17 de janeiro de 2012

O caminho das águas


Ao lermos hoje a coluna do articulista Jefferson Saavedra[1], chamou a atenção a divulgação de uma brilhante ação institucional do Poder Executivo contra os alagamentos, a chamada “rota de fugas das águas”.
A idéia cintilante dos Comissários é divulgar aos motoristas,  pedestres e moradores, roteiros para escapar dos alagamentos, a chamada “via alternativa para fugir de regiões alagadiças”.
É uma espécie de manual dizendo:morador da Rua W, região de alagamentos no Bairro Santo Antônio, pegue a Rua X e o entroncamento da Rua Y para chegar em casa, comprar pão, ir ao Supermercado....
Qual é a utilidade disto? Será que os comissários não imaginam a existência de locais- que historicamente sofrem com inundações- nos quais o deslocamento só pode ser feito através de barcos ou veículos de porte, como caminhões e ônibus, em períodos de chuvas fortes?
Estamos falando de ruas onde pessoas ficam ilhadas temporariamente. Ninguém entra e ninguém sai, como se observa na foto abaixo obtida em dezembro de 2011, na Rua Guia Lopes.





E o que dizer das regiões em que o índice de permeabilidade é quase zero-trocando em miúdos- levam 3h, 6h , ás vezes 12h para a água baixar.
Se o Poder Público sabe exatamente, a nominata de ruas e regiões alagadiças de Joinville, porque insiste em autorizar a construção nestas áreas, gerando adensamento e impermeabilização do solo?
Qual o propósito de divulgar rotas alternativas em regiões de alagamentos nos Bairros, se os próprios moradores sabem perfeitamente o itinerário nestes momentos difíceis.
Não seria mais razoável fazer uma campanha, esclarecendo a população acerca da importância de evitar o contato humano com águas pluviais, diante do fantasma da leptospirose?
Não basta por si só o documento oficial denominado de Mancha de Inundação do IPUUJ, divulgado em abril de 2010?.
Recusamo-nos a acreditar que a divulgação deste roteiro venha substituir o enfrentamento do grave problema de alagamentos nos Bairros de Joinville, que demandam a realização de obras de infra-estrutura, limpeza preventiva das bocas de lobo, desassoreamento do Rio Cachoeira e seus tributários.
Mas, quando ocorrer a divulgação da “rota de fuga de águas” teremos uma única certeza : o deboche institucionalizado chegou para ficar.
É o fim...
Texto da Associação de Moradores do Bairro Santo Antonio 

[1]FUGA DAS ÁGUAS Estão sendo montados pela Prefeitura de Joinville roteiros para tentar escapar dos alagamentos. São rotas alternativas a serem sugeridas para os motoristas usarem quando determinadas ruas alagarem – geralmente são as mesmas. Campanhas vão mostrar por onde dá para escapar da água  Jornal A Noticia, edição 1373, acesso em 17.01.2012,no endereço http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a3633766.xml&template=4191.dwt&edition=18798&section=941

Um comentário:

  1. Neste caso seria mais interessante reduzir a ocupação das áreas sabidamente alagadiças.

    Seria possível minimizar o impacto negativo e os transtornos provocados pelas enchentes se a proposta fosse reduzir os índices de ocupação nestas áreas e ainda aumentar os coeficientes de permeabilidade e as áreas verdes.

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