Excesso de Currículo
Recentemente um jornal publicou a entrevista com um destacado membro do governo municipal. Boa parte do espaço estava dedicado ao detalhado currículo do entrevistado. Impressionante. Sem duvida ninguém poderia questionar um currículo como aquele. Na nossa sociedade nos encontramos mais e mais com casos como aquele, um caso de excesso de currículo.
As nossas universidades estão cada vez mais lotadas de profissionais que sofrem de excesso de currículo, mestres, doutores, pós-doutores e outros títulos de importância e destaque semelhante que precedem o nome do individuo e que servem para esconder uma realidade diferente da que poderíamos imaginar. Sob estes currículos formidáveis se escondem, também, biografias menos brilhantes, gente que nunca elaborou um projeto, construiu uma obra, nem produziu nada de concreto. Que nunca conseguiria sobreviver no mundo real e vive isolada no seu mundo teórico, irreal e fantasioso.
Profissionais que dificilmente conseguiriam emprego no duro mundo da iniciativa privada sobrevivem e florescem exclusivamente no mundo acadêmico, ministrando aulas em que falam com propriedade e mostrando uma firmeza e conhecimento que poucas vezes encontra paralelo no mundo exterior. Aquele formado por orçamentos, concorrentes, clientes e pela realidade do mercado. Estes profissionais de laboratório, não são perigosos quando circunscritos ao âmbito fechado e protegido de universidades e centros de pesquisa. Mas podem ser letais para a sociedade quando confrontados com a realidade e com os interesses do mercado e os desejos da sociedade para os que não foram preparados.
Nestes casos a prepotência, dos que acreditam ser superiores aos demais mortais, os leva a ignorar e desprezar a sabedoria popular e as opiniões e comentários dos leigos que formam a sociedade. A mesma prepotência que os impede, não só de escutar, mas principalmente de aprender. A dificuldade em aprender aquilo que acreditamos que já sabemos faz destes mestres e doutores, verdadeiros buracos negros de conhecimento, que sugam toda a energia positiva em volta deles, na sua ânsia irrefreável de brilhar mais que o seu entorno e os converte em toscos pedaços de carvão opaco, prejudiciais para a sociedade que os mantêm e os tem conduzido a este excesso de currículo que os faz inúteis e perigosos.
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