Decálogo para um dia de eleição
Bom dia, leitor-eleitor. Já foi votar? Se ainda não foi, vou bancar o cabo-eleitoral (torcendo para que a Justiça Eleitoral não me tire do ar) e tentar conquistar o seu voto. E atrevo-me a dar uns conselhos sobre como votar hoje. É uma espécie de decálogo.
Vote contra o provincianismo. E esclareço que ser provinciano não é viver na província. Não é um mal geográfico, mas mental. Tem político que vive no neolítico e faz do provincianismo um estilo de vida. É uma doença contagiosa que relega as cidades e as pessoas ao atraso.
O tempo dos currais eleitorais já passou. Diga não ao caciquismo político e não se deixe tratar como boiada. O voto de cabresto - que usa o poder econômico e a máquina pública - é antidemocrático, uma coisa que deve ser banida das democracias pela força das urnas.
Veja se o seu candidato está ligado aos tradicionais círculos de poder. Rejeite as oligarquias que historicamente estiveram no comando dos destinos da sua cidade. Essa gente faz muito pouco pelos interesses da população e quer mesmo é mamar nas tetas do poder público.
Tome cuidado com os "coroné" dos tempos modernos. Hoje em dia, os caras até vestem terno e gravata para disfarçar as suas reais origens. Muda a roupa, mas permanece o autoritarismo e a lógica do "quero, posso e mando". E, claro, a prática de arranjar umas boquinhas para os cabos eleitorais.
O hábito do cachimbo faz a boca torta. O sistema de governo que hoje domina grande número de administrações municipais pode ser chamado de "cleptocracia". Evite votar em quem governa para os amigalhaços e para os interesses próprios.
Vote contra a falta de cultura, talento e imaginação. Governar é enxergar um palmo adiante do nariz, mas quase nenhum político do círculo do poder consegue chegar lá. É uma mediocridade que dá pena. Ah... e não confunda inteligência com esperteza.
Desconfie de políticos que estão sempre nas boas graças da comunicação social. Se ninguém o trata de forma crítica, provavelmente ele é um daqueles que usam as verbas de publicidade como arma de arremesso.
Desconfie se a sua cidade virou um canteiro de obras em tempo de eleições. É algum prefeito querendo se reeleger ou eleger o seu candidato e tem que mostrar trabalho.
Tente saber da história do cara. Evite votar em quem sempre viveu da política. Em especial os que sempre foram da situação, onde é mais fácil arranjar uma sinecura. Porque esses caras nunca tiveram que dar duro no trabalho - como todos nós - e não vai ser agora que eles vão começar a trabalhar.
Pense bem se vai querer votar em candidatos de partidos ligados à ditadura (não faz assim tanto tempo). Porque eles certamente desprezam os eleitores.
É como diz o velho deitado: "O chato das eleições é que sempre ganha um político".
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