Figueiras
Em “As Caçadas de Pedrinho”, Monteiro Lobato cria um cenário em que a burocracia do governo vem ao Sítio do Picapau Amarelo capturar um rinoceronte – o Quindim – que apareceu por lá. É uma sátira de como o “burocratoparasitismo” age. Para capturar um rinoceronte, que nem precisa ser capturado, a burocracia constrói uma babel.
Em Joinville, que não tem rinoceronte – mas tem burocracia pública –, há uma linha de figueiras na margem do rio Cachoeira. As raízes causaram um buraco no asfalto da avenida ao lado. A Prefeitura, ao invés de consertar o asfalto, quis cortar todas as árvores.
Apareceu também um tubo de gás da SC Gas que, segundo alguns, pode explodir se for rompido pelas raízes das figueiras.
Diga-se: as figueiras já estavam lá quando colocaram a tubulação e o buraco causado no asfalto pelas raízes é o único que mereceu sinalização entre os milhares de buracos que há nas ruas da cidade.
A solução seria simples. Se uma árvore traz perigo à tubulação de gás, o responsável pela tubulação só precisaria pedir autorização para cortá-la.
A lei prevê, a Fundema atende, é caso corriqueiro. E a Prefeitura, se tivesse mesmo interesse em manter a rua em boas condições, já teria consertado o asfalto – enquanto não corta a árvore responsável pelo dano.
Mas a burocracia precisa ocupar o tempo e assim a novela vai em frente. Vamos ver onde a garça vai pousar. Tudo leva a crer na existência de um plano de revitalização do trecho de rio, aqueles projetos que custam consultorias, muito cimento, assessorias e tudo mais que caracteriza a obra pública no Brasil.
Milton Wendel
Joinville
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