A paisagem urbana
Com tempo e resignação acabamos nos acostumando a tudo. Numa sociedade como a nossa, que sobre valora a tecnologia, falar de paisagem urbana deve parecer um estetismo inútil. Para muitos não tem nada mais harmônico que o alinhamento perfeito de dezenas de edifícios cinzentos, emoldurados pelo colorido berrante de placas de publicidade.
A paisagem, seja ela natural ou urbana, tem se convertido numa visão utópica de uma realidade que para cada um é distinta. Os princípios básicos da escala, a proporção e a perspectiva têm desaparecido de Joinville e nada mais impede que uma singela residência de enxaimel coexista lado a lado com um edifício de estilo e arquitetura indefinida. A paisagem urbana é uma paisagem imaginaria e aos poucos a paisagem natural, também esta se convertendo numa ficção. Para reproduzir a imagem de uma paisagem, não poucas vezes é preciso recorrer a técnicas de iluminação ou de enfoque, para obter o resultado que só existe no nosso inconsciente.
Da mesma forma na cidade, estamos nos acostumando e por tanto a aceitar esta paisagem confusa, suja, grafitada e barulhenta. Perdemos aos poucos primeiro e cada vez mais rapidamente quaisquer referencia da paisagem, como elemento que confere a uma cidade uma identidade visual e uma referencia com a que nos identificamos. As sociedades que alcançaram antes que a nossa, este elevado nível de desestruturação do entorno urbano, dedicam hoje um esforço considerável para recuperar o que foi perdido. Não poucas vezes a técnica se coloca ao serviço de criar uma paisagem, que recria de forma totalmente artificial, uma realidade que só existe no nosso imaginário.
Uma vez perdidas as referencias, a paisagem de Joinville será a de uma cidade amorfa, sem personalidade, anódina. Poderão ser feitos esforços e alocados recursos públicos para criar uma disneylândia urbana. colocando lado a lado, algumas casas de enxaimel, construções enxaimeloides e vestígios de uma historia irremediavelmente perdida para sempre.
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