Parafraseando o ex-ministro Rubens Ricupero o que ruim a gente não
mostra, este conceito tem muitos adeptos em todo lado e Joinville não poderia
ser diferente. O estranho episodio da passarela, que algum dia unirá as duas
margens do Rio Cachoeira, frente à Câmara de Vereadores, que considerou esta
uma das obras prioritárias para a cidade e até destinou quase R$ 500.000 das
chamadas “sobras” do orçamento do legislativo municipal, é uma destas
oportunidades em que “O que é ruim a gente não mostra” ganha força.
Antes do natal a obra inexplicavelmente parou depois de colocadas as
vigas metálicas unindo as duas margens, e quando parecia que a passarela
entrava na reta final da construção, na que poderia ser uma das poucas obras,
por não dizer a única, que se concluiria no prazo e previsivelmente dentro do
orçamento aprovado, sem os famosos aditivos. A olho nu era perceptível a flexão
negativa das vigas metálicas, inclusive sem que fossem colocadas as placas de
concreto que formarão o piso da passarela. A obra parou. Havia um impasse. A
informação oficial, ou melhor, oficiosa era que a empresa tinha dado feria
coletivas a maioria dos seus funcionários. Quando em janeiro as “férias
coletivas” continuaram e a obra permaneceu parada, surgiram, com veemência, os
primeiros comentários sobre o que poderia estar acontecendo com a passarela.
Até lá nenhuma posição oficial da prefeitura, e não por falta de profissionais
que pudessem informar do que estava acontecendo. A máxima que o que ruim a
gente esconde estava funcionando a todo vapor. É difícil esconder um elefante
numa plantação de morango e é isto o que estava tentando fazer, intentar
ocultar a situação da sociedade.
O mais provável é que estivessem todos focados em buscar quem poderia
ser responsabilizado, porque se você tem um problema, mas achou alguém a quem culpar
então você já não tem mais problema. No caso da passarela hoje há dois
problemas, um aparentemente de engenharia, seja ele de projeto ou de execução,
a apuração independente e isenta deverá dizer quem é o responsável e o que
deverá ser feito para resolver o problema. O outro problema é de credibilidade
de uma organização que opta por esconder durante mais de três semanas um
problema grave, imaginando que ninguém vai perceber e que seja possível ficar
calado. O que esta atitude coloca em evidencia são outras ações, erros ou
informações são surripiadas porque não são convenientes. Há neste caso
evidencias fortes de ausência de transparência, de falta de governança e de
respeito para com a sociedade.
Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC
Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC
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