3 de setembro de 2010

Garganta profunda (*)


Garganta profunda


Garganta Profunda (Deep Throat, em inglês) foi o nome em código que recebeu o informante que permitiu que os jornalistas do Washington Post tivessem acesso às informações do caso Watergate, que acabaram provocando o impeachment do presidente Richard Nixon. Mais recentemente, a sociedade teve acesso ao WikiLeaks, um site que vazou centenas de milhares de informações consideradas sigilosas sobre as guerras do Iraque e Afeganistão, sobre a CIA, sobre a política externa americana e sobre dezenas de outros temas que historicamente tem permanecido longe da luz e do conhecimento amplo.


Alguns eventos recentes, ligados ao planejamento urbano da cidade, principalmente os relacionados ao macrozoneamento, tem gerado boatos, mais ou menos consistentes, sugerindo que as constantes alterações das ARTs (Áreas Rurais de Transição) acrescentando umas e retirando outras, mudando limites e alterando valores de imóveis, da noite para o dia, teriam sido motivadas por fortes pressões econômicas e empresariais.


Os boatos incluem nomes, valores e sugerem que os informantes locais teriam acesso a informações de excelente qualidade, de veracidade indiscutível, ou uma imaginação fértil. Em ambos os casos o tema é preocupante, primeiro, porque sinalizaria uma trama de corrupção imobiliária e de valorização de terrenos e áreas, que contaria com uma estrutura organizada e conhecedora do emaranhado legal e político da cidade e envolveria nomes de todos conhecidos. Ou porque, caso as informações divulgadas sejam só resultado de uma imaginação fértil, é perigoso que pessoas em cargos de confiança, possam semear a intriga e a desinformação numa sociedade como a nossa.


Em ambos os casos, e torço para que seja só imaginação fértil, mais claridade e transparência sobre as mudanças na legislação do zoneamento urbano só ajudariam a manter a imagem de idoneidade e de honestidade, daqueles que se envolvendo nestes temas tenham ainda um nome e uma reputação a zelar.

2 comentários:

  1. “não pode haver nada mais terrível do que ações de uma pessoa, postas sob a vontade de outrem”

    kant

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  2. JORDI

    Vendo o que ocorre na Prefeitura, no IPPUJ e na Câmara acaba por deixar-nos desanimados. è muit difícil neste país fazer a defesa de conceitos desprovidos de interesses ou vantagens. Aqui campeia a hipocrisia e a mesquinahria e a sociedade está absolutamente pacata e conformada.

    Ando meio cansado de lutar pela minha cidade.

    Incompreensivelmente as pessoas que deveriam (por função, obrigação e responsabilidade) tratar a cidade dentro da lógica que o planejamento suscita, envolvendo estudos apurados, diagnóstico e prognósticos minimamente claros e legais, apenas usam da "Lei de Gerson" para benefício próprio e, a Lei de Lynch aos que ousam ter o desejo qualificar Joinville, passando por cima de códigos de ética e de conduta.

    O seu texto é bom e intuitivo, mas deixa apenas um rastro de suspeitas, diferente do que revelou Bob Woodward, que teve como informante Mark Felt, agente do FBI, sobre Nixon. Já Wikileaks é uma organização que visa justamente desmarcar ou expor imagens ou documentos secretos. Ambos progridem em sociedades que tem regras e ética, onde as denuncias não calam. Não é o nosso caso.

    Seu texto é forte, mas apensa sugere e, certamente será levado como mais uma manifestação dos desafetos.

    Deveríamos solicitar á Câmara a gravação da Comissão de Urbanismo onde no dia em que a votação empacou. Colocar isto no YouTube ou no Tiwiter seria forte e talvez resultasse num efeito prático.

    Aqui, quem financia o caos por conta de intenções privadas não se constrange em financiar a morte das palavras.

    Não desistir é fundamental, mas às vezes, quando as coisas estão meio sem rumo, é melhor recuar, cuidar de outras coisas que nos alegram a alma para ganhar novas energias.

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