Finalmente entendi porque essa fúria dendricida. Obrigado Rubem Alves
JARDIM DO CASTELO: Aconteceu no ano de 2003..
A praça do Castelo era um refrigério para a alma, um jardim com árvores,
sombras, pássaros e bancos. Lugar fresco e amigo que convidava as crianças, os
namorados, os cansados…
Mas naquele dia, ao olhar para a praça levei
um susto. Havia homens com serras e machados (certamente obedecendo ordens de
autoridades que não gostam de árvores; árvores são um problema, exigem cuidados
e as flores e folhas sujam o chão…) – estavam cortando todas as árvores daquele
paraíso… Imaginei que a ordem deveria ter partido de um louco. Lembrei-me de um
prefeito do estado de Goiás – foi o que me disseram – que iniciou uma campanha
para que se cortassem as árvores na sua cidade porque árvores eram sinal de
atraso. Será que ele havia se mudado para Campinas? Sai por ali à procura de
esclarecimentos. Mas ninguém me explicou, ninguém me disse o que iria ser
colocado no lugar das árvores. Fiquei sabendo semanas depois: uma praça feita
de pedras e cimento, sem árvores, sem flores, sem verde, bruta, deserta, sem
pássaros e sem crianças mas construída segundo perfeições geométricas.
Ao ver a praça lembrei-me do Niemeyer. O
Niemeyer detesta árvores. Ele ama formas geométricas perfeitas por sua beleza
imóvel. A beleza imóvel é eterna. Não está sujeita às transformações do tempo.
Como as pirâmides e as esculturas de pedra e ferro. Uma vez construídas elas
atravessam os séculos. Mas o preço que se pega pela eternidade das formas é que
elas têm de estar mortas. Creio que, se ele pudesse, faria árvores de cimento.
Mas agora – o Correio Popular publicou
(5/11/11) – cuida-se de substituir a geometria pelo imprevisível da vida. Pode
até ser que plantem nela um caquizeiro..
Rubem Alves
Jordi, retomando a leitura do Rubem, encontrei um sobre o Niemeyer "As Duas Frigideiras". Complementa a visão dele. E achei tão convergente porque num outro ele diz que quer ser cremado (fiquei pensando sobre a nova grande discussão da província, sobre um crematório na cidade) e que suas cinzas sejam enterradas debaixo de um caquizeiro. As questões de atraso, lembranças de Joinville, insegurança e afins foi minha insônia da noite passada.
ResponderExcluirJoinville é linda... Repleta de áreas verdes... O verde é e sempre será a cara da minha cidade. Aqui sempre se cultivou o habito de plantá-las... Minha Joinville é verde. Amo!!
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