13 de março de 2008

Parecer Técnico apresentado pela AJECI e o CEAJ, com relação a situação do talude da rua Herman August Lepper


No dia 12 de março a AJECI e o CEAJ encaminharam a comunidade a Nota Tecnica, que transcrevemos a continuação.

Algumas anotações ( em vermelho) a esta Nota Tecnica acompanham o texto original, que esta em azul e italico, para facilitar a comprensão.

A Associação Joinvilense de Engenheiros Civis (AJECI) e o Centro de Engenheiros de
Joinville (CEAJ) acompanhou nos dois últimos meses uma série de discussões tornada a público pela imprensa local com relação à preservação das árvores que se encontram na margem esquerda do Rio Cachoeira. ( A Nota Tecnica, tem como objetivo anunciado posicionar a sociedade, sobre a preservação das arvores, de acordo com o enunciado em negrito ) Trata-se mais precisamente da Rua Hermann Augusto Lepper entre as ruas Princesa Izabel (ponte metálica azul) e a Rua Dona Francisca. Várias opiniões foram relatadas pela imprensa em oposição e a favor do corte das mesmas.
Membros da AJECI e do CEAJ, motivados pela discussão, efetuaram uma visita ao local com o objetivo de analisar a questão sob o ponto de vista técnico. No trecho em questão foram observados alguns pontos onde o pavimento apresenta trincas em forma de semicírculo, típicas de uma situação de instabilidade de talude, indicando movimentação.
Corroborando os indícios evidenciados pelas trincas foram observadas árvores com seus troncos inclinados no sentido do rio, e dois pontos (duas árvores) que já deslizaram, confirmando a situação instável. Com base nestas evidências, conclui-se que o maciço de
solo é instável e que pode a qualquer momento apresentar novas movimentações. Na opinião dos técnicos que analisaram o assunto, nenhum engenheiro irá assegurar mediante uma Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) que o talude é estável, e assegurar que não irão ocorrer novos deslizamentos. Qualquer solução a ser adotada para a questão implica inevitavelmente na estabilização do talude.
As associações alertam ainda para o fato de que junto ao alinhamento das árvores, a cerca de um metro e meio das mesmas passa a tubulação da SC gás. Uma ruptura do maciço poderá provocar a ruptura desta tubulação. ( é importante lembrar que a instalação da tubulação de aço de SC Gas, foi instalada com posterioridade ao plantio das arvores, por tanto, deve ser avaliado porque foi autorizada a instalação da citada tubulação tão perto das arvores, que ja existiam no local, quem autorizou?) Esta ruptura poderá ter conseqüências desastrosas para o local sendo que o corte do abastecimento dos usuários que ficam na continuidade da tubulação será a menor das conseqüências.
A imprensa também levantou questões quanto ao tipo de árvore ali existente. Este aspecto não foi abordado, ( se o objetivo do parecer era um posicionamento sobre a preservação das arvores, este aspecto e todos os demais relativos as arvores deveriam ser abordados) pois nos ativemos mais na estabilidade do talude em questão. Sabe-se apenas que são árvores agressivas e de rápido crescimento das raízes e que causam além de entupimento de tubulações também degradação de pavimentos e calçadas. Técnicos pertencentes às Associações acompanharam situações onde tubulações de água pluvial e esgoto, localizadas próximas ao mesmo tipo de árvore plantada na Rua Hermann Augusto Lepper, apresentavam-se totalmente obstruídas pelas raízes.
Com relação à massa introduzida pelas árvores sobre o talude sabe-se que esta é prejudicial à estabilidade.
Finalizando, é importante ressaltar que para a verificação da estabilidade real do talude da margem do Rio Cachoeira e junto a Rua Hermann Augusto Lepper têm-se a necessidade de se efetuar uma investigação geotécnica com vistas a se definir as propriedades do solo local. Adicionalmente, efetuar um levantamento plani-altimétrico para daí ter condições de calcular a estabilidade do talude e tecer conclusões. ( Esplicitamente as conclusões ficaram para depois de realizados os estudos referidos, pelo que a Folha Tecnica, não pode ser considerada um documento conclusivo e não se posiciona sobre a necesidade ou não do corte das arvores.)

Ainda e para maior esclarecimento, reproduzimos as colocações do Arquiteto e Urbanista Sérgio Gollnick

O preâmbulo da Nota Técnica fala sobre a polêmica das árvores (grifado no texto). Depois o texto cita a tubulação de gás que está a um metro e meio das árvores e na continuação afirma que a ruptura do talude poderá provocar também a ruptura das tubulações de gás. Claramente não afirma que as árvores seriam as responsáveis pelo possível dano.
O texto afirma taxativamente que nos aspectos avaliados pela AJECI e CEAJ não foram abordadas as árvores, ou seja, não existe nenhum pronunciamento explícito nem sequer sugestivo sobre o corte ou retirada das figueiras.
Finalmente, a preocupação das entidades limitou-se ao talude e, não existe um parecer definitivo sem que antes se façam avaliações e investigações técnicas mais profundas. Perfeito!
Observações
  • Foi um erro de projeto colocar a tubulação de gás naquele lugar (próximo a um talude e das raízes das árvores que já estavam lá);
  • Quem foi o responsável pela análise do projeto e pela cessão do alvará para a SC Gás?;
  • Se a Prefeitura não recuperar os meio-fios que contém as águas superficiais que tem por função encaminha-las ao sistema de drenagem, teremos uma ação constante da água sobre o talude e sabemos bem que tipo de resultado isto trará (erosão + infiltração=ruptura). A situação de escorregamento recente é resultante de falta de manutenção e cuidado com o patrimônio público;
  • 90% do talude pode ser considerado estável pois não se percebem indícios de ruptura na maior parte do trecho e onde eles ocorrem há indícios visíveis de falta de manutenção da via que não recebe as correções necessárias;
  • A grande maioria dos taludes do rio cachoeira, que ainda são naturais, tem declividade muito semelhantes a do local ou até mais acentuada que a da Av. Herman Lepper;
  • A vegetação bem como as raízes das árvores sempre foram utilizadas como medidas corretas e de baixo custo para a estabilização de taludes. Porque neste caso elas estão sendo condenadas?
  • Alguns outros elementos externos tem contribuído para a desestabilização ou adensamento da via. como por exemplo o excesso de tráfego próximo ao talude bem como a falta de um dimensionamento adequado no projeto viário;
  • Existem em Joinville mais de 5.000 arvores que causam danos ao patrimônio público e privado, que colocam em risco pedestres, que impedem a acessibilidade universal, dentre outros problemas maiores ou menores. Como podemos avaliar então as prioridades?
Certamente, a engenharia e a boa técnica permitem oferecerem-se soluções que podem salvar as árvores, proteger a tubulação de gás, estabilizar ou conter o talude e ainda oferecer a oportunidade do uso daquele espaço para a contemplação, se estiver dentro dos propósitos.
Portanto, o assunto requer muito mais profundidade até que se condenem as árvores ou se avalize qualquer projeto.
Sérgio Gollnick
Arquiteto


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