Joinville incomoda

Joinville incomoda

Não é de hoje que Joinville incomoda, as vezes parece que o mais correto seria dizer que Joinville irrita, a forma de ser e de agir do joinvilense não encaixa na lógica geral, nem na forma de ser e de pensar da maioria que não é daqui, por nascimento ou por adoção.

Conta a historia que uma comissão de joinvilenses ilustres se deslocou a capital do estado, para manifestar sua posição contraria a criação do município, entendiam que o modelo de administração da Colônia Dona Francisca era melhor, mais econômico e que promover Joinville a categoria de município aumentaria os custos e reduziria a sua autonomia e capacidade de gestão.

Os joinvilenses com o seu espírito indômito, acreditam que a gestão publica é menos eficiente, que a feita diretamente pela sociedade. Os bombeiros voluntários são um destes exemplos que irrita profundamente alguns setores públicos, uma mostra constante de uma estrutura enxuta e eficiente, centenas de vezes mais econômica que as suas congêneres militares. As instituições que agrupadas sob o guarda-chuva da AJOS, prestam diariamente serviços de apoio aos mais necessitados, são outra mostra de como o modelo joinvilense pela sua eficiência e solidariedade, incomoda. Ao evidenciar a ineficiência de outros modelos, que não valorizam o trabalho voluntario.

A participação ativa nos espaços de dialogo entre sociedade e poder publico, como nas reuniões do Orçamento Participativo e nas Câmaras Técnicas do Conselho da Cidade, são mostras recentes de como o joinvilense não perdeu o seu espírito, a sua forma de ser, a vontade de participar, de contribuir, de se envolver. E isto incomoda cada vez mais. Porque evidencia uma e mil vezes, como a sociedade sabe fazer, sabe o que quer, sabe o que é melhor para ela e com a sua participação ativa legitima e defende as suas posições.

Este espírito solidário e participativo permanece vivo em cada associação de moradores, em cada clube, em cada stammtisch, nas centenas de associações que apóiam e promovem o cultivo de orquídeas, o amor a natureza, a pratica do esporte, a solidariedade e formam uma sociedade forte e orgulhosa que incomoda aos que não conseguem interpretar este jeito joinvilense de ser, ao mesmo tempo indômito e solidário, reservado e hospitaleiro, independente e companheiro.

Publicado no jornal A Noticia