre os seus outros “eus” esta parte mais profunda da psique que insiste em se manifestar nos momentos mais impróprios e inconvenientes. Como uma versão sambaquiana do Dr. Jekyll e do Sr. Hyde, o prefeito poderá ser devorado pelo monstro que carrega dentro de si. Lutando dia sim, outro também, com gigantes cervantinos, moinhos de vento que insiste em cultivar no seu inconsciente.

Já era problema suficiente administrar uma cidade de 500.000 habitantes, tendo nas mãos uma prefeitura pobre e inchada, que alguns até consideram que não tem a menor capacidade de endividamento para fazer frente às necessidades de infra-estrutura ou a simples manutenção do patrimônio municipal, que cai corroído pelo abandono e o descaso.

Sem que se concretizem nunca os ansiados recursos oriundos das portas abertas no Planalto Central, sua gestão se esvai, míngua aos poucos. E isso faz da pretensão de reeleição uma quimera.

O comportamento pode ter explicação. Vez por outra voltamos às nossas origens. De repente, quando menos esperamos, surge do atavismo mais profundo outro “eu” que nos empenhamos em manter oculto. O outro “eu” que não queremos reconhecer e que gostaríamos de poder relegar ao passado, mas que insiste em voltar, em se fazer presente. Esse outro “eu” que renegamos reaparece com força e virulência inusitada, alimentado e ressentido pelo abandono a que o submetemos no nosso interior.

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