14 de maio de 2011

Pacote de ilusões


Pacote de ilusões



Vencido o primeiro mês desde o anúncio do “pacote” de medidas do governo do PT em Joinville, encaminhamentos e reações revelam que se trata de mero factoide para desviar a atenção do principal: a impossibilidade técnica e o desastre político da não-concessão de reajuste salarial aos servidores. O resto é foguetório e encenação, menos a greve dos servidores.



Transferindo a discussão de eventual reajuste para janeiro do ano que vem, avocando medidas irrealizáveis no curto prazo, o governo continua fazendo o que sempre fez desde o início: ergue muros de explicações inconsistentes e desculpas esfarrapadas para esconder sua incapacidade de gestão. Em todas as áreas, da cultura à educação, de obras a realizações no turismo, do esporte ao sistema viário, tudo que é da Prefeitura parou e não há sinal de movimento até o final do ano que vem, quando, por certo, a remoção será definitiva. A extinção das secretarias regionais ficou para janeiro do ano que vem e depende de aprovação da Câmara. De todas as medidas anunciadas – consideradas exercício de imaginação de abençoado assessor, sem compromisso com a realidade – resta a decisão de transferir o reajuste dos servidores para 2012. Nem mesmo a extinção de 1,8 mil cargos de melhor remuneração é verdade. Explicado depois, trata-se do “não-preenchimento” de vagas existentes. Dos mais de 11 mil servidores da Prefeitura, nenhum será demitido na cota dos 1,8 mil anunciados cargos extintos.



O governo premiou servidores incapazes de prosseguir com eficiência projetos empacados (os dez parques jamais concluídos, apesar de dinheiro do exterior) guindando-os a funções mais elevadas, ou de retorno a antigos postos, numa política de constrangedora desfaçatez a princípios da meritocracia. Por falta explícita de quadros, o governo se viu obrigado a efetivar suplentes em secretarias importantes, comprovando notórias dificuldades em trazer nomes novos para a administração pública. Assim, o que era reforma virou remendo, se tanto.



Na reta de chegada, o PT revela-se de escassa produtividade e incapaz de resolver velhos problemas como a manutenção de prédios públicos, agilidade nos serviços burocráticos, conclusão de qualquer projeto e, pior, manteve inchada a folha salarial e não resolveu nada na Saúde. Assim, sem conseguir pagar fornecedores e sem condições de reajustar a folha, o governo se despede de qualquer viabilidade eleitoral. Vai se agarrar ao PMDB, entregando os anéis para salvar os dedos. Mesmo assim, o governo delira, anunciando as obras da Companhia Águas de Joinville como realizações da Prefeitura, dando a entender que a ampliação da rede de esgotos é obra da administração direta. Fora disso, não há o que anunciar ou dizer à população. Apenas repetir a lamentação de que “o governo do Estado esqueceu a cidade” e que o dinheiro da União virá, por conta de “portas abertas” que o PT daqui jamais soube onde estão. Nem em Brasília nem em qualquer outro lugar. Um fiasco, do começo ao fim, com danos e custos incalculáveis à cidade, que retrocede em tudo desde o início da gestão do PT.


aternes@terra.com.br

*Historiador e jornalista

Um comentário:

  1. Desgoverno do PT

    Leitura obrigatória o artigo do Apolinário Ternes “pacote de ilusões, AN de 15/05”.

    Com toda sapiência que lhe é peculiar, o articulista soube expressar, aquilo que está evidente a todos.

    Gostaria de pinçar apenas uma frase, que reflete na íntegra o sentimento de todos, que assim como eu, gostam de Joinville.

    “O governo premiou servidores incapazes de prosseguir com eficiência projetos empacados (os dez parques jamais concluídos, apesar de dinheiro do exterior) guindando-os a funções mais elevadas, ou de retorno a antigos postos, numa política de constrangedora desfaçatez a princípios da meritocracia”.

    Em fim , o retrocesso que aconteceu - e acontece - em Joinville , levará o novo administrador, a buscar fazer tudo que deixou de ser feito por esse desgoverno.

    Parafraseando o molusco “ Nunca antes da história de Joinville”, ouve um fiasco tão grande, mas nada que não esteja ruim, que não possa piorar.

    Depois dessa desadministração, não dá mais para Joinvillense acreditar em “Papai Noel ou Coelhinho da Páscoa”. Os futuros pretendentes a alcaide, devem ser sabatinados por todos, e se possível, fazê-los comprometer-se com os anseios da sociedade, que no caso de Joinville , são os básicos.



    Paulo Curvello

    curvell@terra.com.br

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