15 de janeiro de 2012

O que é ruim a gente não mostra




Parafraseando o ex-ministro Rubens Ricupero o que ruim a gente não mostra, este conceito tem muitos adeptos em todo lado e Joinville não poderia ser diferente. O estranho episodio da passarela, que algum dia unirá as duas margens do Rio Cachoeira, frente à Câmara de Vereadores, que considerou esta uma das obras prioritárias para a cidade e até destinou quase R$ 500.000 das chamadas “sobras” do orçamento do legislativo municipal, é uma destas oportunidades em que “O que é ruim a gente não mostra” ganha força.

Antes do natal a obra inexplicavelmente parou depois de colocadas as vigas metálicas unindo as duas margens, e quando parecia que a passarela entrava na reta final da construção, na que poderia ser uma das poucas obras, por não dizer a única, que se concluiria no prazo e previsivelmente dentro do orçamento aprovado, sem os famosos aditivos. A olho nu era perceptível a flexão negativa das vigas metálicas, inclusive sem que fossem colocadas as placas de concreto que formarão o piso da passarela. A obra parou. Havia um impasse. A informação oficial, ou melhor, oficiosa era que a empresa tinha dado feria coletivas a maioria dos seus funcionários. Quando em janeiro as “férias coletivas” continuaram e a obra permaneceu parada, surgiram, com veemência, os primeiros comentários sobre o que poderia estar acontecendo com a passarela. Até lá nenhuma posição oficial da prefeitura, e não por falta de profissionais que pudessem informar do que estava acontecendo. A máxima que o que ruim a gente esconde estava funcionando a todo vapor. É difícil esconder um elefante numa plantação de morango e é isto o que estava tentando fazer, intentar ocultar a situação da sociedade.

O mais provável é que estivessem todos focados em buscar quem poderia ser responsabilizado, porque se você tem um problema, mas achou alguém a quem culpar então você já não tem mais problema. No caso da passarela hoje há dois problemas, um aparentemente de engenharia, seja ele de projeto ou de execução, a apuração independente e isenta deverá dizer quem é o responsável e o que deverá ser feito para resolver o problema. O outro problema é de credibilidade de uma organização que opta por esconder durante mais de três semanas um problema grave, imaginando que ninguém vai perceber e que seja possível ficar calado. O que esta atitude coloca em evidencia são outras ações, erros ou informações são surripiadas porque não são convenientes. Há neste caso evidencias fortes de ausência de transparência, de falta de governança e de respeito para com a sociedade.


Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC

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